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11 Jan, 01:18


*Dia 10 de janeiro. Vida pobre que Jesus começou a levar desde o seu nascimento*

_Propter vos egenus factus est, cum esset dives, ut illius inopia vos divites essetis_ - "Sendo rico, se fez pobre por vosso amor, a fim de que vós fosseis ricos pela sua pobreza" (2Cor 8, 9)

Sumário. _Se Jesus tivesse nascido em Nazaré, teria nascido pobre, sim; mas ao menos num quarto asseado e sem umidade, com um pouco de lume, paninhos aquecidos e um bercinho mais cômodo. Mas não; Jesus quis nascer naquela gruta fria e sem lume; quis que uma manjedoura lhe servisse de berço e um pouco de palha Lhe fosse colchão, a fim de padecer mais e ensinar-nos a santa pobreza. Aproveitemo-nos da lição e lembremo-nos de que, quem ama as comodidades, nunca será santo._

I. Deus dispôs que no tempo em que seu Filho devia nascer na terra, fosse lançada a ordem do imperador, que cada um fosse alistar-se na cidade da sua origem. E assim aconteceu que, de conformidade com o édito de César, São José tivesse de ir, com a sua santa Esposa, a Belém para ser alistado. Chegou então a hora do parto de Maria, que, por não achar acolhida em nenhuma outra casa, nem mesmo na hospedaria comum dos pobres, viu-se obrigada a passar a noite em uma gruta, e ali deu à luz o Rei do céu. Se Jesus tivesse nascido em Nazaré, teria nascido pobre, sim; mas ao menos teria tido um quarto asseado e sem umidade, um pouco de lume, paninhos aquecidos e um bercinho mais cômodo. Quis, porém, nascer naquela gruta fria e sem lume; quis que uma manjedoura lhe servisse de berço e um pouco de palha dura lhe fosse colchão.

Entremos na lapinha de Belém, mas entremos com fé. Se entrarmos sem fé, acharemos apenas uma criança pobre, que excita a nossa compaixão pela sua formosura amável, que está tiritando e chorando por causa do frio e da palha pungente. Se, ao contrário, entrarmos com fé e pensarmos que aquele Menino é o Filho de Deus, que por nosso amor veio à terra e sofre tanto para satisfazer pelos nossos pecados, como poderemos deixar de Lhe agradecer e de O amar?

II. Ó meu dulcíssimo Menino Jesus, como é possível, que, sabendo o que por meu amor padecestes, Vos tenha sido tão ingrato e causado tão graves desgostos? As lágrimas que derramastes e a pobreza que por meu amor escolhestes, me fazem esperar o perdão das injúrias que Vos tenho feito. Pesa-me, ó Jesus meu, de Vos ter virado as costas tantas vezes e amo-Vos sobre todas as coisas. _Deus meus et omnia - "Meu Deus e meu tudo"_. Meu Jesus, se em outros tempos meu coração se afeiçoou aos bens da terra, de hoje em diante Vós sereis o meu único tesouro. Ó Deus de minha alma, Vós sois um bem infinitamente mais estimável que qualquer outro bem. Vós sois digno de um amor infinito: amo-Vos e estimo-Vos mais do que todas as outras coisas, mais do que a mim mesmo. Vós sois o único objeto de todo o meu amor. Não desejo mais nada deste mundo; mas se pudesse ter um desejo, seria o de possuir todos os tesouros e todos os reinos da terra, a fim de me abdicar e me privar deles por vosso amor.

Vinde, ó meu Amor, vinde destruir em mim todos os afetos que não são para Vós. Fazei para o futuro que não olhe senão para Vós, não pense senão em Vós, não suspire senão por Vós. Tomara eu que o amor, que Vos levou a fazer-Vos criança e a morrer por mim, me faça morrer a todas as minhas inclinações, para não amar senão a vossa bondade infinita e para não desejar senão a vossa graça e o vosso amor. Meu amado Redentor, quando serei todo vosso, assim como Vós sois todo meu se eu o quero? Eu nem sequer sei como me dar convenientemente a Vós; por piedade, apoderai-Vos de mim, e fazei que eu viva tão somente para agradar-Vos. Espero tudo pelos merecimentos de vosso sangue, ó Jesus, e da vossa intercessão, ó minha querida Mãe Maria. 

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09 Jan, 16:13


*Dia 09 de janeiro. Misericórdia de Deus em baixar do céu para nos salvar com a sua morte*

_Benignitas et humanitas apparuit Salvatoris nostri Dei_ - "Apareceu a benignidade e o amor de Deus nosso Salvador" (Tt 3, 4)

Sumário. _Antes da vinda de Jesus Cristo, manifestou-se o poder de Deus na criação do mundo, a sabedoria divina manifestou-se na sua conservação; a misericórdia, porém, manifestou-se particularmente, quando Jesus tomou a natureza humana a fim de salvar, pelos seus padecimentos e morte, os homens perdidos. Com efeito, de que misericórdia maior podia o Filho de Deus usar para conosco do que tomando sobre si os castigos por nós merecidos? E, apesar disso, quantos pecadores há que não voltam a Deus por desconfiança da sua bondade!_

I. Quando o Filho de Deus apareceu sobre a terra, viu-se quão grande é a bondade de Deus para conosco. Escreve São Bernardo, que primeiro se manifestou o poder de Deus em criar o mundo, a sua sabedoria em conservá-lo; mas a sua misericórdia manifestou-se, particularmente, quando o Filho de Deus tomou a natureza humana, a fim de salvar, pelos seus padecimentos e morte, os homens perdidos. Com efeito, que maior misericórdia podia o Filho de Deus mostrar-nos do que tomando sobre si os castigos por nós merecidos? Ei-lo nascido como criança, fraco e envolto em panos, deitado numa manjedoura, como que impossibilitado de mover-se e alimentar-se. É mister que Maria lhe dê um pouco de leite para lhe sustentar a vida. Vede-o depois no pretório de Pilatos, onde é preso a uma coluna com cordas, de que não podia livrar-se e açoitado da cabeça aos pés. Vede-o no caminho ao Calvário, onde pela extrema fraqueza e pelo peso da cruz que carrega, cai repetidas vezes por terra. Vede-o, finalmente, pregado no infame lenho, sobre o qual termina a vida à força de sofrimentos.

Pelo amor que nos teve, Jesus Cristo quer ganhar todo o amor dos nossos corações. Por isso, não quer enviar um anjo para nos remir, senão quer vir Ele mesmo para nos salvar com a sua Paixão. Se um anjo houvera sido nosso Redentor, o homem deveria dividir o seu coração, amando a Deus como seu Criador, e ao anjo como seu Redentor. Mas Deus, que quis possuir o coração do homem todo inteiro, assim como já era Criador do homem, quis também ser seu Redentor.

II. Ó meu amado Redentor! Onde estaria eu neste momento, se não me tivésseis suportado com tamanha paciência, e se me tivésseis deixado morrer quando me achava em estado de pecado? Já que me esperastes até agora, ó meu Jesus, perdoai-me, antes que me surpreenda a morte, réu qual sou de tantas ofensas que Vos tenho feito. Ah! Meu Deus, ai de mim, se para o futuro não Vos fosse fiel e, depois de tantas luzes recebidas, tornasse a trair-Vos! Estas luzes são o penhor de que quereis perdoar-me. Pesa-me, ó meu Bem supremo, de Vos ter injuriado tantas vezes e de Vos ter ofendido, a Vós que sois a bondade infinita. Confio em vosso Sangue para obter o perdão, e espero com segurança obtê-lo. Mas se tornasse a virar-Vos as costas, mereceria um inferno feito especialmente para mim.

Todavia, é isto o que me faz temer, ó Deus de minha alma. Posso tornar a perder a vossa graça. Sei que repetidas vezes Vos tenho prometido fidelidade, e cada vez me revoltei novamente contra Vós. Ah! Senhor, não o permitais, não me deixeis cair na grande desgraça de me fazer outra vez vosso inimigo. Enviai-me qualquer castigo que quiserdes, mas não este: _"Não permitais que me afaste de Vós" - Ne permittas me separari a te_. Se virdes que jamais tenha ainda de ofender-Vos, deixai-me antes morrer. De boa vontade aceito a morte mais dolorosa, antes que ter de lamentar a miséria de mais uma vez me ver privado de vossa graça!

_Ne permittas me separari a te - "Não permitais que me afaste de Vós"_. Repito-o, ó meu Deus, e fazei que o repita sempre: Não permitais que me afaste de Vós. Amo-Vos, ó meu amado Redentor; não quero mais separar-me de Vós. Pelos merecimentos da vossa morte, dai-me um grande amor, que me una tão fortemente a Vós, que eu não possa mais separar-me do vosso Coração.

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09 Jan, 16:13


Ó Maria, minha Mãe, se eu tornar ainda a ofender meu Deus, temo que vós também me hajais de abandonar. Ajudai-me, pois, com as vossas orações; alcançai-me a santa perseverança e o amor de Jesus Cristo.

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09 Jan, 09:23


♰ LITURGIA TRADICIONAL -- MEDITAÇÕES DIÁRIAS ♰ pinned «Salve Maria. Eu sou o novo adm mencionado e mantenho as mensagens de meditações diárias. Estou um pouco cansado e quase esquecendo de postar todo dia a leitura que faço no livro. Não parece, mas leva um tempo pra transcrever todos os dias. Acho que vou continuar…»

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08 Jan, 19:49


Salve Maria. Eu sou o novo adm mencionado e mantenho as mensagens de meditações diárias. Estou um pouco cansado e quase esquecendo de postar todo dia a leitura que faço no livro. Não parece, mas leva um tempo pra transcrever todos os dias. Acho que vou continuar postando, enquanto eu lembrar, mas considerem comprar o livro. Eu não ganho nada por essa indicação. A edição que eu uso é a seguinte:

Afonso Maria de Ligório, Santo, 1696-1787.
Meditações para todos os dias e festas do ano: tomo único / Santo Afonso Maria de Ligório; organizador Pe. Thiago Maria Cristina, C.Ss.R.; versão portuguesa Pe. João de Jong, C.Ss.R. - 2.ed. - Anápolis, GO: Ed. Magnificat e Ed. Realeza, 2023.
1150 p. : 14x21 cm

Título original: Opere Ascetiche di Sant'Alfonso Maria de Liguori

ISBN 978-65-80449-71-2

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08 Jan, 19:45


*Dia 08 de janeiro. Da vida humilde e desprezada que Jesus levou desde a meninice*

_Et hoc vobis signum: invenietis infantem, pannis involutum, et positum in praesepio_ - "E este é o sinal que vo-lo fará conhecer: achareis um menino envolto em panos e posto em uma manjedoura" (Lc 2, 12)

Sumário. _Todos os sinais que o Anjo deu aos pastores para acharem o Messias nascido foram sinais de humildade. O sinal pelo qual o reconhecereis, disse-lhes, é que achareis um menino, envolto em pobres paninhos, numa estrebaria, e deitado sobre a palha numa manjedoura de animais. Assim quis nascer o Rei do céu, porque veio para destruir o orgulho, a causa da perdição do homem. E apesar disso o homem continua orgulhoso e ambicioso._

I. Todos os sinais que o Anjo deu aos pastores para acharem o Salvador já nascido foram sinais de humildade. _Et hoc vobis signum: invenietis infantem, pannis involutum et positum in praesepio._ Eis o sinal para reconhecer o Messias nascido, disse o Anjo: achareis uma criança, envolta em pobres paninhos, numa estrebaria e deitada sobre a palha numa manjedoura de animais. Foi assim que quis nascer o Rei do céu, o Filho de Deus, porque vinha destruir o orgulho, que fora a causa da perdição do homem.

