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Rondó da Liberdade

04 Jan, 11:01


“O fascismo, como movimento de reação armada cujo objetivo era desagregar e desorganizar a classe trabalhadora para imobilizá-Ia, insere-se no quadro da política tradicional das classes dirigentes italianas, e na luta do capitalismo contra a classe trabalhadora”, Gramsci em “A situação italiana e as tarefas do Partido Comunista Itália - Teses de Lyon”.

Rondó da Liberdade

03 Jan, 12:06


🎨Dia 08/01 está chegando. Militante, organize ações de agitação e propaganda para colocarmos Bolsonaro na cadeia!

Pode ser teatro, cartazes, panfletos, exibição de filme, pintura, música… Seja criativo!

Escolha um local de trabalho, um bairro, uma escola, uma igreja, etc., algum lugar que você esteja ou que possa sempre voltar…

Lembre-se: você não está falando para sua bolha! Você está se comunicando com quem ainda não está convencido do mal que o neof4sc1m0 faz para o Brasil.

Mostre com um ou dois exemplos concretos como o projeto bolsonarista afetou a vida dos trabalhadores: privatização e precarização de um serviço público; desemprego; redução dos salários, etc.

Lembre que o trabalhador já está sobrecarregado por problemas do cotidiano. Apenas denunciar o neof4sc1m0 não é suficiente, aponte alternativas. É necessário oferecer uma mensagem de esperança e uma visão de um futuro melhor.

Ao final, convide as pessoas para uma roda de conversa, onde possa congregar futuros militantes, ouvir os anseios e opiniões, combinar ações em comum.

Denúncia + Esperança = Organização + Mobilização

Que 2025 seja um ano sem anistia para os f4sc1stas e com muita organização e luta por um Brasil soberano, democrático e popular!

Rondó da Liberdade

03 Jan, 11:02


03 de janeiro de 1898, nascia Luiz Carlos Prestes.

“Prestes falou cerca de oitenta minutos, com palmas constantes do público que superlotava o recinto. Quando terminou, foi vivamente aplaudido. A seguir, dispôs-se a responder às perguntas. Surgiram muitas e Prestes respondeu a todas, sempre aplaudido entusiasticamente. De repente, surgiu uma pergunta formulada mais ou menos nos seguintes termos:

- Senador Luiz Carlos Prestes, se os Estados Unidos da América do Norte declarassem guerra à União Soviética, e o Brasil fosse arrastado para ela ao lado dos Estados Unidos, qual seria a posição do seu partido?

Prestes respondeu:

— Essa pergunta é capciosa e me parece provocativa; entretanto, vou respondê-la.
E mandou brasa. Começou dizendo que o PCB lutava pela paz mundial; se o governo do Brasil fosse arrastado numa guerra de agressão ao lado dos Estados Unidos contra a União Soviética ou qualquer outro país socialista, o PCB não vacilaria um minuto em empunhar as armas e lutar contra esse governo, para derrubá-lo e implantar um governo democrático popular que fizesse as pazes com todos os países e livrasse o nosso povo da catástrofe da guerra. Essa atitude seria ditada pelo mais puro e mais sagrado patriotismo.

A plateia aplaudiu delirantemente, mas os aplausos não anulavam o ódio dos inimigos do povo e da democracia. A resposta de Prestes foi o estopim que fez explodir uma das maiores ondas de provocações, calúnias e insultos contra o partido e contra o camarada Prestes, pessoalmente”, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

02 Jan, 18:34


“Uma nova e avassaladora utopia da vida, onde ninguém será capaz de decidir como os outros morrerão, onde o amor provará que a verdade e a felicidade serão possíveis, e onde as raças condenadas a cem anos de solidão terão, finalmente e para sempre, uma segunda oportunidade sobre a terra”, Gabriel Garcia Marquez em Discurso ao receber Prêmio Nobel.

Rondó da Liberdade

02 Jan, 15:05


“Hoje, não repetiríamos o ataque ao Moncada, nem o desembarque do Granma. Hoje, com aqueles homens que participaram da primeira ação, teríamos estudado a área da Sierra Maestra, nos dirigiríamos para lá, tomaríamos uma pequena unidade, ocuparíamos suas armas e começaríamos a luta dessa forma, poupando o longo trajeto do Moncada e do Granma. Não é que o Moncada fosse impossível de ser tomado. Nós poderíamos tê-lo tomado. Ainda hoje, analisando à luz da nossa experiência, acreditamos que teria sido factível tomá-lo, e que a tomada daquele regimento, que era a segunda unidade mais importante do país, poderia ter antecipado a vitória da revolução.

No entanto, era um caminho muito menos seguro, pois dependia de muitos imponderáveis. Mas posso garantir que, poupando essa operação complexa e difícil, que foi necessário preparar na clandestinidade, e evitando a tarefa de organizar, também na clandestinidade e em condições difíceis, uma expedição de praticamente 82 homens — que, no final, foi reduzida a apenas 7 homens armados —, teríamos simplificado muito as coisas. Precisamos continuar a luta com esses 7 homens que conseguiram se reagrupar com armas. Teria sido muito mais simples, muito mais seguro, começar pelas montanhas, sem o ataque ao Moncada e sem o desembarque do Granma.

Além disso, há outra razão adicional: quando realizamos a operação do Moncada, tentávamos quase que tomar o poder de forma fulminante. O plano era capturar o regimento e suas armas, levantar a cidade de Santiago de Cuba, lançar a consigna de uma greve geral no país e, caso isso não fosse possível, simplesmente marchar para a montanha com aquelas armas. No entanto, se tivéssemos obtido a vitória naquele momento, ela teria sido conquistada por um grupo de homens muito novos e sem experiência suficiente.

Ao fim e ao cabo, a luta na Sierra Maestra nos ensinou muito mais, em todos os aspectos da vida: nos ensinou a combater, a resolver problemas difíceis e a desenvolver as melhores virtudes dos homens do povo ao longo de 25 meses de luta. Acreditamos que essa experiência foi decisiva nos momentos posteriores.

Me pergunto o que teria acontecido se, em 1953, tivéssemos obtido a vitória com muito menos experiência e com uma correlação de forças muito mais desfavorável. Os acontecimentos se deram de tal maneira que alcançamos a vitória quase no momento exato, no minuto e no segundo certos. Caso contrário, poderíamos ter encontrado uma situação internacional em circunstâncias muito difíceis, com um mínimo de margem para sobreviver”, Fidel Castro em “Conferencia de Prensa con los periodistas chilenos y extranjeros”, 1971.

Rondó da Liberdade

02 Jan, 11:03


“O 26 de Julho não é um partido político, mas um movimento revolucionário; suas fileiras estarão abertas para todos os cubanos que sinceramente desejem restabelecer a democracia política em Cuba e implantar a justiça social. Sua direção é colegiada e secreta, composta de homens novos e de forte vontade que não têm cumplicidade com o passado; sua estrutura é funcional; em seus grupos de combate, em seus quadros juvenis, em suas células operárias secretas, em sua organização feminina, em suas seções econômicas e em seu aparato distribuidor de propaganda clandestina por todo o país poderão se envolver jovens e velhos, homens e mulheres, operários e camponeses, estudantes e profissionais”, Fidel Castro em “Manifesto n. 1 do 26 de Julio ao povo de Cuba”.

Rondó da Liberdade

01 Jan, 15:21


O Governo Lula é agro?

João Pedro Stédile, dirigente do MST, declarou em entrevista para o Brasil de Fato que “dentro do governo, se cagam de medo de fazer qualquer coisa que possa gerar atritos com o AGRONEGÓCIO. Resultado: em dois anos, a REFORMA AGRÁRIA não avançou nada, não houve desapropriação. (…) Nós temos 72 mil famílias acampadas do MST e outras 30 mil de outros movimentos. E para esses acampados o governo não fez nada. Infelizmente, mesmo uma reforma agrária PARCIAL, como vem dos governos anteriores, NEM ESSA conseguiu avançar”.

A partir dos governos Lula e Dilma, “vultuosos investimentos e incentivos voltaram a ser direcionados ao agronegócio, como há décadas não era observado na política agrícola brasileira (…) esses governos priorizaram os interesses dos ramos e segmentos do agronegócio pertencentes à burguesia interna, especialmente a cadeia da soja e a cadeia da carne”, Maria Angélica Paraízo em “O fracionamento de classes no interior do agronegócio e os governos neodesenvolvimentistas”.

A burguesia agrária tem como principal característica a defesa da propriedade fundiária. Os governos Lula e Dilma não puderam avançar na reforma agrária porque buscaram representar os interesses de setores do agronegócio. “O governo Lula não pode, ao mesmo tempo, preservar sua relação política com o agronegócio e fazer uma reforma agrária”, Armando Boito Jr. em “Governos Lula: A Nova ‘Burguesia Nacional’ no Poder”, 2010.

Observa Armando Boito, “o governo concebeu uma estratégia para contornar essa contradição. Aumentou muito o crédito para a agricultura familiar, contemplando os interesses dos camponeses com terra e, portanto, os interesses de uma das bases sociais do MST e de outros movimentos camponeses, que é o camponês assentado. Porém, a outra base social desses movimentos, que é o camponês pobre, sem-terra, essa, o governo Lula abandonou e, tendo em conta a classe social que tal governo representa, só poderia mesmo abandonar”.

Se a situação dos primeiros governos do PT era essa, só poderia se agravar com a frente ampla formada nas eleições, sem qualquer contraponto de uma frente popular dos movimentos, sindicatos e partidos de esquerda.

Mesmo os programas de financiamento para a agricultura familiar, de aquisição dos seus produtos, de assistência técnica e educação para o campo foram enfraquecidos. Nas palavras de Stédile, em entrevista para o Repórter Brasil, “eu, se fosse o presidente do Incra, pode escrever aí, pediria demissão se tivesse dignidade. Ou arranja dinheiro para resolver os problemas ou entrega o cargo”.

Com um reposicionamento da maioria do PT realizado na década de 90, “os governos do PT se orientaram de acordo com um programa neodesenvolvimentista, que representa, fundamentalmente, os interesses da grande burguesia interna. Ele contempla apenas secundariamente os interesses populares e penaliza setores da pequena e média burguesia, empurrando-os para o colo da extrema direita”, em “Teses da VI Assembleia Nacional da Consulta Popular”, 2023.

Prosseguem as Teses, “nossa relação com o neodesenvolvimentismo é, necessariamente, uma relação de unidade e luta, não de adesão passiva ou de oposição. Buscando, justamente, superá-lo. A direção do PT abandonou o programa democrático-popular, mas mantém sua influência e hegemonia sobre a esquerda brasileira. As organizações revolucionárias devem assumir a tarefa de superar o neodesenvolvimentismo e o lulismo”.

“A superação do neodesenvolvimentismo não significa rompimento integral e abrupto. É necessário apoia-lo na medida em que beneficia as classes populares, política e socialmente. Tal fato não pode significar, contudo, uma adesão estratégica a esse programa burguês”, “Teses da VI Assembleia Nacional da Consulta Popular”, 2023.

Rondó da Liberdade

31 Dec, 22:51


"E o povo foi que ganhou esta guerra, porque nós não tínhamos tanques, nós não tínhamos aviões, nós não tínhamos canhões, nós não tínhamos academias militares, nós não tínhamos campos de recrutamento e de treino, nós não tínhamos divisões, nem regimentos, nem companhias, nem pelotões, nem esquadras sequer.

E aí?, Quem ganhou a guerra? O povo, o povo ganhou a guerra. Esta guerra não a ganhou ninguém mais do que o povo —e falo isso caso alguém pensasse que foi ele que ganhou a guerra, ou por se alguma tropa acha que foi que ganhou a guerra. Portanto, antes de nada está o povo.

Porém, tem mais uma coisa: a Revolução não me interessa a mim como pessoa, nem a outro comandante como pessoa, nem ao outro capitão, nem à outra coluna, nem à outra companhia; a Revolução é do interesse do povo .

Aquele que ganha ou perde com ela é o povo. Se o povo foi quem sofreu os horrores destes sete anos, o povo é quem tem que se perguntar se dentro de 10 ou dentro de 15, ou de 20 anos, ele, e seus filhos, e seus netos, vão continuar sofrendo os horrores que têm sofrido desde seu início a República de Cuba, coroada de ditaduras como as de Machado e as de Batista.

Ao povo lhe interessa muito se nós vamos fazer bem feita esta Revolução ou se nós vamos incorrer nos mesmos erros em que incorreu a revolução anterior, ou a anterior, ou a anterior, e em consequência vamos sofrer as consequências dos nossos erros, porque não tem erro sem consequências para o povo; não tem erro político que não se pague, mais tarde ou mais cedo."

Viva a rebeldia latino-americana! Viva revolução cubana! Pátria livre, venceremos!

Rondó da Liberdade

31 Dec, 16:32


Gabriel Garcia Marquez: Fidel Castro não será esquecido por muito tempo

Rondó da Liberdade

30 Dec, 17:57


Revolução Cubana Rondó.pdf

Rondó da Liberdade

30 Dec, 17:57


https://www.instagram.com/p/DENhVRsvixW/?igsh=MWQyb2MyaWp5M2VzdQ==

"Foi assim que nasceu o Exército Rebelde..."

