Haider descreve a política identitária como uma estratégia que separa as demandas sociais de mobilizações populares amplas, limitando-as a avanços culturais ou linguísticos, enquanto preserva as estruturas materiais do capitalismo. Essa fragmentação foi intensificada pela reorganização da produção capitalista, que dificultou a percepção da classe como identidade coletiva. No Brasil, tal dinâmica foi exacerbada pela reforma trabalhista de 2018, que precarizou ainda mais as condições de trabalho.
Stuart Hall complementa a análise ao destacar que a classe, especialmente para populações racializadas, é vivida através da experiência da raça. Ele exemplifica com as manifestações globais contra o assassinato de George Floyd, nas quais as palavras "não consigo respirar" sintetizam a opressão interseccional enfrentada por comunidades negras. Hall também critica o economicismo de certo marxismo, mas defende que a luta de classes pode manifestar-se em diferentes formas, incluindo a luta antirracista, evidenciada por autores como Losurdo.
O autor argumenta que o racismo está intrinsecamente ligado à lógica colonial e ao sistema-mundo capitalista, sendo inseparável das dinâmicas de classe e imperialismo. Movimentos como os Panteras Negras e figuras como Martin Luther King e Lélia Gonzalez integraram críticas ao racismo, capitalismo e colonialismo, destacando que as lutas identitárias, para serem transformadoras, devem desafiar as bases estruturais do sistema. Oliveira conclui que a luta antirracista é também uma luta anticolonial e de classes, rejeitando divisões simplistas entre essas categorias.