Os profetas já tinham predito que o nosso Redentor devia ser saciado de opróbrios e tratado como o homem mais vil do mundo. Quantos desprezos não teve Jesus de sofrer da parte dos homens! Foi qualificado de ébrio, de mágico, de blasfemo e de herege. E depois quantas ignomínias sofreu na sua Paixão! Foi abandonado por seus próprios discípulos, dos quais um O vendeu por trinta dinheiros, outro negou tê-Lo jamais conhecido. Foi levado pelas ruas preso e amarrado como um malfeitor, açoitado como um escravo, qualificado de insensato e de rei de burla; foi esbofeteado, coberto de escarros, e finalmente fizeram-No morrer suspenso numa cruz, em meio de dois ladrões, como se fosse o mais celerado dos homens. Assim, diz São Bernardo, o mais nobre de todos foi tratado como se fosse o mais vil de todos. Acrescenta, porém, o santo: _Quanto mihi vilior, tanto mihi carior_ - Ó meu Jesus, quanto mais humilhado e desprezado Vos vejo, tanto mais amável Vos fazeis amado.

II. Se quereis ser santo, esforçai-vos por imitar a vida humilde e desprezada de Jesus Cristo. Habituai-vos a antever de manhã tudo o que durante o dia possa contrariar o vosso amor-próprio, e disponde-vos a sofrê-lo em paz por amor de Jesus Cristo, que tem sofrido coisas mais graves por vosso amor. Seria de grande proveito praticardes o excelente conselho que o Pe. Torres dava a seus penitentes: _"Rezai todos os dias um Pai-Nosso e uma Ave-Maria em louvor da vida desprezada de Jesus Cristo, e oferecei-vos a sofrer não somente em paz, senão também com alegria, por amor d'Ele, todos os desprezos e contrariedades que vos queira enviar, pedindo ao mesmo tempo o auxílio para Lhe serdes fiel"._

Ó meu dulcíssimo Salvador, por meu amor abraçastes tantos desprezos, e eu não pude sofrer uma palavra injuriosa sem pensar logo em vingança! Eu que tantas vezes tenho merecido ser pisado aos pés dos demônios no inferno. Estou envergonhado de comparecer à vossa presença, pecador e orgulhoso como sou. Senhor, não me repilais da vossa presença, como tanto merecia. Dissestes que não desprezais um coração contrito e humilhado. Arrependo-me de todos os desgostos que Vos tenho causado. Perdoai-me, ó meu Jesus; não Vos quero mais ofender. Vós por meu amor sofrestes tantas injúrias, por amor de Vós quero também sofrer todas as injúrias que me serão feitas. Amo-Vos, ó meu Jesus, desprezado por minha causa, amo-Vos, meu Bem, acima de todo outro Bem. Ajudai-me a amar-Vos sempre e a sofrer todas as afrontas por vosso amor. Ó Maria, recomendai-me a vosso Filho, rogai a Jesus por mim.

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07 Jan, 22:42


*Dia 07 de janeiro. Jesus chora*

_Et lacrymatus est lesus_ - "E Jesus chorou" (Jo 11, 35)

Sumário. _O Menino Jesus chorava por duas razões. Em primeiro lugar chorava de compaixão para com os homens, que eram réus de morte eterna, e oferecia as suas lágrimas ao Eterno Pai, a fim de obter para eles o perdão. Chorava em segundo lugar de dor, vendo que, mesmo depois da Redenção tão grande número de pecadores continuariam a desprezar sua graça. Ah! Não agravemos mais as penas desse amabilíssimo Coração e consolemo-Lo, misturando as nossas lágrimas com as suas._

I. As lágrimas do Menino Jesus foram muito diferentes das que as outras crianças derramam quando nascem. Estas choram de dor, diz São Bernardo, mas Jesus não chora de dor, mas sim de compaixão para conosco, e de amor: _Illi ex passione lugent, Christus ex compassione_. Chorar alguém é sinal de grande amor. Por esta razão os judeus, ao verem o Salvador chorar a morte de Lázaro, diziam: _"Vede como o amava"_ - _Ecce quomodo amabat eum_ (Jo 11, 36). Da mesma forma os anjos, vendo as lágrimas de Jesus Menino, podiam dizer: Vede como nosso Deus ama os homens, pois por amor deles vemo-lo feito homem, feito criança, vemo-lo chorar.

Jesus chorava e oferecia as suas lágrimas ao Pai Eterno, para obter para nós o perdão dos nossos pecados. Aquelas lágrimas lavaram os meus crimes, dizia Santo Ambrósio - _Lacrymae illae mea delicta lavarunt._ Com seus vagidos e gemidos Jesus suplicava misericórdia por nós, que estávamos condenados à morte eterna, e aplacava a indignação de seu Pai. Quanto intercederam a nosso favor as lágrimas do divino Menino! Como aceitas foram de Deus! Foi então que Deus Pai mandou anunciar pelos anjos que já queria fazer a paz com os homens e recebê-los em sua graça. _Et in terra pax hominibus bonae voluntatis_ (Lc 2, 14) - _"Paz na terra ans homens de boa vontade"._

Jesus chora de amor, mas chora também de dor à vista de tão grande número de pecadores que, apesar de tantas lágrimas e de tanto sangue derramado para a salvação deles, não deixariam de desprezar a sua graça. Quem será tão cruel que, vendo um Deus Menino chorar as nossas culpas, não chore também e não deteste os pecados que tanto têm feito chorar o nosso amantíssimo Senhor? Ah! Não agravemos mais os padecimentos deste inocente Menino, mas consolemo-Lo misturando as nossas lágrimas com as suas. Ofereçamos a Deus as lágrimas de seu Filho, e roguemos-Lhe que pelos merecimentos delas nos perdoe.

II. Ó meu amado Menino Jesus, quando estáveis chorando na gruta de Belém, pensáveis em mim, porquanto o que Vos fazia chorar era a previsão dos meus pecados. É verdade, pois, ó meu Jesus, que, em vez de Vos consolar com o meu amor e a minha gratidão ao ver quanto tendes padecido pela minha salvação, agravei a vossa dor e a causa das vossas lágrimas. Se eu tivesse cometido menos pecados, teríeis chorado menos. Chorai, ó Jesus, chorai; reconheço que tendes motivo para chorar prevendo a grande ingratidão dos homens, depois do tão grande amor vosso. Mas, já que chorais, chorai também por mim; as vossas lágrimas são a minha esperança. Eu também choro os desgostos que Vos tenho dado, ó Redentor meu; abomino-os, detesto-os e deles me arrependo de todo o meu coração.

Deploro todos os dias e todas as noites infelizes que passei em vossa inimizade e privado da vossa graça; porém, ó meu Jesus, para que serviriam as minhas lágrimas sem as vossas?

Pai Eterno, ofereço-Vos as lágrimas de Jesus Menino; perdoai-me por amor delas. E Vós, ó meu amado Salvador, oferecei a vosso Pai todas as lágrimas que em vossa vida derramastes por mim, e fazei com que me seja propício. Peço-Vos também, Amor meu, que enterneçais com as vossas lágrimas o meu coração e o abraseis no vosso santo amor. Quem me dera que de hoje em diante Vos consolasse tanto com o meu amor, quanto Vos fiz sofrer com os meus pecados! Concedei-me, ó Senhor, que os dias de vida que ainda me restam, não sirvam mais para Vos dar novos desgostos, senão para chorar todos os que Vos tenho dado e para amar-Vos com todo o afeto da minha alma.

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07 Jan, 22:42


Ó Maria, rogo-vos pela terna compaixão que sentistes ao ver o Menino Jesus chorando, que me impetreis uma dor contínua das ofensas que eu ingrato tenho feito.

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05 Jan, 17:49


Fazei que eu me esqueça de todas as coisas, a fim de só pensar em Vós, que sempre pensastes em mim e na minha salvação. Fazei que Vos ame sempre nesta vida, a fim de que a minha alma, expirando unida convosco e em vossos braços, possa repousar eternamente em Vós sem receio de jamais Vos perder. Ó Maria, assisti-me na minha vida, assisti-me na hora da minha morte, para que Jesus sempre repouse em mim, e eu repouse sempre em Jesus.

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05 Jan, 17:49


*Dia 05 de janeiro. O sono de Jesus Menino*

_Ego dormio, et cor meum vigilat_ - "Eu durmo, e o meu coração vela" (Ct 5, 2)

Sumário. _O sono do Menino Jesus era muito diferente do das outras crianças. Enquanto dormia, seu Corpo, a Alma, unida à Pessoa do Verbo, velava. Desde então pensava nas penas que devia depois sofrer por nosso amor. Roguemos ao Santo Menino, pelo merecimento daquele bendito sono, que nos livre do sono mortal dos pecadores e, em vez disso, nos conceda o sono dos justos, pelo qual a alma perde a lembrança de todas as coisas terrestres._

I. O sono do Menino Jesus foi demasiadamente breve e doloroso. Servia-Lhe de berço uma manjedoura, a palha de colchão e de travesseiro. Assim o sono de Jesus foi muitas vezes interrompido pela dureza daquela caminha excessivamente dura e molesta, e pelo rigor do frio que reinava na gruta. De vez em quando, porém, a natureza sucumbia à necessidade e o Menino querido adormecia. Mas o sono de Jesus foi muito diferente do das outras crianças. O sono destas é útil à conservação da vida; não, porém, quanto às operações da alma, porque esta, privada do uso dos sentidos, fica reduzida à inatividade. Não foi assim o sono de Jesus Cristo: _Ego dormio et cor meum vigilat_. O Corpo repousava; velava, porém, a alma, que em Jesus era unida à Pessoa do Verbo, que não podia dormir nem ficar sopitada pela inatividade dos sentidos.

Dormia, pois, o santo Menino, mas enquanto dormia, pensava em todos os padecimentos que teria de sofrer por nosso amor, no correr de toda a sua vida e na hora da sua morte. Pensava nos trabalhos pelos quais havia de passar no Egito e em Nazaré, levando uma vida extremamente pobre e desprezada. Pensava particularmente nos açoites, nos espinhos, nas injúrias, na agonia e na morte desolada, que afinal devia padecer sobre a Cruz. Tudo isso Jesus oferecia ao Pai Eterno enquanto estava dormindo, a fim de obter para nós o perdão e a salvação. Assim nosso Salvador, durante o sono, estava merecendo por nós, reconciliava conosco seu Pai e alcançava-nos graças.

Roguemos agora a Jesus que, pelos merecimentos de seu beato sono, livre-nos do sono mortal dos pecadores, que dormem miseravelmente na morte do pecado, esquecidos de Deus e do seu amor. Peçamos-Lhe que nos dê, ao contrário, o sono feliz da sagrada Esposa, da qual dizia: Eu vos conjuro... que não perturbeis à minha amada o seu descanso, nem a façais despertar, até que ela mesma queira (Ct 2, 7). É este o sono que Deus dá às almas suas diletas, e que, no dizer de São Basílio, não é senão o supremo olvido de todas as coisas - _summa rerum omnium oblivio_. Então a alma olvida todas as coisas terrestres, para só pensar em Deus e nos interesses da glória divina.

II. Ó meu querido e santo Menino, Vós estais dormindo, mas esse vosso sono como me abrasa em amor! Para nós o sono é figura da morte; mas em Vós é símbolo de vida eterna, porque, enquanto repousais, estais merecendo para mim a eterna salvação. Estais dormindo, porém o vosso coração não dorme, senão pensa em padecer e morrer por mim. Durante o vosso sono rogais por mim e me impetrais de Deus o descanso eterno do Paraíso. Mas enquanto não me levardes, como espero, para repousar junto de Vós no Céu, quero que repouseis sempre em minha alma.