🚩 De 31/12/1958 para 01/01/1959, o Exército Rebelde toma o poder em Cuba. Iniciando a Revolução Cubana.

Anos antes, precisamente em 2 de dezembro de 1956, o núcleo do Exército Rebelde desembarcaria em Cuba. Cerca de 82 soldados, que contavam com a presença de Raul e Fidel Castro, Camilo Cienfuegos e Che Guevara, foram emboscados momentos após o desembarque. Sua posição havia sido entregue através de uma traição do companheiro que tinha a tarefa de ser o “guia”.

No dia 5 de dezembro, em seu primeiro combate, o exército foi reduzido a 22 soldados. Todos foram obrigatoriamente divididos em quatro agrupamentos dispersos pela emboscada. Os quatro grupos marcharam dispersos durante dias até se reagrupar.

Che relata que: “depois tudo se confundia no meio das avionetas que passavam baixo, disparando alguns tiros de metralhadora, espalhando mais confusão no meio de cenas por vezes dantescas e grotescas, como a de um corpulento combatente que queria esconder-se atrás de uma cana, e outro que pedia silêncio no meio do barulho tremendo dos tiros, sem saber bem pra quê” e conclui “Assim se iniciou a forja do que seria o nosso Exército Rebelde.”

Antes da primeira vitória militar -em 16 de janeiro de 1957- Fidel conduziu a instrução de tiro dos que restaram, daquele momento relembrou o argentino: “Ali fizemos alguns exercícios de tiro, ordenados por Fidel para nós treinarmos; alguns atiravam pela primeira vez na sua vida.” A primeiro vitória consistiu na tomada do pequeno quartel de La Plata, em Sierra Maestra.

Essa pequena vitória foi avaliada por Che da seguinte forma: “Demonstrou a todos que o Exército Rebelde existia e estava disposto a lutar e foi, a reafirmação das nossas possibilidades do triunfo final.”

Anos depois, no dia 01 de Janeiro de 1959 a revolução era inevitável. Em suas memórias Che relata que: “Mas já no dia primeiro de Janeiro de 1959 havia sintomas de debilidades crescentes entre as forças defensoras. Na manhã desse dia mandávamos os capitães Nunez Giménez e Rodrigo de La Vega negociar a rendição do quartel. As notícias eram extraordinárias e contraditórias: Batista tinha fugido nesse dia, desmoronando-se com ele o Comando das Forças Armadas.”.

E prossegue "Agora estamos colocados em uma posição que somos muito mais do que simples construtores de uma nação; construimos neste momento a esperança da América Latina por libertação. Todos os olhos - os dos grande opressores e dos grandes esperançosos- estão fixos em nós. Da futura atitude que tomemos, da nossa capacidade para resolver os múltiplos problemas, depende em grande medida da evolução dos movimentos populares na América, e cada passo que dermos estará vigiado pelos olhos onipresentes do grande credor e pelos olhos otimistas dos nossos irmãos da América."

FELIZ ANO NOVO! QUE VENHA 2025!

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Rondó da Liberdade

30 Dec, 11:00


“O exército de Batista não combatia apenas contra um reduzido grupo de guerrilheiros: estava combatendo a vontade de resistência e libertação de todo um povo. E esse é o fator fundamental que explica a baixíssima moral e a ausência de uma devoção em combate entre os soldados da ditadura. (…) Quanto ao baixo nível de combatividade do exército de Batista, existem vários testemunhos nesse sentido. Camilo Cienfuegos, por exemplo, relata em seu Diário da Campanha que, durante a invasão de Las Villas, quando cruzaram as linhas de emboscadas,
"ao cair de um cavalo, escapou um tiro de uma San Cristóbal de um com-panheiro. Dias depois, ao deter um soldado, nos inteiramos que pelo lugar que passamos um grupo de soldados em tocaia nos viu, ouviu o tiro e não fez nenhum esforço para nos dere"'. E Camilo conclui que "esta é a demonstração mais palpável de que o exército de Batista não quer lutar e que sua baixa e rendida moral está diminuindo a cada dia"!

Naturalmente, essas considerações sobre a baixa moral e a disposição de combate pelo aparato repressivo da ditadura não limitam o valor inquestionável das guerrilhas como uma das formas fundamentais da luta revolucionária nem diminuem os méritos de seu uso na guerra revolucionária cubana. A eficácia da tática guerrilheira já foi de sobra comprovada historicamente e seu uso no Vietná contra o exército mais poderoso do mundo a torna verdadeiramente inques-tionável. É necessário ter em mente que a existência das guerrilhas sempre implica um amplo respaldo popular”, Vânia Bambirra em “A Revolução Cubana: uma reinterpretação”.

Rondó da Liberdade

29 Dec, 15:19


Perguntas de Natal

Rondó da Liberdade

29 Dec, 11:01


"As grandes tarefas das revoluções só foram realizadas porque as classes avançadas repetiram os seus ataques, não uma ou duas, mas várias vezes. E alcançaram a vitória, ensinadas pelas experiências das derrotas. Os exércitos derrotados aprendem com as suas derrotas e é à custa delas que aprendem a triunfar”, Lenin.

Rondó da Liberdade

28 Dec, 20:09


99% da esquerda brasileira não sabe analisar a conjuntura política

“É um equívoco a tendência de esquerdistas e reformistas de discutir a conjuntura tendo como referência o governo, e não a luta de classes, e, igualmente, a de ver a conjuntura de modo estático, como uma fotografia da luta social num determinado momento”, Aton Fon Filho em “O Nome do Jogo é Política”, em Cadernos de Debates da Consulta Popular, 2010.

Prossegue Aton Fon Filho, “não se nega a influência e importância da ação ou inação governamental para a luta de classes, mas NÃO podem ser consideradas fatores EXCLUSIVOS ou os MAIS IMPORTANTES, desconsiderando que o FOCO deve estar nas PRÓPRIAS LUTAS SOCIAIS e possibilidades de seu acionar, e não no que o governo pode ou deve fazer. São essas perspectivas que deverão ser consideradas para se definir o posicionamento a adotar, inclusive frente ao governo”.

Um dos melhores fatores para medir a disposição de luta proletária é o número de greves, sua tendência e seu conteúdo. Lenin já havia demonstrado a relação existente entre o movimento grevista e a capacidade de luta das massas no texto "Sobre a Estatística das Greves na Rússia", de 1910.

Por exemplo, no Brasil, entre 1978 a 1989, um período de ofensiva operária e popular, foi também um período de ascensão no número de greves. Já com o início da ofensiva neoliberal no país, durante a década de 90, as greves começaram a declinar.

De 2017 para cá, o número de greves no Brasil vem caindo (saiu de um pico de mais de 2 mil greves ao ano, entre 2013 e 2016, para pouco mais de 1 mil atualmente). E são cada vez mais defensivas (cerca de 80% delas). Esse é um indicativo de descenso das lutas de massa.

É claro que esse dado não é único, nem absoluto. Mas esse refluxo pode ser confirmado, por exemplo, pelo declínio no número de sindicalizados, de ocupação de terras e de manifestações políticas da esquerda nos últimos anos. Além disso, a dispersão da vanguarda é crescente no país desde 2017, podendo ser retratado, por exemplo, pelo esfacelamento que sofreu a Frente Brasil Popular ou pelos rachas nas organizações partidárias.

Não se pode esperar um “cavalo-de-pau” no refluxo da luta popular. A dialética materialista já demonstrou que as mudanças qualitativas na conjuntura, embora sejam efetuadas por saltos, não são súbitas, elas são precedidas e preparadas por mudanças quantitativas. “As transformações quantitativas, acumulando-se pouco a pouco, tornam-se, finalmente, transformações qualitativas. Estas transições se efetuam por saltos e não podem efetuar-se de outra forma”, G. Plekhanov em “Os saltos na natureza e na história”.

Nesse cenário, estão equivocados aqueles que fazem uma oposição ao governo Lula acreditando que é possível ganhar uma rápida adesão da massa para propostas mais radicais. Assim como estão igualmente equivocados os que tentam blindar de críticas o governo Lula, pouco disposto aos enfrentamentos políticos possíveis e sem perspectiva de favorecer a organização e a luta revolucionária das massas.

A relação dos comunistas com o governo não pode ser outra senão de unidade e luta. Unidade quando enfrenta o fascismo e a burguesia, e luta quando cede terreno a esses. Não cabem falsos atalhos ou reboquismo. A retomada da disposição e das lutas operárias exige da vanguarda muito mais que boas posições em relação ao governo. Exige a sua vinculação orgânica com as lutas econômicas dos trabalhadores e um trabalho de propaganda paciente. São as massas que permitirão a virada de jogo.

Rondó da Liberdade

28 Dec, 15:15


O Rondó da Liberdade, comparado a outros anos, teve um crescimento menor em 2024. Nossa página é construída junto com outras frentes de luta: uma organização partidária (a Consulta Popular), sindicatos e movimentos populares (de moradia, estudantis, camponeses, entre outros). As redes virtuais são muito importantes, só que precisam se completar com redes físicas, composta por militantes em contato, luta e organização com trabalhadores. Tivemos que deslocar energias para lá. Neste momento, a disposição de luta dos trabalhadores no Brasil está baixa, a organização das vanguardas está dispersa e isso tudo influi sobre os militantes. Porém, como 2+2 são 4, temos a certeza de que vamos virar esse jogo. Construiremos um Brasil capaz de crescer e de democratizar suas riquezas, até que não exista mais qualquer classe oprimida e o livre desenvolvimento de cada um seja a condição para o livre desenvolvimento de todos. Em 2025, vamos colocar mais energia nas redes. Começaremos a produzir vídeos e faremos alguns cursos. Será um ano de muita propaganda revolucionária, em torno da conjuntura brasileira e mundial. Obrigado por acompanhar, apoiar, interagir e ajudar a multiplicar. Desejamos a todos um Feliz Ano Novo!

Rondó da Liberdade

28 Dec, 11:00


Existe uma lenda que o Movimento 26 de Julho, em Cuba, era horizontal, sem direção política. Veja um trecho da carta de Frank País, um dos seus principais quadros, assassinado no processo revolucionário, a Fidel Castro, que desfaz esse mito:

“Decidimos audazmente repensar todo o Movimento. Pela primeira vez, a Direção foi centralizada em poucas mãos, foram separadas e fixadas claramente as distintas responsabilidades e trabalhos do Movimento, e nos demos a tarefa de torná-lo mais ativo e pujante. Mais uma vez, tivemos que insistir muito sobre a organização e a disciplina”, carta de Frank País "por la Dirección Nacional del M-26-7" a Fidel Castro), 7 de julho de 1957.

Rondó da Liberdade

27 Dec, 19:27


Sem expansão, violência e expropriação o capitalismo não se sustenta.

Rondó da Liberdade

27 Dec, 11:01


“O processo de construção de um partido político é um percurso longo, cheio de altos e baixos e entremeado de crises”, Apolônio de Carvalho em “Vale a pena sonhar”.

Rondó da Liberdade

26 Dec, 14:49


Napoleão explica como fazer agitação política

Rondó da Liberdade

26 Dec, 11:00


26 de dezembro de 1893, nascimento de Mao Tsé-Tung.

“Há que ser aluno antes de chegar a ser professor; antes de dar ordens, há que consultar os quadros dos escalões inferiores. Todos os birôs do Comitê Central e todos os comitês da frente do Partido devem agir desta maneira para tratar qualquer problema, salvo nas situações militares de urgência ou quando as questões já estão esclarecidas. Longe de afetar o prestígio pessoal, isso não pode senão elevá-lo. Desde que as nossas decisões englobem a visão correta dos quadros dos escalões inferiores, é evidente que estes as apoiarão. Aquilo que dizem os quadros dos escalões inferiores pode ser ou não ser correto; depois de escutar, há que analisar. Nós devemos escutar os pontos de vista corretos e agir de acordo com eles. A principal razão por que a direção do Comitê Central é justa está no fato de ela fazer a síntese dos materiais, relatórios e opiniões justas que lhe vêem de diferentes regiões. Seria difícil ao Comitê Central dar ordens justas, se as organizações locais não lhe fornecessem materiais e não exprimissem as suas opiniões. Também devemos escutar os pontos de vista incorrectos vindos de baixo. Seria errôneo não lhes prestar atenção alguma; contudo, esses pontos de vista não devem ser seguidos, mas sim criticados”, Mao Tsé-Tung em “Métodos de trabalho dos comitês do partido”.

Rondó da Liberdade

25 Dec, 12:01


“Chegara finalmente o Natal de 1905. Para a nossa família, o Natal foi triste e pesado. Quase nada tínhamos para comer. Nem mesmo tomamos um gole de café. Já no fim do ano, chegou inesperadamente o meu pai, que vinha me buscar, trazendo notícias da família e da lavoura, que estava em pleno desenvolvimento, e um pouco de mantimentos para vovó, para comemorarmos o dia de Ano-Novo. Porém a boa surpresa, mesmo para todo o povo, foi a queda inesperada de uma chuva torrencial e demorada, que fez transbordar tudo que foi de barreiros, pequenos açudes, cacimbas, poços e caldeirões, e ensopou satisfatoriamente toda a terra.

