Atualização Oriente Médio 03/12:
Milícias iraquianas apoiadas pelo Irã, como Kataib Hezbollah, Organização Badr e Harakat Hezbollah al Nujaba, se deslocaram para o norte da Síria para apoiar o regime de Bashar al Assad contra a ofensiva de forças de oposição. Esse movimento reflete o alinhamento contínuo entre Teerã e Damasco, com o Irã utilizando milícias como ferramenta de projeção de poder na região. Fontes locais indicam que os combatentes cruzaram a fronteira no início de dezembro via Albu Kamal, enquanto outras alegações sugerem que essas forças foram reposicionadas dentro da Síria, vindas de áreas como Palmira e Deir ez Zor. Embora oficialmente subordinadas ao governo iraquiano como parte das Forças de Mobilização Popular (PMF), muitas dessas milícias respondem diretamente a Teerã.
O Hezbollah libanês, historicamente uma força crucial em apoio ao regime de Assad, não mobilizou combatentes para esta nova fase do conflito sírio. A organização enfrenta desafios enormes após uma campanha israelense que degradou suas capacidades logísticas e de comando no sul do Líbano. A prioridade atual do Hezbollah parece ser a regeneração e reorganização de suas forças, o que dificulta o envio de contingentes significativos para a Síria.
Ainda assim, a pressão para proteger linhas de comunicação vitais entre o Irã e o Líbano, via Homs, coloca o Hezbollah em uma posição delicada. Embora até o momento não haja sinais de que forças pró-regime tenham solicitado a participação do Hezbollah.
As forças de oposição, lideradas pela Fateh Mubin, enfrentam agora maior resistência do Exército Árabe Sírio (SAA) ao norte de Hama. Este avanço rebelde, iniciado em novembro, provocou uma reação coordenada, com reforços do regime sendo enviados para Hama e bombardeios aéreos atingindo áreas controladas pela oposição em Idlib e Aleppo. A intensidade dos combates sugere que o regime busca impedir qualquer progresso adicional que ameace o coração de suas operações.
Enquanto isso, o Exército Nacional Sírio, apoiado pela Turquia, capturou localidades estratégicas ao norte de Aleppo, incluindo Tel Rifat, mas agora praticamente está travado. Essa força permanece essencial para os interesses turcos na região, enquanto negociações entre a oposição e os curdos permitiram a evacuação de civis de áreas em conflito.
Apenas ontem as forças pró-Assad, recuperaram enormes partes do terreno perdido com muito mais facilidade do que o esperado. O que confirma a tese de que os insurgentes no ataque surpresa acabaram se espalhando demais, muito além da sua capacidade logística.
E também, sem suporte aéreo e capacidades anti-aéreas maiores, a "Blitzkrieg" insurgente tem tudo para dar errado.
Os insurgentes até capturaram muitas peças de aviação do governo sírio, mas provavelmente não usarão.
O mesmo talvez se aplique a dispositivos anti-aéreos que eles capturaram e que foram confirmados, como S-125, caso os rebeldes não saibam operar. Mas caso consigam, poderão neutralizar o suporte aéreo russo na região.
O Irã tem trabalhado ativamente com a Rússia e a Síria para coordenar uma resposta à ofensiva rebelde. As conversas entre Teerã, Moscou e Doha reforçam a narrativa iraniana de combate ao "terrorismo", enquanto a Turquia mantém sua oposição a Assad, defendendo demandas legítimas para a oposição síria. Essas divergências entre o Irã e a Turquia podem gerar tensões adicionais, uma vez que ambos buscam preservar seus interesses estratégicos na Síria.
Do outro lado, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan prioriza a segurança nacional, temendo que o colapso de seus aliados na Síria possa intensificar fluxos de refugiados e fortalecer milícias curdas.
A operação insurgente, de um grande trunfo, pode se tornar um pesadelo para Erdogan.