Houve um tempo, ó meu Deus, em que Vos expulsei da minha alma. Vós, porém, tanto batestes à porta do meu coração, ora por meio do temor, ora com luzes especiais, ora com convites amorosos, que tenho a esperança de que já entrastes nele. Assim espero, digo, porque sinto em mim uma grande confiança de que já me perdoastes. Sinto também uma grande aversão e arrependimento das ofensas que Vos tenho feito; um arrependimento que me causa grande dor, mas uma dor pacífica, uma dor que me consola e me faz esperar que a vossa bondade já me perdoou. Graças Vos dou, ó meu Jesus, e peço-Vos que não Vos aparteis mais da minha alma. Sei que Vós não Vos apartareis enquanto eu não Vos repulsar. É esta exatamente a graça que Vos peço e que, com vosso auxílio, espero pedir-Vos sempre: não permitais que torne a expulsar-Vos de meu coração.

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04 Jan, 16:58


Meu amado Redentor, concedei-me, Vo-lo peço, uma terna devoção à vossa santa infância, como a concedestes a tantas almas que com pensarem em Vós, ó Deus-Menino, se esqueciam de todas as coisas e, ao que parece, não pensavam em mais nada senão em Vos amar. Verdade é que elas são inocentes, e eu sou pecador; mas Vós Vos fizestes menino para Vos fazerdes amar também pelos pecadores. Pecador tenho sido; mas agora amo-Vos de todo o meu coração e nada mais desejo senão vosso amor. Ó Maria, concedei-me uma parte dessa ternura com que alimentastes a Jesus Menino.

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04 Jan, 16:58


*Dia 04 de janeiro. Jesus é alimentado*

_Quis mihi det te fratrem meum, sugentem ubera matris meae?_ - "Quem te dará a mim por irmão, que tomara o leite da minha mãe?" (Ct 8, 1)

Sumário. _Quando o Menino Jesus foi envolto em paninhos, suspirou pelo alimento da Virgem Maria, e tomando-o já pensava em como havia de mudá-lo naquele sangue com que deveria um dia resgatar as almas sobre a cruz e alimentar nelas a vida da graça pela Comunhão. Roguemos à divina Mãe que nos alimente com o leite de uma devoção terna e amorosa à Infância de Jesus._

I. Depois que o Menino Jesus foi envolto nas faixas, pediu por vagidos a alimentação de Maria. A esposa dos Cânticos desejava ver seu irmãozinho tomando o alimento maternal - _Quis mihi det te fratrem meum, sugentem ubera matris meae?_ Aquela esposa desejava-o, mas não foi atendida. Nós, ao contrário, temos a ventura de ver o Filho de Deus, feito homem e nosso irmãozinho, pedir a Maria o alimento próprio da sua idade. Que espetáculo era para o Paraíso ver o Verbo divino feito criança, nutrir-se com o leite que lhe oferecia uma virgenzinha, sua criatura! Aquele que nutre todos os homens e todos os animais da terra, ei-lo reduzido a tal estado de fraqueza e de pobreza, que precisa de um pouco de leite para sustentar a vida. Sóror Paula Camaldulense, ao contemplar uma imagem de Jesus tomando leite, sentia cada vez o coração abrasado de terníssimo amor para com Deus.

Jesus, porém, alimentava-se poucas vezes por dia, e cada vez em pequena quantidade. Foi revelado à Sóror Mariana, da ordem franciscana, que Maria Santíssima alimentava o Filho só três vezes cada dia. Ah! Como foi precioso para nós aquele leite que nas veias de Jesus Cristo devia mudar-se em sangue e assim preparar um banho salutar, no qual pudéssemos lavar as nossas almas! Ponderemos ainda que Jesus tomava o leite a fim de nutrir este corpo que queria deixar-nos como nosso alimento na santa Comunhão. O meu pequenino Redentor, enquanto tomais alimento, estais pensando em mim; pensais em como aquele leite se transformará no sangue que um dia derramareis antes de morrer, a fim de resgatar por tão alto preço a minha alma e alimentá-la com o Santíssimo Sacramento, que é o leite salutar por meio do qual o Senhor conserva as nossas almas na vida da graça. _Lac vestrum Christus est_, diz Santo Agostinho, _o vosso leite é Jesus Cristo_.

Ó meu amado Menino, ó Jesus meu, permiti que eu também exclame com a mulher do Evangelho: _Beatus venter qui te portavit, et ubera quae suxisti_ (Lc 11,27) - _"Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos a que foste criado"_. Bem-aventurada sois vós, ó divina Mãe por terdes tido a sorte feliz de alimentardes o Verbo encarnado. Por piedade: admiti-me, em companhia do vosso divino Filho, a receber de vós o leite de uma devoção terna e amorosa à infância de Jesus e a vós, minha amadíssima Mãe.

II. Ó dulcíssimo e amabilíssimo Jesus Menino! Vós sois o Pão do céu, que sustenta aos anjos; Vós dispensais alimentos a todas as criaturas. Como é, pois, que estais reduzido à necessidade de pedir a uma virgenzinha um pouco de leite para sustentardes a vida? Ó amor divino! Como pudestes reduzir um Deus a tal estado de pobreza, que precisa pedir algum alimento? Mas já Vos entendo, ó meu Jesus: nessa gruta aceitais o leite de Maria a fim de mudá-lo em vosso sangue, e oferecê-lo um dia a Deus como sacrifício em satisfação pelos nossos pecados. Ó Maria, continuai a alimentar o vosso Filho, porque cada gota desse leite servirá para limpar a minha alma das suas culpas, e a nutri-la depois na santa Comunhão. Ó meu Redentor, como poderá deixar de Vos amar aquele que crê tudo que tendes feito e padecido pela nossa salvação? E eu, como me foi possível saber tudo isso e ser-Vos tão ingrato?

Mas, a vossa bondade é a minha esperança, porque me ensina que basta querer a vossa graça para obtê-la. Pesa-me, ó meu supremo Bem, de Vos ter ofendido e amo-Vos sobre todas as coisas. Ou, para dizer melhor, não amo nada senão a Vós, e só a Vós quero amar. Vós sois e sereis sempre o meu único bem, o meu único amor.

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03 Jan, 21:11


Ó meu Salvador, para pagar o que eu estava devendo, quisestes não somente Vos deixar enfaixar por Maria, mas também permitistes que os algozes Vos ligassem como a um réu, e assim ligado Vos levassem pelas ruas de Jerusalém, para ser conduzido à morte, como um cordeiro que vai ao matadouro; quisestes ser pregado na cruz, e não a deixastes senão depois de deixardes de viver! Não permitais que ainda me separe de Vós, e assim fique outra vez privado da vossa graça e do vosso amor.

Ó Maria, vós que um dia ligastes com as faixas vosso Filho inocente, ligai-me agora a vosso Jesus, a mim pecador, a fim de que não me afaste mais de seus pés, e um dia chegue a ter a ventura de entrar naquela pátria beata, onde já livre de todo temor nunca mais poderei separar-me do seu santo amor.

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03 Jan, 21:11


*Dia 03 de janeiro. Jesus envolto em faixas*

_Et pannis eum involvit_ - "Envolveu-o em faixas" (Lc 2, 7)

Sumário. _Imaginemos ver a Maria que toma com reverência seu divino Filho, o adora, o beija e em seguida o envolve nas faixas. O santo Menino oferece obediente as mãos e os pés, e sentindo que lhe apertam as faixas, pensa nas cordas com que um dia será amarrado no Horto. Se um Deus assim se deixa enfaixar, não será porventura justo que nos deixemos ligar também com os laços de seu amor, e nos desfaçamos de qualquer afeto terreno?_

I. Imaginai verdes a Maria que, depois de ter dado à luz seu divino Filho, O toma com reverência nos braços, adora-O primeiro como seu Deus, e em seguida O enfaixa estreitamente: _Membra pannis involuta, Virgo Mater alligat_ (Hymn. s. Crucis Pange lingua.). Vede como o Menino Jesus obediente oferece as mãozinhas, oferece os pés e se deixa enfaixar. Ponderai que, cada vez que o divino Infante se deixava enfaixar, pensava nas cordas com que um dia devia ser amarrado no Horto, naquelas que depois deviam prendê-lo à coluna, e nos pregos que deviam fixá-lo na cruz. Pensando assim, deixava-se de boa mente enfaixar, a fim de livrar as nossas almas dos laços do inferno.

Jesus, estreitado nas faixas, volve-se a nós e convida-nos a que nos unamos consigo pelos doces laços do amor. Volvendo-se em seguida a seu Eterno Pai diz: "Meu Pai, os homens abusaram de sua liberdade e, revoltados contra Vós, tornaram-se escravos do pecado. Para compensar a sua desobediência, quero ser envolto e estreitado nestas faixas. Assim ligado, ofereço-Vos a minha liberdade, a fim de que o homem fique livre da escravidão do demônio. Aceito estas faixas, que me são caras, e mais caras ainda, porque são símbolos das cordas com que, desde agora, me ofereço a ser um dia amarrado e conduzido à morte para salvação dos homens".

_Vincula illius alligatura salutaris_ (Eclo 6, 31.) - _"Os seus vínculos são ligadura de salvação"_. As faixas de Jesus foram as ligaduras saudáveis para curar as chagas de nossas almas. Portanto, ó meu Jesus, quisestes ser estreitamente envolto em faixas por meu amor, e eu me recusarei a fazer-me ligar pelos laços do vosso amor? Terei para o futuro ainda a coragem de me desligar dos vossos laços tão suaves e amáveis, para me fazer escravo do inferno? Meu Senhor, por amor meu estais ligado nesta manjedoura, quero sempre estar ligado em união convosco.

II. Dizia Santa Maria Madalena de Pazzi, que as faixas que nos devem prender são a firme resolução de nos unirmos a Deus pelo amor, desfazendo-nos ao mesmo tempo do afeto a qualquer coisa que não seja Deus. Parece que é para este mesmo fim que o nosso amante Jesus se quis deixar ficar, por assim dizer, ligado e prisioneiro, no Santíssimo Sacramento do altar, debaixo das espécies sacramentais, a fim de fazer as almas suas diletas, prisioneiras de seu amor.

Meu amado Menino, como poderei temer os vossos castigos, já que Vos vejo ligado estreitamente nas faixas, como que privando-Vos do poder de levantar as mãos para me punir? Com as faixas me dais a entender que não me quereis castigar, se eu quero quebrar os laços dos meus vícios e ligar-me a Vós. Sim, meu Jesus, quero rompê-los. Pesa-me de toda a minha alma, de me ter separado de Vós pelo abuso da liberdade que me destes. Vós me ofereceis outra liberdade mais bela, a que me livra do cativeiro do demônio e me faz aceitar no número dos filhos de Deus. Por meu amor Vos deixastes atar com essas faixas; eu quero ser cativo do vosso grande amor. Ó laços ditosos, ó formosas insígnias de salvação, que ligais as almas a Deus, por piedade, ligai também o meu pobre coração. Ligai-o tão fortemente, que para o futuro nunca mais se possa apartar do amor ao Bem supremo. Jesus meu, amo-Vos, a Vós me quero ligar, e Vos dou todo o meu coração, toda a minha vontade. Não quero mais deixar-Vos, ó meu amado Senhor.

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02 Jan, 16:43


Repetindo isto quero viver, e assim quero morrer, exalando o espírito com estas doces palavras nos lábios: _Meu Deus, amo-Vos_. Desde o primeiro instante em que entrar na eternidade quero começar a amar-Vos com um amor contínuo, que durará sempre, sem que eu possa ainda deixar de Vos amar.

Entretanto, ó meu Senhor, meu único Bem e meu único Amor, resolvo antepor a vossa vontade a qualquer querer meu. Ainda que me oferecessem o mundo inteiro, não o quero. Não quero mais deixar de amar a quem tanto me tem amado; não quero mais dar desgosto a quem merece da minha parte um amor infinito. Ajudai-me, ó meu Jesus, com a vossa graça, a realizar este desejo. Maria, minha Rainha, é à vossa intercessão que me reconheço devedor de todas as graças recebidas de Deus; não deixeis de interceder por mim. Vós que sois a Mãe da perseverança, obtende-me a perseverança final.