O povo ia e vinha, percorrendo campos, caminhos e veredas, de casa em casa, ziguezagueando de roçado em roçado, de caldeirão em caldeirão, de açude em açude e por toda parte onde havia água acumulada. Visitavam-se simultaneamente. Cantavam, sorriam, assobiavam e dançavam ao som dos velhos e desafinados realejos, o que me encantava acima de tudo. Houve mesmo quem soltasse fogos no ar. Como e onde arranjaram não é fácil dizer. Outros gastaram seus estoques de pólvora destinados aos festejos juninos, com suas ronqueiras e bacamartes boca de sino. Até os pássaros surgiram como por encanto, saltitando e cantando alegremente de galho em galho nas árvores e arbustos ainda ressequidos e desfolhados pela grande e pavorosa estiagem. Também a saparia não faltou, cantando a sua sinfonia inacabável, em todos os lugares onde havia água acumulada. Foi uma festa coletiva, do povo e dos animais, todos vítimas da fome e do desamparo criminoso do governo”, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

25 Dec, 10:37


https://sesc.digital/conteudo/filmes/cinema-em-casa-com-sesc/brizola-anotacoes-para-uma-historia

🎁 Novo documentário sobre Brizola, de Silvio Tendler.

Feliz Natal!

Rondó da Liberdade

24 Dec, 15:00


Quem paga o almoço da Folha?

No sábado (21), a Folha de S.Paulo publicou um editorial com o título “A conta do almoço grátis chega cedo ou tarde”. O jornal, em linguagem cifrada, critica o aumento do salário mínimo e do Bolsa Família, promovidos pelo governo Lula em 2023, e exige que o governo faça cortes nos direitos dos trabalhadores, chamados ali de “gastança”.

Desde 1962, a Folha de S.Paulo é propriedade da família Frias. Embora a empresa não torne públicos seus resultados financeiros detalhados, sabe-se que o mercado de mídia brasileiro enfrentou grandes dificuldades econômicas nos últimos anos. A transição para plataformas digitais e mudanças nos hábitos de consumo de notícias afetaram seriamente as finanças das empresas do setor.

Ocorre que a família Frias não depende das vendas do jornal. Antes de adquirir a Folha, Octavio Frias de Oliveira já era um grande capitalista do setor financeiro. Ele foi acionista-fundador do Banco Nacional Imobiliário (BNI), que operava com financiamento e crédito para o setor da construção civil e mercado imobiliário, e fundou a empresa Transaco - Transações Comerciais, especializada na venda de ações.

Atualmente, a família Frias é proprietária do PagSeguro, uma empresa de meios de pagamento, e do PagBank, uma plataforma digital que oferece serviços bancários, incluindo abertura de contas, cartões e empréstimos. Em 2019, Luiz Frias adquiriu o controle do Banco Brasileiro de Negócios (BBN), por meio da BS Holding Financeira.

Além disso, a Folha conta com financiamento de grandes grupos econômicos, que, através dos anúncios, garantem indiretamente a defesa de seus interesses. Os principais anunciantes da Folha incluem instituições financeiras, como o Bradesco e o Itaú, além de empresas dos setores automotivo, imobiliário, alimentação, bebidas, e outros setores econômicos.

Ou seja, desde a sua fundação, a Folha é um jornal de banqueiros, bancado pela grande burguesia e que que serve para a defesa dos seus interesses políticos e econômicos.

A atuação política da Folha é recorrente em sua história. Assim como outros grandes empresários, a família Frias apoiou ativamente a ditadura militar de 1964, seja por meio de suas publicações ou até mesmo por apoio logístico. Veículos da Folha eram utilizados por agentes do regime militar, inclusive por grupos de repressão como o DOI-CODI. Em 2009, um editorial do jornal utilizou o termo “ditabranda” para descrever a ditadura militar, minimizando as torturas, assassinatos políticos e a repressão contra os trabalhadores. Em 2016, a Folha adotou uma posição favorável ao impeachment de Dilma Rousseff.

Se um ajuste fiscal é realmente necessário, como está alegando a Folha, que não seja feito no prato dos trabalhadores. Existem muitas maneiras de fazer o ajuste, ele pode ser feito no prato farto do agronegócio, reduzindo o financiamento público e subsidiado do Plano Safra e eliminando os privilégios fiscais da Lei Kandir. Também pode ser feito no banquete dos banqueiros, como o da família Frias, fazendo com que os ricos paguem mais impostos que os pobres e reduzindo a Selic, que transfere bilhões aos bancos.

A Folha fala de corte de gastos, mas mira apenas os direitos trabalhistas e sociais. Dê o exemplo família Frias: parem de cobrar do trabalhador e cobrem de quem pode pagar mais, cobrem dos banqueiros e bilionários deste país. Afinal, como vocês mesmos dizem, não existe almoço grátis.

Rondó da Liberdade

09 Dec, 11:00


“A classe capitalista entrega constantemente à classe trabalhadora, sob a forma-dinheiro, títulos sobre parte do produto produzido por esta última e apropriado pela primeira. De modo igualmente constante, o trabalhador devolve esses títulos à classe capitalista e, assim, dela obtém a parte de seu próprio produto que cabe a ele próprio. A forma-mercadoria do produto e a forma-dinheiro da mercadoria disfarçam a transação”, Karl Marx em “O Capital”.

Rondó da Liberdade

08 Dec, 11:01


08 de dezembro de 1898, morre o abolicionista radical Antônio Bento.

“Ao iniciar-se a década de oitenta, o abolicionismo entrou numa fase in-surrecional. A principio de forma quase espontânea,depois de forma organiza-da. Surgiram sociedades secretas cujo fito principal era instigar a rebelião das senzalas e promover a fuga dos escravos. Entre as organizações desse tipo, estão o Clube do Cupim em Recife e os caifazes em São Paulo. Faltam, no entanto, estudos sobre organizações desse tipo em outras regiões do Pais.

(…) Os calfazes foram organizados por Antonio Bento, filho de um farmacêutico, nascido em São Paulo, em 1841. Bento frequentara a Faculdade de Direito e depois de formado fora juiz de paz e juiz municipal. Nos cargos que ocupou, procurou sempre defender os escravos seguindo os passos de Luiz Gama. Profundamente religioso, colocou a religião a serviço dos escravos e da sua emancipação. Desde jovem, participou do movimento abolicionista.

(…) Os caifazes denunciavam pela imprensa os horrores da escravidão, defendiam na Justiça a causa dos escra vos, faziam atos públicos em favor da sua emancipação, coletavam dinheiro para alforrias e protegiam escravos fu-gidos. Suas atividades não paravam ai. Perseguiam também aos capitães-de-mato incumbidos de apreender escravos fugidos, sabotavam a ação policial e denunciavam os abusos cometidos por senhores, expondo-os à condenação pública. Procuravam, ainda através da imprensa e da propaganda, manter a população constantemente mobilizada.

(…) Os caifazes operavam tanto em São Paulo quanto no interior das Províncias instigando os escravos a fugir, fornecendo-lhes os meios, protegendo-os durante a fuga. Retiravam-nos das fazendas onde viviam como escravos, para empregá-los em outras como assala-riados. Encaminhavam-nos para pontos seguros, onde os escravos poderiam escapar à perseguição de seus senhores. Um destes lugares era o famoso Quilombo Jabaquara que se formara nos morros dos arredores de Santos.
Este quilombo chegaria a reunir mais de 10.000 escravos fugidos”, Emília Viotti da Costa em “A Abolição”.

Rondó da Liberdade

07 Dec, 11:01


Discurso de Rubens Paiva contra o golpe militar de 1964

“Meus patrícios, me dirijo especialmente a todos os trabalhadores, a todos os estudantes e a todo o povo de São Paulo, tão infelicitado por este governo fascista e golpista que, neste momento, vem traindo o seu mandato e se pondo ao lado das forças da reação.

Desejo conclamar todos os trabalhadores de São Paulo, todos os trabalhadores portuários e metalúrgicos da Baixada Santista, de Santos, da capital e das cidades industriais de São Paulo, em especial. Todos os universitários que se unam em torno dos seus órgãos representativos, obedecendo a palavra de ordem do Comando Geral dos Trabalhadores, do Fórum Sindical de Debates, dos sindicatos, da União Nacional dos Estudantes, das Uniões Estaduais e dos Grêmios Estudantis, para que todos, em greve geral, deem a sua solidariedade integral à legalidade que ora representa o presidente João Goulart.

O nosso presidente, ao tomar as medidas, tão reclamadas por todo o nosso povo, medidas que nos conduzirão indiscutivelmente à nossa emancipação política e econômica definitiva, realmente prejudicou os interesses de uma pequena minoria de nossa terra. Pequena minoria, entretanto, que detém um grande poder, todo o poder econômico deste país, todos os órgãos de divulgação, os grandes jornais e as estações de televisão.

É indispensável, portanto, que todo o povo brasileiro, os trabalhadores e os estudantes de São Paulo, em especial, estejam atentos às palavras de ordem que emanarem aqui da Rádio Nacional e de todas as outras rádios que estejam integradas nesta cadeia da legalidade. Julgamos indispensável que todo o povo se mobilize tranquila e ordeiramente, em defesa da legalidade, prestigiando a ação reformista do presidente João Goulart, que neste momento está, com o seu governo, empenhado em atender a todas as legítimas reivindicações de nosso povo. É indispensável que se processe de uma vez por todas a divisão da riqueza brasileira entre todos os seus habitantes.

Não é possível que nós tenhamos marginalizados mais da metade dos habitantes deste país, mais da metade dos habitantes do Brasil, sem condições de trabalho, sem saber de manhã para que local se dirigirem para ganhar o seu pão e alimentar a sua família. É com uma estrutura de reforma, é exatamente com as medidas preconizadas pelo governo federal que teremos condições realmente de integrar todos os brasileiros neste processo.

E com isto lucram os trabalhadores, que terão maiores condições de emprego. Com isso lucram os industriais, que terão a quem vender os seus produtos. Com isto lucram os comerciantes e toda a população deste país. O que se diz que o governo pretende acabar com o direito de propriedade, estabelecer o confisco de tudo que existe como propriedade privada, é uma grande mentira, uma grande farsa.

O que se pretende realmente, trabalhadores e estudantes de São Paulo, é tornar este governo incompatibilizado com a opinião pública sobre uma onda de mentiras e uma imagem deformada. O presidente João Goulart, em suas reformas, visa tão somente dar ao povo brasileiro uma participação na riqueza deste país.

Este momento nacional é o momento decisivo em que o povo brasileiro pode ter a felicidade de ver realizada toda a sua revolução dentro do processo da legalidade democrática, prestigiando o presidente da República e esta legalidade. É indispensável, entretanto, para isto, que o presidente e o governo contem com toda a mobilização da opinião pública, todos os trabalhadores, todos os estudantes, os intelectuais e o povo em geral, para que pacífica e ordeiramente digam um não e um basta a esses golpistas que pretendem cada vez mais prestigiar a pequena minoria privilegiada.

Está lançado inteiramente para todo o país o desafio, de um lado, a maioria do povo brasileiro, desejando as reformas e desejando que a riqueza se distribua, ao lado da legalidade do presidente João Goulart.

Os outros são os golpistas que devem ser repelidos e desta vez, definitivamente, para que o nosso país veja realmente o momento da sua libertação raiar”.

Rondó da Liberdade

05 Dec, 13:31


https://youtube.com/live/50wng1Faqdo?feature=share

Começa às 11h

Rondó da Liberdade

04 Dec, 11:02


“Qual deve ser o comportamento de um revolucionário na prisão: 1) Defender sua causa e não sua pessoa; 2) Mostrar-se física e politicamente corajoso; 3) Não prestar informações ao inimigo sobre o que ele deve ignorar; 4) Atacar o regime acusador; 5) Dirigir-se, por cima da cabeça do juiz, às massas; e 6) Não confiar sua defesa aos advogados”, Carlos Marighella em “Se fores preso, camarada…“.

Rondó da Liberdade

03 Dec, 11:02


“A persistência é a melhor qualidade do revolucionário”, Carlos Marighella.

Rondó da Liberdade

02 Dec, 11:01


“A esperança dança
Na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar
Azar
A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar” em
O Bêbado e a Equilibrista, composição de Aldir Blanc e João Bosco, eternizada na voz de Elis Regina.

Rondó da Liberdade

30 Nov, 11:01


O surgimento das Ligas Camponesas

“Esse tipo de organização [Ligas Camponesas], com esse nome, começou a surgir depois de 1945. Antes, existiam organizações com o mesmo objetivo reivindicativo, porém com outros nomes. Essas primeiras formas de organização tinham, quase sempre, o nome de um santo ou santa, por exemplo: Uniões Camponesas Santa Teresinha, Irmandade Camponesa Santa Madalena, Associação Camponesa São João e outros tantos, conforme as preferências da massa. A utilização de nomes religiosos tinha por objetivo proteger-se da reação governamental, latifundiária e da própria Igreja, que, naquela época, era totalmente contra qualquer organização camponesa. A Igreja era instrumento consciente dos latifundiários e do patronato rural. Assim, não podia deixar de ser sistematicamente anticomunista e classificava qualquer luta reivindicativa dos camponeses de "agitação comunista". Defendia a repressão violenta de qualquer tipo de organização e movimento em defesa dos interesses da massa. Depois da gigantesca vitória das Nações Aliadas contra o fascismo e o nazismo, houve um afluxo de liberdade em quase todos os países. O avanço da democracia se refletiu também no Brasil. Sob forte pressão das massas, foram libertados os presos políticos depois de mais de dez anos de prisão. O Partido Comunista foi legalmente reconhecido após 23 anos de dura clandestinidade. Foi a partir de então que se organizou a atuação dos comunistas no campo”, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

29 Nov, 11:01


“Foi a luta pelas reformas de base que permitiu mobilizar e aglutinar grande conjunto de forças sociais e esboçar, de 1963 a 1964, uma situação pré-revolucionaria no Brasil. Os militantes comunistas puderam aplicar uma orientação tática ajustada à realidade concreta e coerente com a linha política”, Jacob Gorender em “Combate nas Trevas”.

Rondó da Liberdade

28 Nov, 15:27


“Os revolucionários são herdeiros da História”

Miguel Trujillo, ex-militante do PCB, lutou contra a ditadura militar e nas revoluções em Moçambique e Angola. Segue lutando pelo socialismo.

Rondó da Liberdade

28 Nov, 11:00


Quartim de Moraes e o necessário recuo nas ações armadas

“Já então [final de 1968], a VPR enfrentava sua primeira dissensão interna. Membro da Coordenadoria Geral, o professor universitário João Quartim de Moraes propôs o recuo momentâneo das ações armadas. Argumentou que elas tinham sido bem assimiladas enquanto levadas a efeito na crista do movimento de massas, ao passo que o evidente refluxo das lutas operárias e estudantis deixaria novas ações armadas a descoberto, desprovidas de anteparo político. A proposta conflitava com o militarismo extremo da VPR, cuja direção justamente naquele momento preparava a execução do mais audacioso de seus planos.

Por enquanto restrita a São Paulo, a organização contava com cerca de duzentos militantes, dos quais cinquenta revolucionários de tempo integral.

Batizada de Congresso da Praianada, porque realizada nos começos de dezembro de 1968 no litoral paulista, a reunião de uma dezena de dirigentes terminou dando maioria a João Quartim. Junto com Wilson Egídio Fava (Amarelo) e Valdir Carlos Sarapu fundadores históricos da VPR, formou a nova direção. Acontece que a composição do Congresso da Praianada não expressava a verdadeira relação de forças na militância, favorável a Onofre Pinto. Este destituiu Quartim da direção e expulsou da VPR, em janeiro de 1969. Quartim se exilou na Europa, seguido por Fava e Sarapu, algum tempo depois”, Jacob Gorender em “Combate nas Trevas”.

Rondó da Liberdade

27 Nov, 11:01


Apolônio de Carvalho: depois de 1969, as opções eram recuar momentaneamente da luta armada ou abandonar as grandes cidades

“No início de 1969, a situação política se modifica. A repressão endurece e leva à retração do movimento de massas. As primeiras greves, de Osasco e Contagem, têm seus dirigentes perseguidos e são suspensas. O movimento estudantil reflui. A oposição liberal está amordaçada pela censura à imprensa e pela cassação de mandatos. Por meio da repressão generalizada, a ditadura militar se distancia mais e mais do povo, a que teme e odeia. Golpeá-la, tanto em seu sistema de apoio como em seus compromissos diplomáti-cos, tem o sabor novo da constatação de sua vulnerabilidade. Se, porém, o regime militar está no cume da impopularidade, o sentimento de oposição não encontra formas ou canais próprios de expressão.

(…) A segunda metade de 1969 é, no entanto, época de novos impasses. Antes de mais nada, ela marca uma nova qualidade da repressão militar e o início, já sem máscara, do terrorismo oficial-a passagem à eliminação sumária das lideranças e dos militantes mais abnegados e capazes.

Tal repressão agravada e seus crimes impelem mais fortemente à resposta armada imediata. Na realidade, os demais caminhos estão vedados. A cimentar esta tendência, a atração da guerrilha rural já é tão grande, que não se é capaz de refletir sequer sobre a advertência da dolorosa passagem de Che Guevara pela Bolívia, sobretudo por seu profundo isolamento das massas populares desse país. No Brasil mesmo as muitas prisões de militantes e o assassinato de Marighella pela polícia põem a nu a fragilidade da esquerda, e dão claros indícios do impasse a que estão levando as ações de guerrilha.

Duas possibilidades se colocam: recuar transitoriamente do confronto direto, que começa a se revelar suicida, assegurando caminho para a continuidade do combate; ou abandonar as grandes cidades, em busca no interior de áreas próximas às faixas de guerrilha rural prioritárias”, Apolônio de Carvalho em “Vale a Pena Sonhar”.

Rondó da Liberdade

26 Nov, 16:09


Foto histórica, tirada na base aérea do Galeão, Rio de Janeiro, de 13 dos 15 presos políticos trocados pelo embaixador dos EUA sequestrado, Charles Elbrick, antes de partirem para o exílio no México. Os últimos dois subiriam a bordo do Hércules C-56 no meio da viagem.

Os 15 presos políticos pedidos em troca do embaixador eram: Luís Travassos; José Dirceu; Vladimir Palmeira; José Ibrahim; Flávio Tavares; Gregório Bezerra; Onofre Pinto; Ricardo Villas Boas; Ricardo Zaratini; Rolando Fratti; Agonalto Pacheco; Mário Zanconato; Ivens Marchetti; Leonardo Rocha e Maria Augusta Carneiro.

Rondó da Liberdade

26 Nov, 11:01


“A ação política nunca perde sua natureza de arte, por mais que se fundamente em conhecimentos teorizados. Arte significa, no caso, a relação criativa com os homens, os movimentos sociais e as instituições. Que não se aprende nos livros, pois deve ser vivenciada e intuitiva. O que distingue o revolucionário comunista não é a ausência de intuição, mas a potenciação desta pela ciência social marxista”, Jacob Gorender em “Combate nas Trevas”.

Rondó da Liberdade

25 Nov, 13:56


Para aprender com Fidel Castro, falecido a oito anos atrás, num 25 de novembro de 2016 🇨🇺

*Discursos de Fidel Castro, de 1º de Janeiro de 1959 a 22 de Fevereiro de 2008: http://www.cuba.cu/gobierno/discursos/*

*Fidel, Soldado de las Ideas, com numerosos livros de Fidel ou sobre Fidel Castro: http://www.fidelcastro.cu/es*

*livros de Fidel Castro ou sobre Fidel para baixar no libgen: http://libgen.is/search.php?req=Fidel+Castro&open=0&res=100&view=detailed&phrase=1&column=def*

Rondó da Liberdade

25 Nov, 11:46


https://aterraeredonda.com.br/fissuras-no-campo-bolsonarista-episodio-2/

Rondó da Liberdade

25 Nov, 11:22


Apolônio de Carvalho: Não basta o heroísmo. São necessárias as bases sólidas do conhecimento da realidade

Em setembro de 73 caíam os últimos combatentes. Condenados à morte como "irrecuperáveis" pela ditadura militar, banidos no interior mesmo de seu próprio país, isolados da população a que dedicaram anonimamente seu sacrifício e sua vida, eram os sobreviventes da VAR, da ALN, da VPR, do PCBR e de outros grupos e organizações.

Eram os momentos finais, com equívocos e a coragem da desesperança, de uma luta generosa, toda voltada para nosso povo.

Mas, e nisto reside a angústia maior de seu sacrifício, ignorada pelo próprio povo. Isolada da sociedade em todo o seu percurso, sua imagem continua, ainda hoje, desconhecida de nossa juventude e da grande massa da população.

Uma derrota que me fez lembrar várias outras, distantes ou recentes. Como as de novembro de 35, maio de 47, agosto de 54 e, bem mais perto, a de abril de 64.

Em todas elas encontramos os mesmos anseios de justiça e liberdade. A mesma sede de igualdade. A mesma recusa aos contrastes e injustiças sociais, e aos regimes de arbítrio, que insistem em repetir-se. E a mesma autodoação, generosa e exemplar.

Eu próprio já sentira, outras vezes, o mesmo entusiasmo juvenil e a mesma ousadia de desafiar, sempre de modo improvisado, os grupos privilegiados tradicionais e as ditaduras recentes. E a mesma confiança sem falhas na possibilidade e na proximidade da vitória.

E em consequência as mesmas surpresas. E as mesmas lições. Algo que insiste em renovar-se na história da esquerda, freqüentemente dividida, toda ungida da condição de porta-voz do povo e da justeza de suas lutas, sonhadora e capaz de todos os heroísmos e sacrifícios. Mas sem as bases sólidas do conhecimento de nossa realidade, nem o indispensável empenho de unidade das forças políticas e sociais interessadas em sua transformação. E - também hoje - ainda sem memória”, Apolônio de Carvalho em “Vale a Pena Sonhar”.

Rondó da Liberdade

24 Nov, 17:07


Em discurso na Rádio Nacional, em 1º de abril de 1964, dia que avançava o golpe militar.

Rondó da Liberdade

24 Nov, 11:00


O distanciamento entre as circunstâncias conjunturais e a retórica

“Algumas correntes pareciam disputar em leilão o avanço das propostas. Dirigentes perdiam a capacidade de avaliar, com aproximação correta, o estado de consciência das massas, sua disposição de seguir certas palavras de ordem, as circunstâncias conjunturais etc. O distanciamento entre realidade e retórica chega a extremos naquelas correntes cujo desajuste tático as mantém marginalizadas do movimento de massas. Tal o caso mais característico da POLOP e do PC do B.

No livro O caminho da revolução brasileira, escrito no final de 1962, o dirigente polopista Moniz Bandeira afirmou que o dever das vanguardas era o de preparar as massas para o levante armado, para a insurreição e a tomada do poder. No seu contexto teórico e em termos práticos, naquela conjuntura, a palavra de ordem só podia ganhar a forma concreta de derrubada do governo Goulart. Exatamente neste sentido já se orientavam os golpistas de direita.

Algo semelhante se dava com o PC do B, em 1963 e começos de 1964. O quinzenário A Classe Operária concentra o fogo sobre Goulart e prega sua derrubada pela violência. O golpismo de direita, o IBAD, o IPES, a UDN, Bilac Pinto e Lacerda, as intromissões descaradas do embaixador Lincoln Gordon - tudo isto tem espaço diminuto no periódico. Ao contrário de Novos Rumos, o semanário do PCB, que dedica numerosos editoriais e reportagens à denúncia do golpismo de direita. Se tivesse, poderio efetivo naquela fase do seu surgimento, o PC do B se veria, a 31 de março de 1964, ao lado dos generais e empresários que comandaram o golpe, apoiados pelo imperialismo norte-americano. Seria uma repetição mais desastrosa do descompasso tático do PCB no momento da deposição de Vargas”, Jacob Gorender em “Combate nas Trevas”.

Rondó da Liberdade

23 Nov, 15:00


Em 23 de novembro de 1990 morreu Caio Prado Jr.

“Se vamos à essência da nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde ouro e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o comércio europeu. Nada mais que isso.”Caio Prado Jr. em “Formação do Brasil Contemporâneo”

Rondó da Liberdade

23 Nov, 11:01


23 de novembro, tem início o Levante Comunista de 1935. A seguir, as críticas de um cangaceiro ao Levante:

“Ali, recebi a primeira visita do meu velho amigo Antônio Silvino e, depois, a de outro amigo, meu ex-chefe de rancho na Casa de Detenção na época em que estive lá como preso comum, Gerson de Moraes Melo. Nesse momento, era ele o secretário da Casa de Detenção do Recife. Antônio Silvino, na intimidade, fez algumas críticas ao movimento, achando que o assalto deveria ter sido simultâneo e bem dirigido e que havíamos agido de maneira precipitada. Achava que os integralistas eram mais numerosos que os maximalistas e, além disso, tinham a proteção do governo, da Igreja e dos ricos donos das terras, dos bancos e das fábricas; afirmou que sentia não ver a vitória da "lei do maximalismo" porque estava no fim da vida.

Diariamente, ia visitar-me na enfermaria. Conversávamos muito sobre o tempo em que vivera no cangaço. Ensinou-me como deveria lutar nas caatingas e nos sertões, contou-me suas peripécias, seus sofrimentos e suas alegrias, suas vitórias e suas derrotas, sobretudo a obediência e a ordem que devem reinar num grupo de cangaceiros. Falou sobre os choques e os grandes combates com os ‘macacos’ - esse era o nome que ele e seu bando davam às forças policiais que os perseguiam”, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

22 Nov, 11:01


“Os partidos marxistas têm a obrigação de solidariedade com todos os países socialistas, mas precisam também sustentar uma atitude de independência com relação aos partidos comunistas já no poder, sem distinção preferencial por qualquer deles. (…) São tão diversas as realidades nacionais de cada país e de cada realidade histórica que a repetição mecânica de modelos de outros países só produz efeitos nocivos, conforme o demonstrava a própria experiência brasileira. Se é útil e necessário aprender com os ensinamentos das revoluções vitoriosas, a pretensão de copiá-las resulta estéril”, Jacob Gorender em “Combate nas Trevas”.