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02 Jan, 16:43


*Dia 02 de janeiro. Por que Jesus quis nascer criança?*

_Parvulus enim natus est nobis, et filius datus est nobis_ - "Nasceu-nos uma criança; foi-nos dado um filho" (Is 6, 9)

Sumário. _São vários os motivos pelos quais Jesus quis nascer criança. Primeiro, quis desta forma mostrar-nos a sua propensão e facilidade em dar-nos os seus bens. Quis, em segundo lugar, afastar de nós todo o temor ao vermo-Lo reduzido, por assim dizer, a um estado de impotência para nos castigar pelos nossos pecados. Mas sobretudo Jesus nasceu como criança para se fazer amar por nós, não somente de apreço, senão de ternura. Amemo-Lo, pois, de todo o coração, cheguemo-nos a Ele, e peçamos-Lhe toda a sorte de bens._

I. Considerai que ao fim de tantos séculos, depois de tantas súplicas e suspiros, o Messias, a quem os santos Patriarcas e Profetas não tinham sido dignos de verem, o Suspirado das gentes, o desejo das colinas eternas, o nosso Salvador, já veio, já nasceu e já se deu todo a nós: _Parvulus natus est nobis, et filius datus est nobis_ - "Nasceu-nos uma criança; foi-nos dado um filho". 

O Filho de Deus se fez pequenino, para nos fazer grandes; deu-se a nós, a fim de que nós nos demos a Ele, veio mostrar-nos o seu amor a fim de que nós Lhe respondamos com o nosso. Façamos-Lhe acolhida afetuosa, amemo-Lo e recorramos a Ele em todas as nossas necessidades. _Puer facile donat_. As crianças, diz São Bernardo, gostam de dar o que se lhes pede. Jesus veio como criança para se nos mostrar todo inclinado e propenso a comunicar-nos os seus bens. _“N'Ele estão encerrados todos os tesouros”_ (Cl 2, 3). _“O Pai tudo tem posto em sua mão” (Jo 3, 3)_.

Se desejamos luz, Ele veio para nos iluminar. Se queremos força para resistirmos aos inimigos, Ele veio exatamente para nos confortar. Se queremos o perdão e a salvação, ei-Lo que veio para nos perdoar e nos salvar. Se queremos, finalmente, o dom supremo do divino amor, Ele veio para abrasar-nos o coração. É sobretudo para este fim que se fez criança. Quis aparecer no meio de nós tanto mais amável, quanto mais pobre e humilde, quis tirar-nos todo o temor e ganhar o nosso amor, como observa São Pedro Crisólogo: _Taliter venire debuit, qui voluit timorem pellere, quaerere caritatem_.

Além disso, Jesus quis vir pequenino para ser de nós amado com amor não somente de apreço, senão também de ternura. Todas as crianças sabem ganhar o afeto de todos aqueles que as veem; mas quem não armará com toda a ternura a um Deus feito criancinha, necessitado de leite, tiritante de frio, pobre, humilhado, abandonado; a um Deus que chora e está vagindo numa manjedoura sobre a palha? Isso fez o amante São Francisco exclamar: _Amemus Puerum de Bethlehem; Amemus Puerum de Bethlehem_. Vinde amar a um Deus feito criança, feito pobre, e tão amável que baixou do céu para se dar todo a vós.

II. Ó meu Jesus, tão amável e de mim tão desprezado, baixastes do céu, a fim de nos remirdes do inferno e Vos dardes todo a nós, e nós, como temos podido desprezar-Vos tantas vezes e virar-Vos as costas? Ó Deus, os homens mostram-se tão agradecidos às criaturas! Se alguém lhes faz qualquer favor, se alguém vem de longe a visitá-los, se se lhes dá alguma demonstração de afeto, não podem esquecê-lo e sentem-se obrigados a retribuí-lo. E depois são tão ingratos para convosco, que sois o seu Deus, que sois tão amável e que por seu amor não recusastes dar o sangue e a vida.

Mas, ai de mim, que tenho sido para convosco pior do que os outros, por ter sido mais amado de Vós e mais ingrato a vosso amor. Ah! Se tivésseis concedido a um herege, a um idólatra as graças que me dispensastes a mim, ele se teria tornado santo, e eu Vos tenho ofendido. Por piedade, esquecei as injúrias que Vos tenho feito. Mas, Vós já dissestes, que quando um pecador se arrepende, não mais Vos lembrais de todos os ultrajes recebidos (Is 43, 25). Se em outro tempo não Vos amei, para o futuro não quero senão amar-Vos. Vós Vos destes todo a mim e eu Vos dou toda a minha vontade; com esta amo-Vos, amo-Vos, amo-Vos; quero repeti-lo sempre: amo-Vos, amo-Vos.

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01 Jan, 15:41


*Dia 01 de janeiro. A circuncisão de Jesus e o sacramento do batismo*

_Consummati sunt dies octo, ut circumcideretur Puer_ - "Foram cumpridos os oito dias para ser circuncidado o Menino" (Lc 2, 21)

Sumário. _A cerimônia da circuncisão era figura do sacramento do batismo. Podemos, portanto, imaginar que Jesus Cristo, quando foi circuncidado, pensou em cada um de nós, e que oferecendo a seu divino Pai as primícias do seu sangue, desde então nos mereceu a graça de sermos regenerados pelo batismo. Ó, que dom inestimável é o do santo batismo! Como, porém, temos respondido a tamanho favor? Temos, porventura, manchado a vestimenta branca da inocência?_

I. Considera o Pai Eterno, que, tendo enviado seu Filho a fim de padecer e de morrer por nós, quer que no dia de hoje seja circuncidado e comece a derramar o seu sangue divino, para depois acabar de derramá-lo no dia da sua morte na cruz num oceano de dores e desprezos. E por quê? A fim de que esse Filho inocente pague assim as penas por nós merecidas. É, pois, com razão que a Igreja canta: Ó bondade admirável da misericórdia divina para conosco! Ó inestimável amor de compaixão! A fim de remires o homem entregaste teu Filho à morte! Ó Deus eterno, quem seria capaz de fazer-nos esse dom infinito, senão Vós que sois a bondade infinita? E se, com o dom do vosso Filho, me destes o que mais caro possuíeis, justo é que eu miserável me dê todo a Vós.

Considera por outro lado o divino Filho, que, todo humilde e cheio de amor para conosco, abraça a morte amargosa, que lhe está destinada, para nos salvar, a nós pecadores, da morte eterna. De boa vontade começa hoje a satisfazer por nós à divina justiça, com o preço do seu sangue. Nosso Senhor disse: _"Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a própria vida por seus amigos"_ (Jo 15, 13). O amor, porém, de Jesus Menino foi muito além, porquanto, assim como diz São Paulo, Ele chegou a sacrificar a vida por nós, seus inimigos: _Cum inimici essemus, reconciliati sumus Deo per mortem Filii eius_ (Rm 5, 10) - _"Sendo inimigos de Deus, fomos com Ele reconciliados pela morte de seu Filho"_.

Portanto, ó meu Jesus, é por meu amor que aceitastes a morte; e que farei eu? Continuarei porventura a ofender-Vos com os meus pecados? Não, Redentor meu, não mais quero ser-Vos ingrato; hoje quero com todas as veras começar a amar-Vos de todo o meu coração. Vós, porém, ó Deus todo-poderoso, concedei-me a graça para Vos ser fiel. "E já que me fizestes chegar ao começo deste ano, salvai-me pelo vosso poder, a fim de que no correr do mesmo não caia eu em nenhuma falta, e os meus pensamentos, palavras e obras tenham por único escopo fazer aquilo que com toda a justiça exigirdes de mim" (Or. Ecl.).

II. A cerimônia da circuncisão, no dizer dos santos Padres, prefigurava o sacramento do batismo. É portanto bem a propósito considerarmos que Jesus Menino, quando se sujeitou à circuncisão, pensava em cada um de nós. Oferecendo então a Deus Pai as primícias do seu sangue, começou a merecer-nos a graça de sermos regenerados na fonte batismal. Ó, que dom inapreciável é o do santo batismo! Por meio d'Ele as nossas almas deixaram de ser escravas do demônio, condenadas ao inferno, e se tornaram filhas escolhidas de Deus e herdeiras ditosas do Reino dos Céus. Mas, como é que nós temos respondido a tão grande favor? Lancemos a vista sobre a nossa consciência e vejamos se jamais temos manchado a vestimenta branca da inocência, e prostrando-nos aos pés de Jesus Cristo renovemos os nossos votos do batismo. Para que depois os guardemos fielmente, consideremos cada dia que desponta como se fosse o último da nossa vida. E, com efeito, meu irmão, quem sabe se ainda vereis o fim do ano que hoje começa?

Senhor meu amabilíssimo, prostrado na presença de vossa divina Majestade, agradeço-Vos o me haverdes adotado por filho no santo batismo. Quero hoje renovar as promessas que Vos fiz naquele dia, e Vo-las ofereço tintas no sangue que Jesus por meu amor derramou na sua dolorosa circuncisão.

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01 Jan, 15:41


Em nome da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, protesto que de todo o coração renuncio a Satanás, às suas pompas e às suas obras. Pesa-me de haver tantas vezes profanado pelos meus pecados o caráter de cristão, e juro que para o futuro Vos quero permanecer fiel. Ó anjos do paraíso e, em particular vós, ó meu anjo da guarda, que um dia anotastes as minhas promessas, sede hoje novamente testemunhas desta minha resolução. Antes quero morrer do que faltar à promessa do meu batismo, e viver um instante na inimizade de Deus. Vós, ó meu Jesus, dai-me a santa perseverança; fazei-o pela intercessão do santo cujo nome tomei na pia batismal; fazei-o pelo amor de São José e de Maria Santíssima, que no dia da vossa circuncisão ficaram tão aflitos, vendo-Vos derramar pela primeira vez o vosso preciosíssimo sangue.

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31 Dec, 18:25


*Para o último dia do ano. Devemos aproveitar o tempo*

_Ecce breves anni transeunt, et semitam per quam non revertar ambulo_ - "Vê que passam os breves anos, e eu caminho por uma vereda pela qual não voltarei" (Jó 16, 23)

Sumário. _Com razão o Espírito Santo nos exorta a que conservemos o tempo, porquanto o tempo não é somente precioso, mas ainda de muito curta duração. Lembra-te de como se passaram depressa os doze meses do ano que hoje termina. Dize-me, irmão meu, como é que até hoje tens empregado o tempo? Esforças-te ao menos em resgatar o tempo perdido, empregando-o melhor para o futuro? Quem sabe? Talvez o ano que finda, seja o último da tua vida!_

I. O tempo, sobre ser a coisa mais preciosa, porque é um tesouro que só neste mundo se acha, é ainda de mui curta duração. _Ecce breves anni transeunt_. Lembra-te de como se passaram depressa os doze meses do ano que hoje finda! É, portanto, com razão que o Espírito Santo nos exorta a conservarmos o tempo, e não deixarmos perder-se um só momento sem o aproveitarmos bem. Mas, ai de nós! Quão diversamente vão as coisas! Ó tempo desprezado! Tu serás a coisa que os mundanos desejarão mais na hora da morte, quando ouvirem dizer que para eles não haverá mais tempo: _Tempus non erit amplius_.

E tu, irmão meu, em que empregas o teu tempo? Deus te concedeu a graça de teres chegado até o dia de hoje, com preferência a tantos milhares e milhões de pessoas, talvez da tua idade, ou mesmo mais novas, talvez fortes como tu ou ainda mais robustos, com a mesma compleição que tu, ou talvez mais sadia. Elas morreram e tu estás vivo! Elas estão reduzidas à podridão e cinzas no túmulo e tu estás aqui meditando! Elas na eternidade, e muitas infelizmente no inferno, e tu ainda no tempo! Mas como é que passas o tempo? Em que coisas o empregaste até hoje?

Faze aqui aos pés de Jesus Cristo um exame geral da tua vida. Pondera por um lado as inúmeras graças com que Deus te tem cumulado especialmente no correr deste ano; por outro recorda as faltas, as imperfeições, quiçá os pecados, com que continuamente, desde o primeiro dia do ano até este último, tens ofendido ao Senhor, retribuindo-lhe a liberdade infinita com ingratidão. Ah! Se não resgatares desde já o tempo inutilmente perdido, ou quiçá mal empregado, ele te causará remorsos amargosos, quando, no leito da morte, te achares próximo àquele grande momento do qual depende a eternidade!

II. Meu irmão, se, por desgraça, tiveres de reconhecer que passaste na tibieza o tempo do ano que se passou, procura passar no fervor ao menos este último dia. Agradece muitas vezes a Deus o ter-te conservado em vida até o dia de hoje e pede-lhe perdão das negligências passadas no seu serviço. Visto que não sabes se viverás até o dia de amanhã e se entrarás ainda no ano novo, põe hoje mesmo em ordem as coisas de tua consciência e purifica a tua alma por meio de uma confissão anual. Afinal, faze um propósito firme e eficaz de servires a Deus para o futuro com mais zelo, e de empregares melhor o ano vindouro. É assim que, no dizer do Apóstolo, andarás no caminho da salvação com circunspecção, e recobrarás o tempo: _Videte quomodo caute ambuletis... redimentes tempus_ (Ef 5, 15) - _"Vede como andais prudentemente... remindo o tempo"_.

"Ó Senhor, cuja misericórdia não tem limites, cuja bondade é um tesouro inesgotável, dou graças à vossa Majestade piedosíssima, por todos os benefícios que me tendes feito, e em particular, pelo tempo que me concedeis para chorar as minhas culpas, e reparar as minhas desordens. Quem sabe se o ano que hoje finda, não será talvez o último inteiro da minha vida? Não, não quero mais resistir aos vossos convites tão amorosos. Pesa-me, ó meu Bem supremo, de Vos ter ofendido e proponho fazer de hoje em diante contínuos atos de amor, a fim de compensar o tempo perdido".

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31 Dec, 18:25


"Como, porém, os mistérios da vida não me permitem dirigir os meus pensamentos sem interrupção para Vós, faço hoje o seguinte ajuste, que será válido durante todo o ano vindouro e todo o tempo da minha vida. Cada vez que levantar os olhos para contemplar o céu, tenho intenção de glorificar as vossas perfeições infinitas. Quantas vezes respirar, quero oferecer-Vos a paixão e o sangue de meu divino redentor, bem como os merecimentos de todos os Santos, para a salvação do mundo inteiro e em satisfação dos pecados que se cometerem".

"Toda vez que bater no peito, quero amaldiçoar e detestar cada um dos pecados cometidos desde o princípio do mundo, e quisera poder repará-los com o meu sangue. Finalmente, a cada movimento das mãos, ou dos pés, ou de qualquer outra parte do corpo, tenciono submeter-me à vossa santíssima vontade, desejando que de conformidade com esta se façam todas as coisas. Para que este meu ajuste nunca mais seja violado, confirmo-o e selo-o com as cinco Chagas de Jesus Cristo, e deposito-o em vossas mãos, ó Mãe da perseverança, Maria”⁹

9) Esta fórmula de reta intenção foi feita por São Clemente Maria Hofbauer, C.Ss.R.

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05 Nov, 15:43


Ele já teve alta .

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05 Nov, 15:12


Peço oração pelo Sidney Silveira.

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01 Nov, 16:59


MEDITAÇÃO

SEXTA FEIRA

*SÉTIMA PALAVRA DE JESUS CRISTO NA CRUZ*

*Clamans voce magna Jesus ait: Pater, in manus tuas commendo spiritum meum* – “Jesus, dando um grande brado, disse: Pai, nas tuas mãos encomendo o meu espírito” *(Lc 23, 46)*

*Sumário.* Antes de expirar, soltou Jesus um grande brado para nos dar a entender que morria, não pela malevolência de seus inimigos, mas por sua própria vontade. Entrega o espírito nas mãos de seu Pai e recomendando-Lhe a própria pessoa, recomendando-Lhe juntamente todos os fiéis, que pelos seus merecimentos deviam ser salvos. Se formos devotos da Paixão de Jesus Cristo, oh, que conforto nos darão na hora da morte estas suas palavras: Senhor, em vossas mãos encomendo a minha alma!

*I.* Diz Eutíquio que Jesus soltou esse grande brado para dar a entender a todos que era verdadeiramente o Filho de Deus, visto que chamava Deus de seu Pai. Mas, São João Crisóstomo diz que Jesus bradou em voz alta para tornar patente que não morria por necessidade, mas por sua própria vontade, falando tão alto quanto estava próximo a expirar, o que não podem fazer os agonizantes por causa da grande fraqueza que sentem. — Esta explicação do Santo é mais conforme ao que Jesus Cristo mesmo havia dito em vida, a saber: que pela sua própria vontade sacrificava a vida pelas suas ovelhas e não pela vontade e malícia de seus inimigos: *Et animam meam pono pro ovibus meis… Nemo tollit eam a me, sed ergo pono eam a meipso (1).*

Acrescenta Santo Atanásio que Jesus Cristo, recomendando-se ao Pai, recomendou-Lhe ao mesmo tempo todos os fiéis que pelos seus merecimentos deviam ser salvos; porquanto a cabeça forma com os membros um só corpo. Pelo que o Santo diz que Jesus entendeu repetir então o pedido feito pouco antes: Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, a fim de que sejam um como nós *(2).*

É o que fez São Paulo dizer, quando estava na prisão: *Patior sed non confundor (3)* — Suporto estes sofrimentos, mas não tenho pejo deles, porque depositei o tesouro de meus sofrimentos e de todas as minhas esperanças nas mãos de Jesus Cristo e sei que Ele é grato e fiel para com aqueles que padecem por seu amor. — Se Davi já punha toda a sua esperança no Redentor vindouro, quanto mais não o deveremos fazer nós, visto que Jesus já consumou a nossa redenção? Digamos-Lhe, pois, com grande confiança: *In manus tuas commendo spiritum meum; redemisti me, Domine Deus veritatis (4)* — “Em tuas mãos encomendo o meu espírito; remiste-me, Senhor Deus da verdade”.

*II.* Pai, em tuas mãos encomendo o meu espírito. Que conforto trazem estas palavras aos agonizantes contra as tentações do inferno e os temores causados pelos pecados cometidos! — Mas, Jesus, meu Redentor, não quero esperar até a hora de minha morte para Vos encomendar a minha alma; desde já Vô-la encomendo; não permitais que ela ainda se afaste de Vós. Vejo que até agora a vida me tem servido unicamente para Vos ofender; não consintais que no resto de minha vida continue a Vos causar desgostos.

Ó cordeiro de Deus, sacrificado sobre a cruz e morto por meu amor, qual vítima de amor e exausto pelas dores, fazei pelos merecimentos de vossa morte que Vos ame com todo o meu coração e seja todo vosso nos dias que me restam. E, quando chegar o fim de meus dias, deixai-me morrer abrasado em vosso amor. Vós morrestes por meu amor, eu quero morrer por amor vosso. Vós Vos destes todo a mim, eu me consagro todo a Vós. Em vossas mãos, ó Senhor, encomendo o meu espírito; remistes-me, ó Deus da verdade.

Ó Jesus, para minha salvação derramastes todo o vosso sangue, sacrificastes a vossa vida; não permitais que por minha culpa tudo isso seja sem fruto para mim. Meu Jesus, eu Vos amo, e pelos vossos merecimentos espero amar-Vos sempre. *In te, Domine, speravi, non confundar in aeternum.*

♰ LITURGIA TRADICIONAL -- MEDITAÇÕES DIÁRIAS ♰

01 Nov, 16:59


— Em vós, Senhor, pus minha esperança; não permitais que eu seja confundido para sempre. Ó Maria, Mãe de Deus, confio também em vossas orações; pedi que eu seja fiel a vosso Filho na vida e na morte. A vós também direi com São Boaventura: *In te, Domina, speravi, non confundar in aeternum.*

— Em vós, Senhora, pus minha esperança; não permitais que eu seja confundido para sempre. Não, minha Senhora, nunca se perdeu quem pôs as suas esperanças em vós, e de certo não serei eu o primeiro.

*Referências:*

*(1) Jo 10, 15 et 18*

*(2) Jo 17, 10*

*(3) 2 Tm 1, 12*

*(4) Sl 30, 6*

*Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 238-240. Santo Afonso Maria de Ligório*

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01 Nov, 16:59


*Liturgia Diária – 01/11/2024 – Festa de Todos os Santos*

*1ª Classe – DIA DE PRECEITO – Missa própria*

A Igreja, que, no decurso do ano, celebra incessantemente as festas dos santos, reúne-os todos hoje, numa festa comum. Além dos que pode chamar pelo seu nome, ela evoca, numa visão grandiosa, a multidão inumerável dos outros de todas as nações, tribos, povos e linguas, de pé diante de trono e diante do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão, aclamando Aquele que os resgatou com o seu sangue.

Foi no Oriente que se começou a celebrar a memória de Todos os Santos», festa que se encontra no Ocidente no século VIII, em diversas épocas do ano. Segundo o Martiriológio Romano foi o papa Gregório IV (827-844) que teve a honra de a estender a toda a Cristandade; mas parece que já Gregório III (731-741) tinha tomado alguma decisão neste sentido. Por outro lado, comemorava-se em Roma no dia 13 de Maio a dedicação da basílica de S. Maria e de todos os mártires, o Panteão, templo de Ágripa dedicado a todos os deuses pagãos, para onde o papa Bonifácio IV tinha trasladado muitas ossadas das catacumbas. Este fato explica por que tantos textos da missa de hoje são tirados da liturgia dos mártires. O papa Gregório VII mudou para o 1º de Novembro o aniversário desta dedicação,

A festa de Todos os Santos deve suscitar em nós uma imensa esperança. Dentre os santos do Céu há os que nós conhecemos. Todos viveram na terra uma vida semelhante à nossa. Batizados, marcados com o sinal da fé, fiéis aos ensinamentos de Cristo, eles precederam-nos na pátria celeste e convidam-nos a ir ter consigo. Ao proclamar a sua felicidade, o evangelho das bem-aventuranças indica-nos a rota a seguir: só ela nos pode conduzir até lá.

*Páginas 1361 a 1365 do Missal Quotidiano (D. Gaspar Lefebvre, 1963).

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01 Nov, 16:59


*CALENDÁRIO CATÓLICO TRADICIONAL*

01/11 - *Sexta-feira*

📖 *Epístola do*

*Apocalipse 7,* 2-12

*Léctio libri Apocalýpsis beáti Ioánnis Apóstoli.*

In diébus illis: Ecce, ego Ioánnes vidi álterum Angelum ascendéntem ab ortu solis, habéntem signum Dei vivi: et clamávit voce magna quátuor Angelis, quibus datum est nocére terræ et mari, dicens: Nolíte nocére terræ et mari neque arbóribus, quoadúsque signémus servos Dei nostri in fróntibus eórum. Et audívi númerum signatórum, centum quadragínta quátuor mília signáti, ex omni tribu filiórum Israël, Ex tribu Iuda duódecim mília signáti. Ex tribu Ruben duódecim mília signáti. Ex tribu Gad duódecim mília signati. Ex tribu Aser duódecim mília signáti. Ex tribu Néphthali duódecim mília signáti. Ex tribu Manásse duódecim mília signáti. Ex tribu Símeon duódecim mília signáti. Ex tribu Levi duódecim mília signáti. Ex tribu Issachar duódecim mília signati. Ex tribu Zábulon duódecim mília signáti. Ex tribu Ioseph duódecim mília signati. Ex tribu Béniamin duódecim mília signáti. Post hæc vidi turbam magnam, quam dinumeráre nemo póterat, ex ómnibus géntibus et tríbubus et pópulis et linguis: stantes ante thronum et in conspéctu Agni, amícti stolis albis, et palmæ in mánibus eórum: et clamábant voce magna, dicéntes: Salus Deo nostro, qui sedet super thronum, et Agno. Et omnes Angeli stabant in circúitu throni et seniórum et quátuor animálium: et cecidérunt in conspéctu throni in fácies suas et adoravérunt Deum, dicéntes: Amen. Benedíctio et cláritas et sapiéntia et gratiárum áctio, honor et virtus et fortitúdo Deo nostro in sǽcula sæculórum. Amen.