Rondó da Liberdade

21 Nov, 11:01


“O racismo é uma ideologia. E neste caso, uma ideologia de dominação. Isto é, um conjunto estruturado de idéias cuja função prática é encobrir e justificar a dominação de uma classe sobre a outra. (…) O dominador não deve mostrar ‘seu jogo’, sua dominação econômica e política (por isso mesmo cultural e ideológica) sobre o dominado, em seu nível histórico, mas atribuir à ‘natureza’, com pseudo-argumentos científicos tidos por todos como válidos, à própria ‘vontade divina’ (com citações bíblicas tiradas de seu contexto original), a ‘superioridade’ da raça (na realidade a classe) branca (na realidade burguesa) sobre a raça (na realidade a classe assalariada e explorada) negra (na realidade o proletariado, o camponês, o ‘exército de reserva’ como força de trabalho potencial). Esta ‘inversão’ e ‘ocultamento’ ideológico encerra o mistério do racismo”, Henrique Dussel em “Racismo, América Latina Negra e Teologia da Libertação”.

Rondó da Liberdade

20 Nov, 13:15


“O Brasil foi o último país a abolir a escravidão. Apesar disso, o processo foi lento e difícil. Para ele, muito contribuiram as transformações sociais e econômicas por que passou o País no decorrer do século XIX. Igualmente importante foi a Campanha Abolicionista que contribuiu para desacreditar mais ainda o sistema escravista. As leis emancipadoras aprovadas pelo Parlamento tiveram um resultado psicológico importante, pois condenaram a escravidão a desaparecer gradualmente. Isso forçou os proprietários de escravos a pensarem em soluções alternativas para o problema da mão-de-obra. Mas foi apenas quando os escravos decidiram abandonar as fazendas em número cada vez maior, desorganizando o trabalho, que os fazendeiros se viram obrigados a aceitar, como inevitável, a Abolição.
Igualmente importante foi a adesão dos militares à causa abolicionista”, Emília Viotti da Costa em “A Abolição”.

Rondó da Liberdade

20 Nov, 11:01


“O que tornou Palmares diferente de todos os demais quilombos da história da escravidão no Brasil foi a sua dimensão territorial e a extraordinária capacidade de resistência de seus habitantes — o que também os mantêm ainda hoje como símbolos da luta dos afro-brasileiros pela liberdade e pelos seus direitos. ‘Esses negros são robustos e sofredores de todo trabalho, por uso e por natureza', dizia uma carta de 1687. ‘São muitos em número, e cada vez mais. Não lhes falta destreza nas armas, nem no coração ousadia.’ Em 1681, um grupo de moradores de Pernambuco reclamou, de forma desanimadora: ‘As nossas campanhas com os negros de Palmares não tem tido o menor efeito. Eles parecem invencíveis!’.

Durante todo o século XVII, a Coroa portuguesa moveu uma perseguição implacável contra o quilombo. Ao todo, foram enviadas dezessete diferentes expedições militares, sendo quinze luso-brasileiras e duas holandesas. No período que precedeu a destruição final do refúgio, entre 1672 e 1694, os quilombolas resistiram a nada menos que um ataque a cada quinze meses. Estima-se que, no total, as operações contra Palmares tenham custado aos cofres portugueses mais de 400 mil cruzados, três vezes o orçamento das oito capitanias brasileiras em 1612.8 Essa ofensiva tão grande e prolongada ocorreu não porque Palmares fosse um reino poderoso ou apresentasse qualquer ameaça real do ponto de vista militar, mas porque a sua simples existência desmentia e fragilizava os alicerces da própria ordem escravagista do Brasil colonial. Aceitar Palmares significaria admitir que os cativos teriam algum espaço, ainda que precário, de resistência à brutalidade dos seus senhores.

(…) A essa altura, do ponto de vista dos colonos e da Coroa portuguesa, Palmares tinha de ser aniquilado para que não servisse de exemplo às centenas de milhares de escravos que naquela época já compunham a maioria da população brasileira”, Laurentino Gomes em “Escravidão”.

Rondó da Liberdade

19 Nov, 11:01


Apolonio de Carvalho e o golpe militar

“Em 31 de março, por iniciativa do general Mourão Filho, espouca em Minas o golpe militar. Longamente anunciado, e olhado inicialmente com suspeita pelas próprias forças conservadoras, o movimento golpista entra agora no terreno dos fatos consumados.

No PCB, sequer se aceita a possibilidade de sua deflagração. Se es golpistas ousarem levantar a cabeça, nós a cortaremos, dissera Prestes em entrevista, poucos dias antes. O secretariado nacional confia cegamente no chamado dispositivo militar do governo Goulart. E não está só. Sete semanas antes, uma reunião ampliada do comitê central discutira as teses que seriam apresentadas ao VI congresso.

Nenhuma menção se fazia ao golpe militar reacionário que se preparava. Tampouco havia qualquer dúvida sobre o caminho pacífico da revolução.

Apesar do ascenso sem precedentes do movimento popular e da permanente agitação golpista nos quartéis, na imprensa e junto à população, o PCB não se preparara - e não mobilizara o movimento popular para fazer frente ao golpe conservador. Alimentava a ilusão de que o exército estaria conosco. Tudo dependia, assim, do governo Goulart e de seu dispositivo militar. As ilusões de classe pairavam sobre a esquerda que, até o último lance, acreditaria nas mentiras oficiais. Mesmo depois de desencadeado o golpe, o ministro da Justiça, Abelardo Jurema, repetiria de quinze em quinze minutos comunicados confortadores: os rebeldes estão encurralados em suas áreas de origem e o governo é senhor da situação. Saberíamos depois que ele já estava longe do Rio. Dirigia-se ao povo por meio de gravações.

Foi a atmosfera confiante que encontrei na reunião do comitê central, na manhã de 31 de março.

O partido dava a impressão de uma serenidade tomada de empréstimo. Na verdade, na véspera Prestes não conseguira encontrar o presidente João Goulart. Por isso nenhuma iniciativa fora tomada, exceto o apoio à greve geral que o CGT desencadearia à meia-noite - o que na prática paralisaria eventuais intentos de resistência. O caminho proposto, ao fim de rápida troca de informações, seguia o mesmo: esperar. Esperar pelo bem ou pelo mal, já que tudo dependia do governo.

(…) Ao meio-dia estamos na Cinelândia, inundada de estudantes. (…) Não longe de mim, um senhor, de uns 30 anos, saca uma arma, dá dois tiros de indignação para o alto, visando a sede do Clube Militar. Tentativa absolutamente inócua.

A resposta dos militares mostra, súbito, a imagem que até então se escondia: uma rajada de metralhadora com endereço e objetivo calculados. Não longe de mim, corpos caídos no chão. É o cartão de visita do golpe.

Dentro em pouco, assomam tanques. Ainda iludida, a massa saúda-os como se fossem nossos. São tanques rebeldes, a caminho do Palácio Guanabara. Vão libertar o governador Carlos Lacerda. Meia hora se passa, e os muitos transistores na praça captam o discurso de Lacerda, saudando "a vitória das forças revolucionárias". Tomados pela visão mística do PC e de sua infalibilidade, e facilmente influenciados pelas mentiras oficiais, ainda hesitamos em crer.

Um companheiro, funcionário público, vem tirar-nos, providencialmente, dessa humilhante perplexidade. Vem da parte de Marighella. Recado lacônico e definitivo:

- É preciso acreditar. No momento tudo está perdido.

Eu perderia nesse 1° de abril o que me restava de ilusões quanto à infalibilidade do núcleo dirigente. E constataria quanto eu mesmo estava distante da imagem que me haviam aconselhado a admirar e assumir: a de militante de vanguarda. "Membro do Partido" - um brasão, um pertencer a certa linhagem nobre. Recordo, a propósito, uma frase de Maurice Thorez num congresso do PCF: "Nós, os comunistas, somos como as corujas: enxergamos no escuro." Na Cinelândia, os acontecimentos passavam por mim quase a galope. Não os tinha previsto, no mínimo que fosse. E estranhava.

Não tinha olhos nem ouvidos para reconhecer-lhes a realidade. O
"homem de vanguarda" sofria a maior humilhação de todo o seu percurso militante”, Apolonio de Carvalho em “Vale a Pena Sonhar”.

Rondó da Liberdade

18 Nov, 11:01


Rachel de Queiroz e Gregório Bezerra

“Os integralistas proliferavam desenfreadamente, apoiados pela burguesia, pelo clero e pelo que havia de mais reacionário, que era a burguesia rural. Desfilavam pelas ruas, fantasiados de verde e branco, com o sigma nos braços, fazendo "anauês" para certos figurões políticos situacionistas. Os desfiles dos "verdes” eram puxados por bandas de música oficiais. Andavam muito eufóricos porque Hiter hauxados assumido o poder na Alemanha. Os comentários nas esquinas mais movimentadas, nos bares e praças eram em grande número favoráveis ao fascismo e a Plínio Salgado. Este, apesar de ridicularizado pela massa mais esclarecida, era o líder inconteste daquela gente fanatizada e endeusado pelos magnatas do comércio, da indústria e da lavoura.

(…) A escritora Rachel de Queiroz estava para chegar a Fortaleza. Os "galinhas-verdes" assanharam-se para não deixá-la saltar no aeroporto da cidade. Foi à minha casa uma comissão antifascista de cinco pessoas para pedir-me ajuda na garantia do desembarque. Não vacilei. Mobilizei meus colegas da célula da Polícia Militar e não somente a protegemos como a conduzimos até a praça do Ferreira, onde estava programado um comício para ela falar ao seu povo.

Falou bem, atacou como devia o fascismo, concitou o povo a formar uma frente única antifascista. Outros oradores também falaram, inclusive o representante da Associação Operária. Ao comício compareceram muitos trabalhadores, elementos da pequena burguesia e da classe média e intelectuais antifascistas. Foi um dos melhores movimentos de massa realizados em Fortaleza desde janeiro de 1931.

Os oradores foram mais prudentes em relação ao clero e à burguesia e o linguajar foi mais moderado, o que agradou aos assistentes, tendo havido mesmo alguns comentários favoráveis na imprensa. Na imprensa mais democrática, é claro.

Todo mundo, inclusive eu, sabia que Rachel de Queiroz era uma militante do Partido Comunista, mas não sabíamos que havia sido expulsa do PCB. Trabalhamos com ela como se fosse uma militante comunista. Só alguns meses depois, quando ela e Jáder de Carvalho se desentenderam numa discussão em praça pública, num comício antifascista, a coisa ficou clara. Jáder a qualificou de trotskista e ela a Jáder de Carvalho de oportunista.

Eu, que ainda não tinha assistido a um duelo verbal entre dois intelectuais em praça pública, fiquei escandalizado e me retirei envergonhado. Dai por diante, Rachel foi se afastando lentamente do movimento de massas antifascisa. Jéder de Carvalho continuou. Logo que Rachel chegou a Fortaleza, um ou dois dias depois, empolgado por sua atitude e por sua participação ativa no movimento, fiz-lhe presente de um mosquetão novinho em folha, de marca espanhola, que trouxera da Revolução Paulista como troféu. Depois de sua briga com Jáder de Carvalho, mandou-me um recado para ir falar com ela.

(…) Em sua casa, Rachel de Queiroz queixou-se do PCB, das injustiças que teria sofrido, de sua expulsão. Segundo ela, o partido teria se transformado numa seita de aventureiros e sectários. Mas me disse que continuava antifascista, como franco-atiradora. Terminou aconselhando-me a abandonar o bando de oportunistas que só lutavam para angariar prestígio e nada mais e disse que eu iria prejudicar-me no meio daquela gente. Respondi que aquela gente eram as únicas pessoas em Fortaleza que empunhavam concretamente a bandeira antifascista e defendiam o socialismo. Ela respondeu-me:

- Defendem o socialismo de Stalin, que também é uma seita.

E desancou uma crítica dura contra a direção do PC da União Soviética. Eu era atrasado politicamente, não sabia revidar suas críticas. Mas respondi-lhe:

-É graças a essa seita e a Stalin que o socialismo está sendo construído vitoriosamente em uma sexta parte do mundo e é a única barreira que se antepõe ao fascismo.

-Você é um fanático, Bezerra. Vai se arrepender mais tarde. Lembre-se do meu conselho.

Estendeu-me a mão. Retirei-me, decepcionado com Rachel de Queiroz”, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

17 Nov, 11:00


“Como cimento e alicerces da sociedade capitalista, a escravidão, durante um período de tempo relativamente longo, foi um de seus elementos mais importante”, Clóvis Moura em “Rebeliões da Senzala: quilombos, insurreições, guerrilhas”.

Rondó da Liberdade

16 Nov, 14:00


Em 16 de novembro de 1894, nascia o general Henrique Teixeira Lott.

“Por que nós democratas de diferentes partidos, nacionalistas, socialistas, comunistas não conseguimos eleger o general Lott em 1960? Sobre essa campanha muito já se falou. A questão foi bastante discutida, a pergunta mereceu inúmeras respostas.

O general Lott era um patriota profundamente franco, honrado, sem experiência na vida política — e enfrentava um demagogo muito hábil e cheio de experiência. O presidente Juscelino Kubitschek só muito tardiamente deu apoio à candidatura Lott. O PSD sofreu um fracionamento eleitoral. Boa parte do PTB traiu seu candidato nominal à presidência da República em favor da “dobradinha Jânio-Jango". Houve, além disso, escassez de recursos financeiros para desfechar a gigantesca campanha eleitoral necessária no país inteiro. Os pronunciamentos de Lott em favor da reforma agrária radical e em defesa da Petrobras, além de outros de cunho nacionalista e progressista, exatamente por serem sinceros, assustavam determinados setores ligados ao imperialismo, desgostavam áreas conservadoras do PSD e dificultavam a obtenção de recursos provenientes dos ricos para sua campanha.

Jânio Quadros, por sua vez, precisamente por ser um demagogo astuto, podia explorar nos comícios a simpatia das massas populares pela Revolução Cubana, falando de sua ida a Cuba a União Soviética, sem que com isso deixassem de afluir para sua campanha recursos oriundos de círculos milionários e de organizações ligadas ao imperialismo.

E foi assim que o povo brasileiro perdeu a oportunidade de ter um excelente presidente da República”, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

16 Nov, 11:01


16 de novembro de 1949, Zélia Magalhães é assassinada pelo governo de Eurico Gaspar Dutra.

“Os comícios eram realizados com o conhecimento da polícia, eram oficializados; apesar disso, quase sempre terminavam em correrias, espancamentos, bombas lacrimogêneas, tiros, ferimentos graves e mortes, como foi o caso da jovem comunista Zélia Magalhães, assassinada barbaramente num comício realizado na Esplanada do Castelo. Foi um duplo assassinato, pois as balas que perfuraram o ventre materno perfuraram também o corpo inocente de seu filhinho, às vésperas de nascer! Zélia, na opinião da polícia, precisava morrer; dava muito trabalho aos tiras policiais. Era uma jovem dinâmica, corajosa, inteligente, verdadeira líder feminina, e não era a primeira vez que enfrentava bravamente a fúria policial no setor juvenil. Ela estava na mira da reação e tombou heroicamente na luta em defesa das liberdades democráticas contra os provocadores de guerra, contra os opressores do povo e da classe operária. A jovem Zélia Magalhães desapareceu, mas em seu lugar surgiram dezenas e dezenas de bases do partido com o seu nome e em sua homenagem, não só na Guanabara, como em todos os estados da Federação brasileira. Glória eterna à querida combatente da classe operária e do povo sofrido do Brasil!”, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

15 Nov, 11:01


“Se é evidente que não ficamos parados no tempo, é importante entender a forma como caminhamos. Experimentamos modernizações sucessivas e cumulativas. No entanto, por nunca terem nascido de rupturas claras, elas traziam consigo e projetavam para a frente características do passado, jamais superado de todo. A Independência política, em 1822, transferiu de Portugal para a Inglaterra a nossa dependência econômica; a tardia Abolição da escravatura, em 1888, manteve intacta a segregação social e a desvalorização cultural do mundo do trabalho; o advento da República, em 1889, não foi capaz de alterar nossa condição primário-exportadora; a Revolução de 1930, cealizada quando 80% da nossa população moravam no campo, não mexeu na estrutura da propriedade agrária. Relações diferentes surgiam, mas as antigas se renovavam e permaneciam decisivas nos novos contextos, embora mudassem de forma. Assim, passado e futuro estabelecem entre si uma convivência complexa, que se desdobra no tempo e confere ao trânsito entre “não-nação" e nação um caráter prolongado e tortuoso”, César Benjamin em “A Opção Brasileira”.

Rondó da Liberdade

14 Nov, 16:43


O identitarismo, Érika Hilton e a escala 6x1

É curioso observar que a equação “luta contra as opressões” = “lutas identitárias” é compartilhada tanto por aqueles que desqualificam a luta das mulheres, negros e LGBTs, como pelo identitarismo, que arroga para si o monopólio dessas lutas. Enquanto os primeiros assumem uma posição conservadora ou reacionária, contrária à luta de grupos sociais oprimidos, os segundos desejam impedir a vinculação dessas lutas à luta de classes, desviando-as da luta pela redistribuição da riqueza e da luta revolucionária.

Nesse sentido, cabe às organizações das classes trabalhadoras desenvolver uma orientação política distinta, que afirme a importância ou até mesmo a centralidade de algumas dessas lutas em determinadas conjunturas (como foi o black lives matter, nos EUA; ou a luta pelo direito ao aborto, na Argentina), mas imprimindo a elas uma perspectiva de classe, através de um programa baseado no interesse das mulheres, negros e LGBTs das classes trabalhadoras.

A PEC contra a escala 6x1 apresentada pela deputada trans Érika Hilton (Psol-SP), a partir da iniciativa de um vereador negro do Rio de Janeiro, Rick Azevedo (Psol-RJ), é um excelente exemplo de conjugação entre a força obtida na luta contra as opressões por esses parlamentares com a perspectiva das classes trabalhadoras.

Como se sabe, as mulheres, negros e LGBTs são populações marginalizadas nas relações de trabalho e na sociedade. Além das diferenças salariais, esses grupos sociais ocupam os empregos mais precarizados, com piores salários e jornadas de trabalho, submetidos a hierarquias e abusos diversos dos patrões. Dessa maneira, não é nem um pouco estranho que uma mulher trans e um jovem negro tenham assumido o protagonismo dessa luta, na medida em que a maioria dessas populações é composta por trabalhadores.

A PEC contra a escala 6x1 repercutiu enormemente nos últimos dias, ocupando o centro do debate público nacional. Por um lado, ela obteve amplo apoio popular, com mais de 2 milhões de assinaturas em abaixo-assinado que circula nas redes sociais. Por outro lado, as entidades empresariais foram a público rechaçar a proposta, reproduzindo o mesmo argumento de sempre, desde o fim da escravidão, que a redução da jornada faria a economia quebrar.

Além disso, o campo neofascista se dividiu: enquanto parlamentares como Nikolas Ferreira (PL-MG) se recusaram a assinar a PEC, outros saíram em sua defesa, como o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG). Nas redes sociais, militantes e simpatizantes da extrema-direita inundam as caixas de comentários pedindo pela assinatura de seus parlamentares.

A iniciativa capitaneada pela deputada Erika Hilton e pelo vereador Rick Azevedo assume um viés classista que ultrapassa a “representatividade” capitalista, que pode atender as mulheres, negros e LGBTs de classe média e da burguesia, mas não a grande maioria, composta por trabalhadores manuais e precarizados.

Essa articulação entre a luta contra as opressões e os interesses econômicos da classe trabalhadora, interditada pelas concepções liberais, possibilita a elevação da consciência das massas, desaguando na união dos trabalhadores na luta por mudanças profundas em nossa sociedade.

A repercussão da PEC contra a escala 6x1 apresenta uma janela de oportunidade para a esquerda, que pode voltar a se aproximar das massas através de uma bandeira de classe, que há muito tempo é apresentada pelo movimento sindical, mas sem o mesmo resultado.

Rondó da Liberdade

14 Nov, 11:00


“Observando-se o Brasil de hoje, o que salta à vista é um organismo em franca e ativa transformação e que não se sedimentou ainda em linhas definidas; que não ‘tomou forma’”, Caio Prado Jr. em “Formação do Brasil Contemporâneo”.

Rondó da Liberdade

12 Nov, 11:02


“Nos primeiros dias de novembro, arrebentou uma greve geral na Rede Ferroviária do Nordeste (RFN), orientada pelo partido, que paralisou todo o movimento ferroviário dos estados nordestinos (Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte). A greve, de caráter econômico e pacífico, visava antes de tudo, o aumento de salário e o atendimento a algumas reivindicações específicas dos ferroviários. A RFN, companhia inglesa, negava-se intransigentemente a aumentar os salários de seus servidores, que viviam em extrema miséria.

Os governos estaduais consideravam a greve ilegal, mas a massa, apesar de faminta e aos trapos, resistiu com firmeza. Foram criados comitês de greve e comissões de solidariedade, o povo mostrou-se simpático ao movimento grevista, e também nos quartéis criaram-se comissões de solidariedade de soldados, cabos e sargentos. Com isso, ia-se aos poucos aliviando a fome da grande família ferroviária. As polícias dos quatro estados tentaram prender os líderes ferroviários e pressionavam outros a voltar ao trabalho - praticavam toda sorte de banditismo contra os grevistas.

A “parede" continuava firme, tudo parado. Em alguns locais de trabalho, a empresa conseguiu alguns "fura-greves", mas a massa concentrou-se e forçou-os a retroceder. A reação, consciente da simpatia do povo pelo movimento grevista, tentou incompatibilizá-lo com os grevistas, dinamitando alguns pontilhões, arrancando trilhos e atribuindo a responsabilidade desses atentados aos trabalhadores em greve. O partido lançou centenas de milhares de boletins, denunciando a sabotagem e encorajando os grevistas a não ceder em nenhuma de suas reivindicações.

Na estação ferroviária de Socorro, onde ficava a Vila Militar do 21° Batalhão de Caçadores, o capitão Malvino Reis Neto, como oficial do Exército e chefe da Polícia do estado, tentou fazer uma locomotiva passar por cima das mulheres e dos filhos dos ferroviários, que haviam se deitado nos trilhos para impedir que a locomotiva circulasse como fura-greve.

Malvino Reis Neto não vacilou em mandar que a locomotiva passasse em cima daquela gente, mas a própria patrulha, que garantia o fascista Reis Neto, puxou o maquinista e o foguista e os jogou na calçada da estação. O truculento chefe de polícia bateu em retirada às pressas. Mas não ficou nisso: os jovens soldados, estimulados pela firmeza e pela coragem da massa ferroviária faminta e esfarrapada, abriram as portas da cantina do 21º Batalhão de Caçadores, que estava superlotada de gêneros alimentícios, e distribuíram tudo o que havia entre os familiares dos grevistas. Foi a maior prova de solidariedade e confraternização que os soldados poderiam ter prestado aos seus irmãos operários.

Fatos concretos de solidariedade iriam repetir-se no mesmo dia à noite, quando um oficial, o tenente Santa Rosa, mobilizou uma forte patrulha munida de granadas de mão para jogá-las contra os ferroviários que guarneciam a linha do trem. No trecho chamado "volta do caranguejo", houve uma detonação de arma de fogo e o projétil fez explodir uma granada no bolso do oficial, matando-o instantaneamente.

A greve dos ferroviários foi plenamente vitoriosa graças à solidariedade do povo e à calorosa confraternização da massa de soldados, e estes se sentiram entusiasmados e felizes por terem contribuído para a vitória de seus irmãos ferroviários”, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

11 Nov, 11:01


“Para desenvolver a consciência política, os operários, tratando-se dos sindicatos; os negros, tratando-se dos movimentos antidiscriminatórios raciais; os LGBTs, tratando-se dos movimentos antidiscriminatórios face à diversidade sexual; os sem-teto, tratando-se dos movimentos de luta por moradia, têm de ir não só à relação de todas essas demandas entre si, como à relação de todas elas com os racistas, os homofóbicos, os burgueses, etc.”, Aton Fon e Ricardo Gebrim em “Por onde anda a Consulta Popular?”, 2018.

Rondó da Liberdade

10 Nov, 16:42


O que é identitarismo?

A revolucionária Clara Zetkin relata que “o camarada Lenin falou-me várias vezes sobre a questão feminina, à qual atribuía grande importância, uma vez que o movimento feminino era para ele parte integrante e, em certas ocasiões, parte decisiva do movimento de massas. (…) Nossa primeira conversação longa sobre esse assunto teve lugar no outono de 1920”, em “Lenin e o Movimento Feminino”.

Nas palavras do líder bolchevique: “Somente através do comunismo se realizará a verdadeira libertação da mulher. É preciso salientar os vínculos indissolúveis que existem entre a posição social e a posição humana da mulher: isto servirá para traçar uma linha clara e indelével de distinção entre a nossa política e o ‘feminismo’ [o termo ‘feminismo’ tinha, então, um significado diverso do que é usado atualmente. Nos dias de hoje, poderia ser substituído no texto por ‘identitarismo’]”.

Continua Lenin, “esse ponto será mesmo a base para tratar o problema da mulher como parte da questão social, como problema que toca aos trabalhadores, para uni-lo solidamente à luta de classe do proletariado. O movimento comunista feminino deve ser um movimento de massas, uma parte do movimento geral de massas, não só do proletariado, mas de todos os explorados e de todos os oprimidos, de todas as vítimas do capitalismo e de qualquer outra forma de escravidão”.

É possível extrair do texto o conceito de identitarismo. O identitarismo é o rompimento do vínculo indissolúvel entre a posição social e a posição humana do grupo social oprimido (mulheres, negros, LGBTs, etc.), que é parte daquela. Em outras palavras, o identitarismo rompe o vínculo entre a opressão de classe e opressão de raça ou gênero, determinados por aquela.

A concepção identitária se apresenta de forma bastante heterogênea. Ela pode exprimir, por exemplo, que as mulheres são oprimidas porque os homens são essencialmente machistas, que os negros são oprimidos porque os brancos são essencialmente racistas, etc. Em todos os casos, restringindo-se a opressão a questões “humanas”, o identitarismo apaga a situação de classe. É a “dupla exploração” capitalista a que estão submetidas as mulheres e os negros trabalhadores, como disseram Lenin e Clara Zetkin, que dá origem ao machismo e o racismo.