*Leitura do livro do Apocalipse de São João Apóstolo.*

Naqueles dias, eu, João, vi outro Anjo que subia do oriente, tendo na mão o selo do Deus vivo, e clamando em alta voz aos quatro Anjos que receberam o poder de danificar à terra e ao mar, dizendo: Não façais mal à terra nem ao mar, nem às árvores, enquanto não houvermos assinalado em suas frontes os servos de nosso Deus. E ouvi o número dos assinalados: cento e quarenta e quatro mil assinalados de todas as tribos dos filhos de Israel. Da tribo de Judá, doze mil assinalados. Da tribo de Ruben, doze mil assinalados. Da tribo de Gad, doze mil assinalados. Da tribo de Aser, doze mil assinalados. Da tribo de Néftali, doze mil assinalados. Da tribo de Manassés, doze mil assinalados. Da tribo de Simeão, doze mil assinalados. Da tribo de Levi, doze mil assinalados. Da tribo de Issacar, doze mil assinalados. Da tribo de Zabulon, doze mil assinalados. Da tribo de José, doze mil assinalados. Da tribo de Benjamin, doze mil assinalados. Depois disto, vi uma grande multidão que ninguém pode contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Eles estavam de pé, diante do trono e em presença do Cordeiro, revestidos de túnicas brancas, segurando palmas em suas mãos, e clamando com voz forte: Glória ao nosso Deus que está sentado sobre o trono, e ao Cordeiro. E todos os Anjos estavam de pé ao redor do trono, dos anciãos e dos quatro seres animados; e prostraram» se com as suas faces diante do trono e adoraram a Deus, dizendo: Amen. Louvor, glória, sabedoria, ação de graças, honra, poder e força ao nosso Deus, por todos os séculos. Amen.

📖 *Evangelho segundo*

*São Mateus 5,* 1-12

*Sequéntia sancti Evangélii secúndum Matthǽum.*

In illo témpore: Videns Iesus turbas, ascéndit in montem, et cum sedísset, accessérunt ad eum discípuli eius, et apériens os suum, docébat eos, dicens: Beáti páuperes spíritu: quóniam ipsórum est regnum cœlórum. Beáti mites: quóniam ipsi possidébunt terram. Beáti, qui lugent: quóniam ipsi consolabúntur. Beáti, qui esúriunt et sítiunt iustítiam: quóniam ipsi saturabúntur. Beáti misericórdes: quóniam ipsi misericórdiam consequéntur. Beáti mundo corde: quóniam ipsi Deum vidébunt. Beáti pacífici: quóniam fílii Dei vocabúntur. Beáti, qui persecutiónem patiúntur propter iustítiam: quóniam ipsórum est regnum cælórum.

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01 Nov, 16:59


Beáti estis, cum maledíxerint vobis, et persecúti vos fúerint, et díxerint omne malum advérsum vos, mentiéntes, propter me: gaudéte et exsultáte, quóniam merces vestra copiósa est in cœlis. — CREDO…

*Sequência do Santo Evangelho segundo Mateus.*

Naquele tempo, vendo Jesus as multidões, subiu a um monte, e, tendo-se assentado, aproximaram-se d’Ele os seus discípulos. E, abrindo sua boca, ensinava-lhes, dizendo: Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus. Bem-aventurados os pacíficos, porque eles serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça porque deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, falarem todo o mal contra vós, por minha causa. Alegrai-vos, e exultai, porque a vossa recompensa será grande nos céus. — CREIO…

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11 Oct, 15:06


Ó meu Jesus, pelos merecimentos de vossa morte, rogo-Vos não me desampareis no grande combate que na hora da morte terei de sustentar contra o inferno. Então todos me abandonarão e não me poderão mais valer; Vós porém não me abandoneis, Vós morrestes por meu amor e só me podereis socorrer nesse momento supremo. Fazei-o pelo merecimento da pena que sofrestes no vosso desamparo, pelo qual nos merecestes não sejamos desamparados pela divina graça, conforme os nossos pecados tinham merecido. Fazei-o também pela dor que então sentiu vossa e minha amada Mãe, Maria.

*Referências:*

*(1) Mt 26, 39*

*(2) Mt 26, 44*

*(3) Sl 33, 2*

*Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 183-186. Santo Afonso Maria de Ligório

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11 Oct, 15:06


MEDITAÇÃO

SEXTA FEIRA

*QUARTA PALAVRA DE JESUS CRISTO NA CRUZ*

*Et circa horam nonam clamavit Iesus voce magna dicens: Deus meus, Deus, meus, ut quid dereliquisti me?* – “E perto da hora nona deu Jesus um grande brado, dizendo: Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?” *(Mt 27, 46)*

*Sumário.* Em castigo de nossos pecados, tínhamos merecido que Deus nos abandonasse nos abismos infernais entregues à desesperação eterna. Mas, para nos livrar, quis Jesus tomar sobre si a pena que nos era devida e ser entregue pelo Pai a uma morte sem alívio. Demos graças à bondade divina e em nossas desconsolações espirituais unamos a nossa desolação à de Jesus agonizante; lembremo-nos do inferno merecido e digamos: Senhor, seja feita a vossa santa vontade!

*I.* Escreve São Leão, que aquele brado do Senhor não foi uma queixa, mas um ensino: Vox ista doctrina est, non querela. Ensino pelo qual Jesus nos quis mostrar quão grande é a malícia do pecado, que, por assim dizer, obrigou Deus a entregar a uma pena sem alívio seu Filho amadíssimo, unicamente por se ter este encarregado de satisfazer pelos nossos crimes. — Jesus não foi então abandonado pela divindade, nem privado da glória, que fora comunicada à sua alma bendita desde o primeiro instante de sua criação; foi, porém, privado de todo o consolo sensível com que Deus costuma confortar os seus servos fiéis, no meio de seus sofrimentos e foi entregue às trevas, a temores e amarguras, penas essas por nós merecidas. No horto o Getsêmani, Jesus sofreu igual privação da presença sensível da divindade; mas a que sofreu na cruz foi mais completa e mais amargosa.

Mas, ó Pai Eterno, que desgosto Vos deu jamais vosso Filho inocente e obedientíssimo, para o punirdes com uma morte tão amargosa? Vêde como está pregado no lenho, a cabeça atormentada pelos espinhos, como está suspenso em três pregos de ferro, apoiando-se nas mesmas chagas. Abandonaram-No todos, mesmo os seus discípulos; todos ao redor o escarnecem e blasfemam contra Ele; porque é que Vós, que tanto O amais, O haveis também abandonado?

Lembremo-nos que Jesus se tinha encarregado dos pecados de todos os homens. Por isso, muito embora fosse Jesus, quanto à sua pessoa, o mais santo de todos os homens, ou antes a santidade mesma, todavia pelo ônus assumido de satisfazer por todos os pecados, parecia ser o maior pecador do mundo, como tal se fizera réu em lugar de todos e se oferecera a pagar por todos. E já que nós merecíamos ser abandonados eternamente no inferno, entregues à desesperação eterna, Jesus quis ser entregue a uma morte sem consolação alguma, a fim de nos livrar assim da morte.

*II.* Demos graças a bondade do nosso Salvador, por ter tomado sobre si as penas por nós merecidas, a fim de nos livrar assim da morte eterna. Procuremos ser d’oravante gratos ao nosso libertador, expelindo de nosso coração todo o afeto que não seja para Ele. Quando estivermos em desconsolação espiritual, privados da presença sensível da divindade, unamos nossa desolação à que padeceu Jesus na hora de sua morte. — O Senhor não ficará ofendido, se nesse desamparo dissermos o que Ele mesmo no horto disse a seu Pai divino: “Pai meu, se é possível, passe de mim este cálice” *(1)* mas devemos logo acrescentar como Ele: “Todavia não seja como eu quero, mas sim como Tu”.

Se a desolação continuar, devemos repetir o mesmo ato de conformidade, assim como Jesus o repetiu durante as três horas de sua oração no Horto: *Et oravit tertio, eumdem sermonem dicens (2)* — “Orou pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras”. Diz São Francisco de Sales, que Jesus é igualmente amável quando se deixa ver como quando se esconde. — Pelo mais, o que mereceu o inferno e se vê fora dele, sempre deve dizer: *Benedicam Dominum in omni tempore (3)* — “Bendirei o Senhor em todo o tempo”. Senhor, não mereço consolações; fazei com que Vos ame sempre, e estou contente por viver em desolação por todo o tempo que Vos aprouver. Ah! Se os réprobos pudessem em suas penas conformar-se assim com a vontade divina, o inferno deixaria de ser inferno.

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11 Oct, 15:06


*Liturgia Diária- 11/10/2024*

*MATERNIDADE DE NOSSA SENHORA*

*Festa de 2ª classe - Missa própria*

Foi no Concilio de Éfeso, em 431 que foi proclamado o dogma da maternidade divina de Maria. Maria é mãe de Jesus; o Filho de Deus tomou dela verdadeiramente a sua carne, e é realmente seu Filho. Em 1931 por ocasião do 15º centenário do grande Concilio, Pio XI instituiu a festa que hoje celebramos. A Igreja, que associa tão de perto a Santíssima Virgem a toda a obra redentora, glorificou sempre a maternidade divina de Maria. Repete sem cessar a sua admiração pelo mistério da Encarnação que nela se operou e a sua alegria pela mensagem de salvação que ela nos trouxe, dando-nos o seu Filho. Fazendo-nos deste modo venerar a Mãe do Salvador, a Igreja quer suscitar em nossas almas um amor filial por aquela que se tornou, na vida da graça, nossa própria Mãe, dando-nos o autor da vida: Todos nós que estamos unidos a Jesus Cristo e que somos membros do seu corpo..., saímos do seio de Maria como um corpo unido à cabeça.

Ela é nossa Mãe, Mãe espiritual mas verdadeira, dos membros de Cristo. (Pio X, encíclica Ad diem illum).

*Páginas 1333 a 1335 do Missal Quotidiano (D. Gaspar Leebvre, 1963)

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11 Oct, 15:06


*CALENDÁRIO CATÓLICO TRADICIONAL*

11/10 - *Sexta-feira*

📖 *Epístola do*

*Eclesiático 24,* 23-31

*Léctio libri Ecclesiasticus*

Ego quasi vitis fructificávi suavitátem odóris: et flores mei fructus honóris et honestátis. Ego mater pulchræ dilectiónis, et timóris, et agnitiónis, et sanctæ spei. In me grátia omnis viæ et veritátis: in me omnis spes vitæ et virtútis. Transíte ad me, omnes, qui concupíscitis me, et a generatiónibus meis implémini. Spíritus enim meus super mel dulcis, et heréditas mea super mel et favum. Memória mea in generatiónes sæculórum. Qui edunt me, adhuc esúrient: et qui bibunt me, adhuc sítient. Qui audit me, non confundétur: et qui operántur in me, non peccábunt. Qui elúcidant me, vitam ætérnam habébunt.

*Leitura do Livro do Eclesiástico.*

Eu produzi, como a vinha, flores de suave odor, e as minhas flores são frutos de honra e de honestidade. Eu sou a mãe do amor puro, do temor, da ciência e da esperança santa. Em mim existe toda a graça do caminho e da verdade; em mim existe toda a esperança da vida e da virtude. Vinde a mim, ó vós, que me desejais com ardor, e saciai-vos comprar meus frutos; pois o meu espírito é mais doce do que o mel e a minha herança excede em doçura o próprio favo de mel! Minha memória permanecerá nas gerações de todos os séculos. Aqueles que me comerem terão ainda fome; e aqueles que me beberem terão ainda sede. Aqueles que me escutam não serão confundidos; aqueles que se orientarem em mim não pecarão; e aqueles que me tornarem conhecida alcançarão a vida eterna.

📖 *Evangelho segundo*

*São Lucas 2,* 43-51

*Sequéntia sancti Evangélii secúndum Lucam*

In illo témpore: Cum redírent, remánsit puer Iesus in Ierúsalem, et non cognovérunt paréntes eius. Existimántes autem illum esse in comitátu, venérunt iter diei, et requirébant eum inter cognátos, et notos. Et non inveniéntes, regréssi sunt in Ierúsalem, requiréntes eum. Et factum est, post tríduum invenérunt illum in templo sedéntem in médio doctórum, audiéntem illos, et interrogántem eos. Stupébant autem omnes, qui eum audiébant, super prudéntia et respónsis eius. Et vidéntes admiráti sunt. Et dixit mater eius ad illum: Fili, quid fecísti nobis sic? ecce pater tuus, et ego doléntes quærebámus te. Et ait ad illos: Quid est quod me quærebátis? nesciebátis quia in his, quæ Patris mei sunt, opórtet me esse. Et ipsi non intellexérunt verbum, quod locútus est ad eos. Et descéndit cum eis, et venit Názareth: et erat súbditus illis.

*Sequência do santo Evangelho segundo S. Lucas.*

Naquele tempo, quando voltaram para casa, ficou o Menino Jesus em Jerusalém, sem que de tal seus pais se apercebessem. Pensando que Ele viria com seus companheiros de jornada, fizeram um dia de viagem, procurando-O depois entre os parentes e conhecidos. Não O encontrando, voltaram logo a Jerusalém pelo mesmo caminho. Então aconteceu que, depois de três dias, foram achá-l’O no templo, assentado entre os doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E aqueles que O ouviam estavam admirados da sua sabedoria e das suas respostas. Quando os pais O encontraram, ficaram admirados, dizendo-Lhe logo a Mãe: «Meu Filho, porque procedestes assim para connosco? Eis que vosso Pai e eu Vos buscávamos aflitos?!». Ele disse-lhes: «Porque me procuráveis? Não sabeis que é preciso que me ocupe das cousas de meu Pai?». Porém, eles não compreenderam o que Jesus lhes disse. Então desceu com eles, veio para Nazaré e era-lhes obediente.

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06 Oct, 09:59


MEDITAÇÃO

DOMINGO

*O FILHO DO RÉGULO E A UTILIDADE DAS DOENÇAS*

*20º Domingo depois de Pentecostes*

*Credidit ipse et domus eius tota* – “Creu ele e toda a sua família” *(Jo 4, 53)*

*Sumário.* Em nossas tribulações não nos é proibido pedirmos a Deus que nos livre delas; mas é necessário que nos conformemos com a sua vontade. Estejamos certos de que Deus não nos envia as cruzes para nossa perdição, mas para nossa salvação e para nos comunicar as suas graças. Vede o bom régulo de quem nos fala o Evangelho. Talvez nunca tivesse pensado em ser discípulo de Jesus Cristo; mas o Senhor atraiu-o a si por meio da enfermidade do filho, e comunica-lhe, a ele e a toda a família, o mais precioso de seus dons, a fé.

*I.* Refere São João que, tendo certo régulo vindo pedir a Jesus Cristo que quisesse acompanhá-lo até a casa dele para lhe curar um filho moribundo, o Senhor lhe respondeu: Vai, teu filho está vivo. O régulo creu nesta palavra, e, voltando à casa, soube pelos seus criados que a febre deixara o filho na mesma ora em que Jesus dissera: Teu filho está vivo. Pelo que creu ele e toda a sua família: *Credidit ipse et domus eius tota.*

Admiremos neste trecho do Evangelho uma disposição amorosa da divina Providência, que “toca de uma extremidade à outra e dispõe todas as coisas com suavidade” *(1).* Aquele bom régulo talvez nunca tivesse pensado em fazer-se discípulo de Jesus Cristo; mas o Senhor atraiu-o a si por meio da doença do filho e comunica-lhe, bem com à toda a família, o mais precioso dos seus dons, que é o da fé. — É o que Deus quer fazer também a nosso respeito, quando nos envia tribulações e, em particular, a enfermidade.

Em primeiro lugar, Deus no-las envia afim de que nos emendemos de alguma falta; porquanto, na palavra de São Jerônimo, “assim como as coisas materiais são lavadas com sabão, assim as almas se purificam por meio das enfermidades e tribulações”. — Deus no-las envia também para nos consolidar mais na virtude. Por esse meio nos faz, por assim dizer, tocar com a mão a nossa fraqueza, esclarece-nos acerca da nossa vaidade e desapega-nos das coisas terrestres. — Mas, o que é mais importante, as enfermidades, ao passo que diminuem as forças do corpo, reprimem os apetites de nosso maior inimigo, a carne; ao mesmo tempo que nos recordam que a terra é para nós um lugar de desterro, fazem-nos levar uma vida digna de um cristão e estar preparados para a passagem à eternidade. Por isso é que o Eclesiástico disse: *Infirmitas gravis sobriam facit animam (2)* – “Uma grave enfermidade faz a alma sóbria”.

*II.* Tenhamos a persuasão de que Deus não nos envia as cruzes para nossa perdição, mas para nossa salvação. Quando, pois, o Senhor nos visita por alguma doença ou outra aflição, examinemos logo a nossa consciência e reconheçamos que temos merecido essa cruz, e, mais ainda, humilhemo-nos em sua presença e digamos com o bom ladrão: *Digna factis recipimus (3)* — “Recebemos o que merecemos pelas nossas obras”. — Entretanto, sem esperarmos que outros no-lo digam, aproximemo-nos espontaneamente dos santos sacramentos, lembrados do que nos diz o Espírito Santo: Nas doenças deve-se, antes de mais nada, recorrer ao médico da alma, afim de que nos livre da doença *(4).*

Não te é proibido rogar a Deus, como o régulo do Evangelho, que te alivie os sofrimentos. Se, porém, aprouver a Deus deixar-te na tribulação, dize então o que Jesus Cristo, muito mais aflito do que tu, não deixava de dizer no Horto: “Pai meu, se não pode passar este cálice sem que eu beba, faça-se a tua vontade” — *Fiat voluntas tua (5).* Entretanto, consolemo-nos com a esperança do paraíso, que é um bem tão grande, que, para o ganharmos, todo o trabalho é leve. “Eu tenho por certo”, diz o Apóstolo, “que os sofrimentos da vida presente não têm proporção alguma com a glória futura que se manifestará em nós *(6).* A tribulação que nos vem no presente, momentânea e leve, produz em nós, de modo incomparável e maravilhoso, um peso eterno de glória.” *(7)*

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06 Oct, 09:59


Meu Jesus, agradeço-Vos as luzes com que me iluminais agora. Arrependo-me, sobre todo o mal, de Vos ter ofendido, e proponho de hoje por diante conformar-me sempre com a vossa vontade santíssima.

— “Dignai-Vos, Senhor, conceder-me benignamente, com o perdão dos pecados, a paz da consciência; para que, limpo de toda a culpa, Vos sirva com a confiança alegre e firme” *(8),* nos dias de vida que ainda me restam.

*† Doce coração de Maria, sede minha salvação.*

*Referências:*

*(1) Sb 8, 1*

*(2) Eclo 31, 2*

*(3) Lc 23, 41*

*(4) Eclo 38, 9*

*(5) Mt 26, 42*

*(6) Rm 8, 18*

*(7) 2 Cor 4, 17*

*(8) Or. Dom.*

*Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 170-173. Santo Afonso Maria de Ligório*

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06 Oct, 09:59


*Liturgia Diária – 06/10/2024 – XX Domingo depois de Pentecostes*

*2ª Classe – Missa própria*

A situação do homem perante Deus é a do pecador consciente de suas responsabilidades. Não há reinvindicação possível; resta-lhre apenas confessar-se culpado e requerer a misericórdia de Deus.
Temos, porém, títulos especiais a esta misericórdia. a começar pela própria condição de pecadores. Longe de ser obstáculo à Redenção, as nossas faltas motivam-па: Não vim para os justos disse um dia o Salvador, quando o acusavam de andar com os pecadores. A grande revelação que nos foi feita, é, perante a universal e total impotência de o homem de salvar a si mesmo, a gratuidade da salvação, que Deus nos oferece. Nada mais nos resta que por em causa a glória de Deus, comprometida na sua obra de misericórdia, pedindo-Lhe confiadamente o seu perdão e a sua paz, mais seguro d'Ele que de nós, e cantando a nossa alegria de resgatados, no meio duma vida que para Ele nos leva, entre provações e combates.

*Páginas 695 a 698 do Missal Quotidiano (D. Gaspar Lefebvre, 1963)*

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06 Oct, 09:58


*CALENDÁRIO CATÓLICO TRADICIONAL*

06/10 - *Domingo*

📖 *Epístola aos*

*Efésios 5,* 15-21

*Léctio Epístolæ beáti Pauli Apóstoli ad Ephésios.*

Fratres: Vidéte, quómodo caute ambulétis: non quasi insipiéntes, sed ut sapiéntes, rediméntes tempus, quóniam dies mali sunt. Proptérea nolíte fíeri imprudéntes, sed intellegéntes, quæ sit volúntas Dei. Et nolíte inebriári vino, in quo est luxúria: sed implémini Spíritu Sancto, loquéntes vobismetípsis in psalmis et hymnis et cánticis spirituálibus, cantántes et psalléntes in córdibus vestris Dómino: grátias agéntes semper pro ómnibus, in nómine Dómini nostri Iesu Christi, Deo et Patri. Subiecti ínvicem in timóre Christi.

*Leitura da Epístola de São Paulo Apóstolo aos Efésios.*

Irmãos: Tende cuidado em andar com circunspeção; não como insensatos, e sim como prudentes. Aproveitai o tempo, porque os dias são maus. Assim, pois, não sejais imprudentes, mas aplicai-vos a conhecer qual seja a vontade de Deus. E não vos embriagueis com vinho do qual nasce a impureza; mas ficai repletos do Espírito Santo. Entoai salmos, hinos e cânticos espirituais; cantai e salmodiai ao Senhor em vossos corações. Dai sempre e por tudo graças a Deus, nosso Pai, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo [pela Eucaristia]. Submetei-vos uns aos outros no temor do Cristo.

📖 *Evangelho segundo*

*São João 4,* 46-53

*Sequéntia sancti Evangélii secúndum Joánnem.*

In illo témpore: Erat quidam régulus, cuius fílius infirmabátur Caphárnaum. Hic cum audísset, quia Iesus adveníret a Iudǽa in Galilǽam, ábiit ad eum, et rogábat eum, ut descénderet et sanáret fílium eius: incipiébat enim mori. Dixit ergo Iesus ad eum: Nisi signa et prodígia vidéritis, non créditis. Dicit ad eum régulus: Dómine, descénde, priúsquam moriátur fílius meus. Dicit ei Iesus: Vade, fílius tuus vivit. Crédidit homo sermóni, quem dixit ei Iesus, et ibat. Iam autem eo descendénte, servi occurrérunt ei et nuntiavérunt, dicéntes, quia fílius eius víveret. Interrogábat ergo horam ab eis, in qua mélius habúerit. Et dixérunt ei: Quia heri hora séptima relíquit eum febris. Cognóvit ergo pater, quia illa hora erat, in qua dixit ei Iesus: Fílius tuus vivit: et crédidit ipse et domus eius tota.