A ideologia burguesa dissemina que a crítica ao identitarismo é uma crítica à própria defesa dos direitos das mulheres, negros e LGBTs. Dessa forma, estimula divisões nas organizações populares e impede a conexão da luta contra as opressões com a luta por reformas econômicas e, ainda mais, com a luta revolucionária pelo poder de Estado.

As lutas contra o racismo, o machismo, a LGBTfobia são uma alavanca importante para o despertar da consciência de classe. Porém, os revolucionários dirigem essa luta não só para obter concessões ideológicas das classes dominantes e algumas condições vantajosas de venda da força de trabalho para as mulheres, negros e LGBTs, mas mas para destruir o regime social que os inferioriza e os obriga a venderem sua força de trabalho.

Não devemos, portanto, restringir-nos à luta contra as opressões de raça e gênero, assim como não devemos nos limitar à luta por terra, por moradia ou por melhores salários. Nem mesmo devemos transformar essas lutas na nossa atividade predominante, mas em uma parte integrada à luta de classes, empreendendo ativamente o trabalho de educação política das classes populares para enfrentarmos as raízes dos problemas.

Foi contra tendências identitárias que Fred Hampton, dirigente dos Panteras Negras, declarou em um discurso em 1969, “é uma luta de classes, porra! (…) a prioridade dessa luta é a classe. (…) Aqueles que não o admitem são aqueles que não querem se envolver em uma revolução, porque sabem que, enquanto estiverem lidando com a questão racial, nunca estarão envolvidos em uma revolução. (…) Nós nunca negamos o fato que há racismo na América, mas dissemos que o subproduto, o que decorre do capitalismo, resulta ser o racismo. (…) Nós somos pretos marxistas-leninistas”, Fred Hampton em “É uma luta de classes, porra!”.

Rondó da Liberdade

10 Nov, 11:00


“Quero deixar aqui a minha homenagem ao querido camarada e amigo, o revolucionário David Capistrano da Costa. Sempre tive e até hoje tenho o maior respeito e admiração por sua brilhante atuação revolucionária ao longo da vida dedicada à causa comunista. David Capistrano da Costa, dirigente comunista, foi, enquanto jovem, primeiro-cabo aluno da Escola de Aviação Militar. Participou valentemente da revolução nacional libertadora de 27 de novembro de 1935, ainda aluno da referida escola. Com a derrota da insurreição armada, foi preso e posto em liberdade dois anos depois. Perseguido pela polícia política do fascista Filinto Müller, foi para a Espanha republicana, então em luta contra os bandos fascistas do general Francisco Franco e de Benito Mussolini. Na Espanha, incorporado às Brigadas Internacionais, lutou em defesa do governo da Frente Popular. Capistrano participou de numerosos combates, tendo sido muitas vezes citado por seus atos de bravura. Derrotado o governo republicano espanhol, David Capistrano foi para a França. Com a deflagração da Segunda Guerra Mundial pelo nazifascismo em 1939 e posterior ocupação da França, foi encarcerado num campo de concentração hitlerista como prisioneiro de guerra. Mas dali fugiu para juntar-se aos heroicos maquis franceses a fim de, juntamente com eles, lutar contra os ocupantes alemães.

Capistrano voltou à sua pátria em fins de 1942 para continuar a luta antifascista e patriótica ao lado de seus camaradas de 1935. Ao chegar ao Brasil, porém, foi novamente preso e recolhido ao presídio político de Ilha Grande, no Estado do Rio de Janeiro. Ali, pude novamente encontrar Capistrano. Na condição de prisioneiro, revelou-se o destemido combatente comunista de sempre e, sobretudo, mostrou-se excelente companheiro, fraterno, disciplinado, modesto, inteligente, zeloso da unidade e da coesão entre os presos, estudioso da teoria marxista-leninista.
Com o esmagamento do nazifascismo, no dia 18 de abril de 1945 fomos postos em liberdade. Um mês depois, no cumprimento de tarefas partidárias, mais uma vez nos separamos. Eu segui para o Nordeste e Capistrano para outra parte. im maio de 1946, encontramos-nos novamente, dessa vez na capital pernambucido de já como primeiro-secretário do Comite aradual de Pernambuco do Partido Comunista Brasileiro. Nessa época, eu tinha sido destacado pelo Comitê Central para trabalhar na campanha eleitoral para governador do estado e para as eleições da Assembleia Legislativa. O camarada David era um dos candidatos à Assembleia, tendo sido eleito com uma quantidade impressionante de votos. Empossado, foi escolhido para chefiar a bancada comunista, formada por dez deputados. Teve uma atuação das mais brilhantes como representante do povo pernambucano. Mesmo seus opositores reconheciam e comentavam as qualidades políticas de David Ca-pistrano. Esse camarada fez do legislativo estadual uma tribuna de agitação e de educação política para as amplas massas de trabalhadores da cidade e do campo. Defendeu vigorosamente os interesses do povo, combateu energicamente o sistema latifundiário e lutou pela reforma agrária radical. Com a máxima energia, combateu e denunciou a corrupção. Com igual força e decisão, condenou as tentativas dos ianques de manter a ocupação do território brasileiro com suas bases aeronavais. Foi um entusiástico propagandista da campanha "O petróleo é nosso" e por todos Os meios lutou para a criação da Petrobras”, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

08 Nov, 16:58


"A experiência do movimento revolucionário latino-americano indica que é fundamental detectar corretamente quais são os setores que, por suas condições objetivas, são mais suscetíveis de serem mobilizados. Devemos ser capazes de resgatar esses setores das influências oportunistas e reformistas da cultura burguesa que tende a limitar o desenvolvimento deste movimento nos marcos do sistema vigente.

Temos que ter claro que existem diferentes setores dentro do povo, com distintos níveis de consciência, e que se movem por diferentes interesses. É importante conseguir determinar que setores sociais se movem e quais são suas motivações. Se podem alcançar grandes mobilizações de massas, porém sem esquecer que a consciência de classe dessa gente, em muitos casos, no vai mais além do que uma consciência burguesa-progressista".

Fonte: Los momentos en la construccion del instrumento político.

De Marta Hanecker.

Rondó da Liberdade

08 Nov, 11:01


08 de novembro de 1799, são executados os líderes da Conjuração Baiana, os soldados Luís Gonzaga e Lucas Dantas e os alfaiates Manuel Faustino e João de Deus.

“A revolução articulada na Bahia e descoberta em 1798 mais não foi que o último marco da inquietação nacionalista que encheu todo o século XVIII, nessa transitoriedade histórica que atingiria o ápice na revolução pernambucana, em 1817.

A reação nativista se, de um lado, reflete a influência espiritual e política de outras nações, fora da órbita absolutista e absorvente do domínio português, de outro, revela o esfôrço em romper o padrão econômico e a sujeição imposta pela coroa lusitana, incompatíveis com a vida e interêsses do Brasil.

Não havia nessas tentativas, a princípio, a unidade nacional que as distâncias e os meios de transportes retardavam, mas se criava uma consciência que a universalidade da lingua e dos interêsses ia plasmando, e, em pouco, claramente se revelava, opondo ao espírito do despotismo um espírito de autonomia cada vez maior.

(…) O advento da república na Norte América e a vitória da revolução francesa reavivaram as esperanças de independência, criando um ambiente de inquietação sempre crescente nas várias Capitanias, independência a que não eram indiferentes os demais países, esperan-cados de lograrem vantagens comerciais sôbre tudo que Portugal controlava ou fechava em privilégios.

(…)Não é, pois, de admirar que o movimento social baiano, que melhor seria chamarmos de revolução proletária, atendendo ao ambiente de operários, artezãos e soldados que a propagavam e orientavam, doutrinados sob os princípios políticos, socialistas e irreligiosos de França, tivesse da Coroa, punição rigorosa com o castigo cruel dos elementos mais em evidência, visando apagar todos os vestígios com a imposição de maior silêncio sôbre aquêles fatos que importavam numa afronta e desrespeito à realeza bragantina”, Affonso Ruy em “A primeira revolução social brasileira”.

Rondó da Liberdade

07 Nov, 09:59


Como um camponês do sertão pernambucano, em 1921, via a Revolução Russa

“O velho João Murrão gostava de falar em política, apesar de matuto e quase analfabeto; assinava mal o seu nome, mas tinha os seus pensamentos diferentes dos da matutada. Sabia que, numa sexta parte do mundo, o maximalismo tinha tomado conta do poder e que essa lei venceria as leis dos donos das terras, e afirmava:

- O sinhô foi preso por causa dessa lei. Os ricos num gostam dela, mas o povo que trabaia na terra e na fábrica gosta e termina ganhando. Só farta é ajuntá tudinho, como na Russa. Lá o povo já venceu porque teve um home que arreuniu o povão de lá e fez uma guerra contra o rei e derrubou ele. Agora quem tá no poder é o povo, mandado pelo Lenin, que é de muito juízo. Se em outra nação aparecer um home como Lenin, a lei do maximalismo vai demudar o mundo todo. Mas vai tê muito sangue derramado. Os coveiros dos cemitérios num vão dá conta de enterrá tanta gente morta. Eu acho bom que chegue essa hora, porque todo mundo tem que trabaiá e quem num trabaia num come. A terra é de todos os agricultores, ninguém é dono dela. Esta é a lei de Jesus Cristo que disse que a terra é de todos, que seu pai, quando criou o mundo, criou a terra pra mode alimentar o seu povo. Só Deus é o dono da terra. Eu tenho a minha terra que dá pro mode a minha família trabaiá, mai adespois de um tempo não dá pra nada, porque as famílias vão crescendo, aumentando e eu vou dando um taco a cada um e vai diminuindo até num tê mai nada. De onde a gente tira e retira e num bota, só pode é fartar, num é?

Eu fiquei abismado vendo aquele matuto me dar uma lição daquelas. Eu já sabia, pelo que ouvia falar, que na União Soviética todos os que estivessem com saúde tinham de trabalhar, e quem não trabalhasse não comia. Para os trabalhadores, isso era um doce de coco”, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

06 Nov, 11:00


Os jesuítas faziam oposição à escravização indígena em benefício próprio

“Gabriel Soares escreve a ‘El-Rei’ dizendo que, para o Brasil prosperar, são necessários muitos ‘escravos da terra’ [indígenas escravizados]. (…) Os padres da Companhia, acusados de terem os índios apenas a seu serviço, propõem a estratégia inversa ao rei, índios ‘livres’ mas aldeados: ‘O único remédio deste Estado é haver muito gentio de paz, posto em Aldeias, ao redor dos Engenhos e fazendas, porque com isso haverá gente que sirva, e quem resista aos inimigos, assim Franceses, Ingleses, como Aimorés, que tanto mal têm feito e vão fazendo, e quem ponha freio aos negros da Guiné, que são muitos e só os índios se temem’.

Para os jesuítas era muito mais interessante ter, em vez de escravos indígenas, gentios de paz nas aldeias, que podiam cumprir dupla função: servir de mão-de-obra, pois na realidade os índios de aldeia eram alocados para os serviços públicos também cedidos aos particulares por determinado período do ano, e ainda fornecer a forca militar necessária para resistir a invasões externas de franceses e ingleses, combater os outros índios ainda não reduzidos e, sobretudo, cercar com suas aldeias engenhos e fazendas, para colocar freio aos negros da Guiné.

Na verdade, os índios vão fornecer o grosso das tropas de linha em todos os grandes conflitos, sejam internos ou externos.

A esse respeito, o testemunho do governador da Bahia, Dom Francisco de Souza, em 10 de maio de 1605, é preciso: ‘É verdade que em onze anos que governei este Estado do Brasil, todas as vezes que me foram necessários Índios das Aldeias, que os padres da Companhia têm a seu cargo, assim para fortalecer a cidade com fortes, trincheiras, etc., como para rebater os inimigos franceses e para vigiarem a costa para que os inimigos não desembarcassem e fizessem aguada; e também para darem assaltos aos negros de Guiné, que faziam muitos danos aos moradores desta cidade, como também para defenderem fazendas e engenhos do gentio aimoré, os ditos padres da Companhia de Jesus, a meu recado, acudiam com muita diligência com os ditos Índios, indo em pessoa, quando era necessário, buscá-los às Aldeias’.

Melhor ainda o testemunho direto dos próprios escravos em luta pela liberdade: ‘Quando os negros atacaram a casa de Cristóvão de Aguiar e lhe mataram dois homens e roubaram a fazenda, os Índios ajudaram a reduzi-los. E os negros dizem que se não fossem os Indios das Aldeias, que já eles seriam forros e a terra toda sua, mas que os índios os desbaratam’”, José Oscar Beozzo, em “As Américas Negras e a História da Igreja: Questões Metodológicas”.