*Sequência do Santo Evangelho segundo João.*

Naquele tempo, havia um oficial do rei, cujo filho estava doente em Cafarnaum. Tendo ouvido que Jesus voltara da Judeia para a Galileia, foi ter com Ele, e pediu-Lhe que viesse à sua casa e curasse seu filho, que estava à morte. Disse-lhe então Jesus: Se não vedes milagres e prodígios, não credes. O oficial do rei respondeu: Senhor, vinde, antes que o meu filho morra. Disse-lhe Jesus: Vai, o teu filho vive. Acreditou o homem na palavra de Jesus e partiu. Quando ele já ia para casa, vieram-lhe ao encontro seus criados e deram-lhe a notícia de que o seu filho vivia. Perguntou-lhes então a hora em que o doente se achara melhor. Responderam-lhe: Ontem pela sétima hora, a febre o deixou. Reconheceu logo o pai ter sido aquela a mesma hora em que Jesus lhe dissera: Teu filho vive. E ele acreditou e toda a sua família.

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30 Sep, 18:09


Anônimo - Pela alma de Dom Adélio Giuseppe Tomasin, bispo emérito da Diocese de Quixadá

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24 Sep, 15:18


Chorar diante de Deus
Meditação para o Dia 20 de Setembro

Santa Teresinha desejava a perfeição de suas noviças no amor desinteressado a Jesus. Dizendo-lhe certo dia uma delas que, quando sofria, costumava ir sem demora confiar suas mágoas a Jesus, no Tabernáculo, desabafando-Lhe, a chorar, o coração, ponderou-lhe a santa:

“Derramar lágrimas diante de Jesus! Ah! Não faças mais isto! Muito menos nos devemos mostrar tristes perante Ele do que perante as criaturas. Pois se é apenas com os nossos Mosteiros que Esse bom Mestre conta para o regozijo e alegria de Seu Coração, se Ele vem a nós para repousar e se esquecer das contínuas lamentações dos seus amigos do mundo – e neste exílio todos choram e gemem – como, em vez de reconhecer o preço da cruz, havemos nós de entristecê-Lo também com as nossas mágoas e queixas, como o comum dos mortais? Francamente, tal proceder não é de quem Lhe tem um amor desinteressado. Nós é que O devemos consolar e não Ele a nós. Com o Seu Coração tão compassivo, Ele nos enxugará as lágrimas, mas se retirará triste por não ter podido repousar em nossa alma” (1)

Não se devem entender as palavras de Santa Teresinha como uma censura a quem vai desabafar o seu coração ante Jesus, chorar e pedir consolação ao Divino, Verdadeiro e Único Consolador! Não! Podemos chorar, sim, diante de Jesus, mas saibamos ser generosos, quando já tivermos aprendido a sofrer e amar. Santa Teresinha se refere às almas já adiantadas na via do amor e não aos pobres mortais que ainda ensaiam os primeiros passos nessa via e tanto precisam chorar diante de Jesus!

Referências: (1) Conseils et Souvenirs

(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 283)

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24 Sep, 15:18


Ah, meu Jesus! Pouco amei a vida retirada, porque pouco Vos amei. Andei buscando prazeres e alívios no meio das criaturas que me fizeram perder a Vós, o Bem infinito. Ai de mim! Que vivi tantos anos com o coração dissipado, pensando só nos bens da terra e esquecendo-me de Vós. Suplico-Vos: apossai-Vos de meu coração, já que o remistes com o vosso sangue, abrasai-o em vosso amor e possui-o inteiramente. — Ó Maria, Rainha do céu, vós me podeis alcançar esta graça, e de vós a espero.

*Referências:*

*(1) Sb 8, 16*

*Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 139-141. Santo Afonso Maria de Ligório*

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24 Sep, 15:18


MEDITAÇÃO

TERÇA FEIRA

*DA VIDA RETIRADA*

*Venite seorsum in desertum locum, et requiescite pusillum* – “Vinde à parte a um lugar solitário e descansai um pouco” *(Mc 6, 31)*

*Sumário.* Todas as almas que amam o Senhor acham o seu paraíso na vida retirada. Ademais, sabemos que Jesus Cristo quis que, depois dos trabalhos do apostolado, seus discípulos se retirassem para um lugar solitário afim de conversarem só com Deus. Devemos portanto concluir que o retiro para a solidão, feito de tempos a tempos, é necessário a todos, mas em particular aos operários sagrados, afim de conservarem o recolhimento e refazerem as forças para novos trabalhos na conquista das almas. Sem esse retiro, serão poucos os frutos de seus trabalhos apostólicos.

*I.* As almas que amam a Deus acham o seu paraíso na vida retirada longe do trato com os homens. A sua conversação (isto é, a conversação com Deus), longe das criaturas, nada tem de desagradável, mas alegria e gozo *(1).* — Os mundanos têm motivos para fugirem da solidão, porque na solidão, onde não os absorvem os divertimentos ou ocupações terrenas, mais vivamente se fazem sentir em seus corações os remorsos da consciência. Eis porque procuram alívio ou pelo menos distração na conversação com os homens; mas quanto mais procuram alívio entre os homens ou nos negócios mundanos, tanto mais acham espinhos e amarguras.

O mesmo não sucede às almas amantes de Deus, porque na solidão acham um doce companheiro, que as consola e regozija mais do que a companhia de todos os parentes ou amigos e mesmo dos primeiros personagens do mundo. Diz São Bernardo:

*Nunquam minus solus, quam cum solus* — “Nunca me vejo menos só do que quando estou só e longe dos homens; porque então acho Deus que fala comigo e eu por minha vez estou mais atento em ouvi-Lo e mais disposto a unir-me a Ele.”

Quis o Senhor que os seus discípulos, muito embora destinados a pregarem a fé percorrendo o mundo inteiro, interrompessem de tempos a tempos os seus trabalhos e se retirassem à solidão, afim de tratarem somente com Deus. Sabemos que Jesus Cristo, já no tempo que passava sobre a terra, costumava enviá-los a diversas partes da Judéia, para converterem os pecadores; mas, findos os trabalhos, não deixava de convidá-los ao retiro a algum lugar solitário, dizendo-lhes:

*“Vinde à parte a um lugar solitário e descansai um pouco.”*

Ora, se o Senhor manda isto mesmo aos apóstolos, devemos nós concluir que para todos, mas particularmente para os operários evangélicos, é necessário que de tempos a tempos se retirem para um lugar solitário, afim de conservarem o espírito recolhido em Deus e restabelecerem suas forças para os trabalhos da conquista das almas.

*II.* Quem trabalha em prol do próximo, mas com pouco zelo ou pouco amor de Deus, com algum intuito de amor próprio, de ganhar louvores e dinheiro, pouco fruto produz nas almas. Por isso o Senhor diz a seus operários: *Requiescite pusillum* — “Descansai um pouco”. Falando assim, Jesus Cristo não pretendia de certo que os apóstolos se deitassem a dormir; senão que descansassem na conversação com Deus, pedindo-Lhe graças para viverem bem e desta maneira obtivessem forças para tratar da salvação das almas. Sem esse repouso em Deus pela oração, falta a força para cuidar bem do proveito próprio e do dos outros.

Falando da vida retirada, São Laurenço Justiniani observa com razão que ela sempre deve ser amada, mas não sempre guardada: *Semper est amanda, non semper tenenda.* Quer dizer que os que são chamados por Deus à conversão dos pecadores, não devem ficar sempre na solidão, encerrados na sua cela, porque assim faltariam à vocação divina (por obediência à qual é preciso sair do retiro); mas nunca devem deixar de amar a solidão e de suspirar por ela, porque é ali que acham Deus com facilidade.

♰ LITURGIA TRADICIONAL -- MEDITAÇÕES DIÁRIAS ♰

24 Sep, 15:17


*Liturgia Diária- 24/09/2024*

*MISSA DA FÉRIA*

*4ª Classe- Missa Própria*

Todas as partes cantadas desta missa, colhidas da antiga liturgia da dedicação, se reportam a Uma consagração de igreja. Falam da alegria do povo cristão, por poder vir à casa do Senhor oferecer-lhe o louvor e sacrifício de que só Ele é digno. Na epístola, S. Paulo da graças por quanto a vocação cristã representa de benefícios sobre a terra, esperando que Jesus Cristo chegue, para nos produzir na cidade do Céu. A cura do paralítico e o perdão, que lhe fora acedido, lembram, no evangelho, as condições de fraqueza humana e de misericórdia divina, em que vamos caminhando para Deus, pela mão da Igreja.

*Páginas 687 a 690 do Missal Quotidiano (D. Gaspar Lefebvre, 1963).

♰ LITURGIA TRADICIONAL -- MEDITAÇÕES DIÁRIAS ♰

24 Sep, 15:17


*CALENDÁRIO CATÓLICO TRADICIONAL*

24/09 - *Terça-feira*

📖 *Epístola aos*

*I Coríntios 1,* 4-8

*Léctio Epístolæ beáti Pauli Apóstoli ad Corínthios.*

Fratres: Grátias ago Deo meo semper pro vobis in grátia Dei, quæ data est vobis in Christo Iesu: quod in ómnibus dívites facti estis in illo, in omni verbo et in omni sciéntia: sicut testimónium Christi confirmátum est in vobis: ita ut nihil vobis desit in ulla grátia, exspectántibus revelatiónem Dómini nostri Iesu Christi, qui et confirmábit vos usque in finem sine crímine, in die advéntus Dómini nostri Jesu Christi.

*Leitura da Epístola de São Paulo Apóstolo aos Coríntios.*

Irmãos: Sem cessar, agradeço a meu Deus por vós, pela graça de Deus que vos foi concedida pelo Cristo Jesus. Em tudo n’Ele fostes enriquecidos, em toda a palavra e em toda a ciência; também o testemunho do Cristo foi confirmado em vós, de maneira que nenhuma graça vos falta, a vós, que esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele vos confirmará até o fim, para serdes irrepreensíveis no dia da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.

📖 *Evangelho segundo*

*São Mateus 9,* 1-8

*Sequéntia sancti Evangélii secúndum Matthaeum.*

In illo témpore: Ascéndens Iesus in navículam, transfretávit et venit in civitátem suam. Et ecce, offerébant ei paralýticum iacéntem in lecto. Et videns Iesus fidem illórum, dixit paralýtico: Confíde, fili, remittúntur tibi peccáta tua. Et ecce, quidam de scribis dixérunt intra se: Hic blasphémat. Et cum vidísset Iesus cogitatiónes eórum, dixit: Ut quid cogitátis mala in córdibus vestris? Quid est facílius dícere: Dimittúntur tibi peccáta tua; an dícere: Surge et ámbula? Ut autem sciátis, quia Fílius hóminis habet potestátem in terra dimitténdi peccáta, tunc ait paralýtico: Surge, tolle lectum tuum, et vade in domum tuam. Et surréxit et ábiit in domum suam. Vidéntes autem turbæ timuérunt, et glorificavérunt Deum, qui dedit potestátem talem homínibus. — CREDO…

*Sequência do Santo Evangelho segundo Mateus.*

Naquele tempo, subiu Jesus a uma barca, atravessou para o outro lado e foi à sua cidade [Cafarnaum]. E eis que Lhe apresentaram um paralítico, prostrado num leito. Vendo Jesus a fé que eles tinham, disse ao paralítico: Tem confiança, filho, os teus pecados te são perdoados. Pensaram logo alguns dos escribas em seu íntimo: Este homem blasfema. E Jesus, penetrando-lhes os pensamentos, disse: Por que pensais mal em vossos corações? Que é mais fácil dizer: Teus pecados te são perdoados, ou dizer: Levanta-te, e anda? Sabereis, pois, que o Filho do homem tem, na terra, o poder de perdoar pecados. E disse então ao paralítico: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para a tua casa. E ele levantou-se e foi para sua casa. As multidões, vendo isto, encheram-se de temor e glorificaram a Deus, que tal poder confiava aos homens. — CREIO…