Rondó da Liberdade

05 Nov, 11:00


O Brasil não era nem feudal, nem capitalista, era escravista

"Uma formação social escravista não contém necessariamente um único modo de produção, aquele baseado no trabalho escravo. A margem do modo de produção escravista e em contradição com ele, cresceu no Brasil um modo de produção secundário, o modo de produção dos pequenos cultivadores familiares, baseado na economia natural e com grau variável de mercantilização. Nas Antilhas inglesas e francesas, esse modo de produção encontrou enormes dificuldades para subsistir devido à escassa disponibilidade de terras, porém não desapareceu de todo. Nos Estados Unidos tivemos algo singular: a constituição não só de dois modos de produção, mas de duas formações sociais — ou de duas sociedades, na conceituação de Genovese — abrangidas por um único Estado. Aí sim, houve uma colonização que criou dois modos de produção diferentes e estabelecidos em áreas geográficas distintas. E não só isso: cada um desses modos de produção originou uma formação social diferente, com superestrutura e classe dominante próprias. As duas formações sociais e suas classificações dominantes compartilharam o mesmo poder político central, enquanto o desenvol vimento do capitalismo no Norte e as necessidades de expansão territorial no Sul não trouxeram o antagonismo latente ao ponto de conflito manifesto. Atingido tal ponto, o antagonismo se resolveu pela guerra civil e pela eliminação de uma das formações sociais", Jacob Gorender em “O Escravismo Colonial”.

Rondó da Liberdade

03 Nov, 14:53


*UMA VISITA A MARIGHELLA*

*DIA 4 DE NOVEMBRO, SEGUNDA-FEIRA, ÀS 10:30 HS, HOMENAGEAREMOS O COMANDANTE CARLOS MARIGHELA, EM VISITA À AL. CASA BRANCA N° 800.*

Como em todos os anos, pode ser que sejamos poucos, que nossas cabeças estejam encanecidas, nossas cabeleiras ralas ou apenas lembranças, mas a chama da idéia continua a consumir a crosta bruta que a soterra e em nossos corações a figura de quem ousou desfraldar a bandeira da *AÇÃO* como uma tarefa *LIBERTADORA* na vida *NACIONAL* ainda está presente.

Visitar a pedra na Al. Casa Branca 800, mostra que ainda estão abertas as trilhas para a emancipação de nosso País e de nosso Povo. Que, embora trôpegos, há passos que revisitam os ideais da juventude, e dos lutadores pela liberdade.

Ir ao local onde o sangue de *CARLOS MARIGHELLA* foi derramado é revisitar o espírito de luta que temos em nós.

E é por isso que no

*DIA 4 DE NOVEMBRO, ÀS 10:30 HS, IREMOS À AL. CASA BRANCA N° 800.*

*VENHA CONOSCO!!*

Rondó da Liberdade

03 Nov, 11:00


O jovem Apolônio de Carvalho e a Coluna Prestes

“Os quatro anos de estado de sítio do governo Artur Bernardes, de 1922 a 1926, com a eliminação de todos os direitos e garantias constitucionais, e o período seguinte, o de Washington Luís, que considerava o movimento social, o socialismo e o comunismo questões de polícia, faziam com que os estudantes de então estivessem pela Aliança Liberal, pela mudança do quadro político, pelo fim da República Velha.

E provocavam generalizada simpatia pelo movimento tenentista. Em casa, impelidos por Deusdédit [irmão] acompanhávamos com anseio sua evolução. Quando em 1926, por exemplo, a Coluna Prestes passou perto de São Luís de Cáceres, que fica a pouca distância de Corumbá, torcemos para que chegasse até nós. Foi parar, porém, na Bolívia, onde depôs as armas e se engajou na construção de uma estrada de ferro. Não havia problema: a hispânica Puerto Suárez, às margens da baía Negra, transformou-se na capital brasileira da esperança. Uma autêntica romaria rumou para a cidade irmã, e - soube-o depois - entre os que visitaram os combatentes encontrava-se Astrojildo Pereira, que lhes foi levar as propostas do Partido Comunista para a solução das pendências nacionais, numa provável tentativa de aproximá-los da esquerda brasileira”, Apolônio Carvalho em “Vale a pena sonhar”.

Rondó da Liberdade

02 Nov, 11:00


“A escravidão oculta dos assalariados da Europa só poderia sustentar-se na escravidão sem rodeios dos assalariados do Novo Mundo”, Marx em “O Capital”.

Rondó da Liberdade

01 Nov, 11:00


“A interpretação de Gilberto Freyre em Casa grande e senzala se apóia mais na casa grande do que na senzala, cuja figura central é mais o senhor do que o escravo, fazendo, sujeito da história mais a aristocracia rural do que aqueles que trabalharam (…) Se Gilberto Freyre contribuiu na década de 30 — Casa grande e senzala é de 1933 — para trazer de volta o negro escravo como elemento de compreensão da formação social brasileira, ele o trouxe como escravo doméstico, fazendo da extensa família patriarcal do engenho sua grande categoria interpretativa. Com isso deixou de lado os escravos de eito, jornadeando de sol a sol nos canaviais e, à noite, junto às fornalhas de melaço, distantes da casa grande e presos, não ao complexo das relações familiares, das relações sexuais entre o senhor e as escravas jovens, e sim às duras realidades de produção, debaixo da vigilância e do chicote do feitor”, José Oscar Beozzo em “As Américas Negras e a História da Igreja: Questões Metodológicas”, em “Escravidão e História da Igreja na América Latina e no Caribe”.

Rondó da Liberdade

31 Oct, 11:01


“Nos Documentos de Santa Fé, que estabeleceram as diretrizes das políticas externas dos governos Reagan e Bush pai, em 1980 e 1989, a Teologia da Libertação é considerada a ameaça maior aos interesses norteamericanos no continente. Em resposta a esta ameaça, surgiu a Igreja Eletrônica, de perfil pentecostalista, que dispõe de ampla rede de satélites, emissoras de TV e rádios, revistas e jornais”, Frei Betto em “A Mosca Azul”.

Rondó da Liberdade

30 Oct, 11:00


“Na luta pelos interesses do nosso povo e da nossa pátria, devemos ter audácia, muita audácia”, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

28 Oct, 11:37


“O voto e um aparelho eleitoral não significam, por si só, que existe uma democracia. As pessoas que organizam eleições de tempos em tempos, e só se preocupam com o povo antes de cada ato eleitoral, não constituem um sistema realmente democrático. Não se pode conceber a democracia sem que o poder, sob todas as formas, seja colocado nas mãos do povo; o poder econômico, militar, político, social e cultural”, Thomas Sankara.

Rondó da Liberdade

26 Oct, 10:30


Em “Testemunho”. Em 26 de outubro de 1922, nascia em Darcy Ribeiro.

Rondó da Liberdade

25 Oct, 11:00


“Chegamos a fevereiro de 1917. A grande guerra mundial continuava se alastrando eceifando vidas por toda parte. A imprensa noticiava grandes derrotas dos russos nas diferentes frentes de luta e, em consequência, havia grandes manifestações de massas nas maiores cidades da Rússia tzarista, pedindo "pão, terra, trabalho e paz".

A imprensa noticiava que, em alguns setores, houvera confraternização de soldados alemães com russos, de austríacos e alemães com franceses e ingleses. Depois, os boatos se traduziram numa realidade, com a queda da monarquia tzarista e, em consequência, a dualidade de poderes: o chamado governo provisório, dirigido por Kerenski e sua camarilha, e o dos sovietes, constituído por operários, campone-ses, soldados e marinheiros. Antes da derrubada do tzarismo, de longe em longe se mencionava Lenin, bolchevismo, maximalismo e até menchevismo. Era uma linguagem nova no meio operário, onde se falava até então no anarquismo e no anarcossindicalismo. Todavia, depois da queda do tarismo, os nomes bolchevique ou bolchevismo, Lenin ou leninismo, Marx ou marxismo foram tomando conta da linguagem das grandes massas, principalmente da classe operária, e foram sumindo paulatinamente os termos anarcossindicalismo e anarquismo.

As palavras de ordem "pão, paz, terra e liberdade"', lançadas pelo Partido Bolchevique, guiado por Lenin, tiveram grande repercussão no seio das massas trabalhadoras e contribuíram para popularizar cada vez mais os bolchevistas e o leninismo. O fato é que as amplas massas, e particularmente a classe operária, ficaram empolgadas com a queda do tzarismo.

O que não compreendíamos, até então, era a dualidade de poderes. Pelo menos eu, que vibrava de entusiasmo com a vitória da revolução levada a cabo pelos operários, soldados e marinheiros, dirigidos pelo partido de Lenin. Achávamos que todo o poder devia ficar nas mãos dos bolcheviques porque eles é que tinham derrubado a monarquia tarista. Eu desejava que todos os trabalhadores, soldados e marinheiros dos países em guerra fizessem o mesmo que haviam feito os bolche-viques, isto é, derrubassem seus governos e implantassem um regime como o da Rússia soviética, acabando dessa forma com a guerra, que o poder ficasse nas mãos dos trabalhadores, e não nas mãos dos capitalistas.

A Revolução Bolchevista passou a ser o assunto dos setores operários e concentrações de trabalhadores brasileiros. E também nos meios da burguesia urbana e rural, mas não com a mesma simpatia que entre os operários, antes com repulsa e ódio pela revolução vitoriosa. Faço essa afirmação baseado em fatos concretos, ouvidos e observados por mim; quando em comissões com outros operários, para falar com o patronato ou com chefes de departamentos públicos, não só éramos mal recebidos como também ouvíamos as seguintes frases:

- Isto aqui não é a Rússia soviética, não! Aqui é o Brasil, graças a Deus!
Retirem-se! Para bolcheviques, temos é pau e cadeia!

A revolução de fevereiro de 1917 exerceu uma poderosa influência sobre o proletariado brasileiro. As palavras de ordem "pão, paz, terra e liberdade"
eram repetidas pelos operários mais esclarecidos em quase todas as assembleias sindicais e em muitas organizações de massa, mas sobretudo nas manifestações de rua. Sensibilizaram extraordinariamente as massas exploradas e oprimidas e particularmente a mim, que as retransmitia com todo o meu entusiasmo. Mesmo analfabeto, sabia transmiti-las com muito ardor nos sindicatos e nas manifestações de rua, o que me valeu muita correria da polícia”, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

24 Oct, 10:17


A resistência não basta

Rondó da Liberdade

23 Oct, 11:00


Câmara Ferreira, o comandante Toledo, morreu em 23 de outubro de 1970.

“Fui à cidade de Olímpia, no interior de São Paulo. Ali pronunciei algumas palestras sobre as experiências da luta eleitoral em Pernambuco e reencontrei velhos amigos, abracei bons camaradas, alguns dos quais fazia mais de dez anos que eu não via, como o companheiro Câmara Ferreira, com quem tinha estado preso na ilha Grande e de quem eu era o admirador número I desde a Colônia Dois Rios. Penso agora, com saudade, nesse bravo combatente, trucidado pelos fascistas em 1970. E recordo o abraço que nos demos, em 1958, em São Paulo”, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

21 Oct, 11:00


Em 21 de outubro de 1983 morria Gregório Bezerra. A ilustração é de Luiz Arrais, no livro “Memórias”, de Gregório Bezerra.

Rondó da Liberdade

20 Oct, 11:01


“A Educação Física deve ser considerada como parte importante do estudo (…) Os estudantes até agora prestaram muita atenção à educação moral e intelectual, mas negligenciaram a educação física. A infeliz consequência foi que eles dobraram as costas e abaixaram a cabeça (…) chega o dia em que o corpo não pode ser preservado e a moralidade e a sabedoria são destruídas junto com ele”, Mao Tsé-Tung em “Um Estudo de Educação Física”.

Rondó da Liberdade

16 Oct, 11:00


“Quando Marx, em uma tirada célebre, dizia que ‘não era marxista’, queria dizer que considerava aquilo que havia feito como um simples começo da ciência, e não como um saber acabado, pois um saber acabado é uma coisa sem sentido, que conduz mais cedo ou mais tarde a uma não ciência”, Louis Althusser em “Teoria, prática teórica e formação teórica. Ideologia e luta ideológica”.

Em 16 de outubro de 1918, nascia Louis Althusser.

Rondó da Liberdade

15 Oct, 11:01


“A escravidão não nasceu do racismo; pelo contrário, o racismo foi consequência da escravidão”, Eric Williams em “Capitalismo e Escravidão”.

Rondó da Liberdade

14 Oct, 11:01


“Tem três questões que o revolucionário nunca pode esquecer.

Uma, que sem conquistar o poder do Estado, não será capaz de fazer a revolução. Porque o Estado está organizado e existe para impedir que nós mudemos as relações de produção, que nós avancemos para o atendimento dos interesses dos trabalhadores.

Segundo, não podemos esquecer que nós temos que, nessa luta, ter uma estratégia que atenda aos interesses de todos os setores de classe misturados.

Se nós temos sempre presente a conquista do poder do Estado e a estratégia revolucionária, isso só pode ser levado a cabo de nós somos capazes de, juntos, todos que temos esse compromisso, construir uma organização, um instrumento, para levar a prática essa estratégia e atingir esse objetivo da conquista do poder do Estado. Eu acho que essa é, finalmente, a maior missão que a resistência continua trazendo para nós e o compromisso maior que a gente tem”, Aton Fon Filho, no Arrebol.

Rondó da Liberdade

13 Oct, 11:01


“O povo brasileiro pagou, historicamente, um preço terrivelmente alto em lutas das mais cruentas de que se tem registro na história, sem conseguir sair, através delas, da situação de dependência e opressão em que vive e peleja. (…) Faltou sempre, e falta ainda, clamorosamente, uma clara compreensão da história vivida, como necessária nas circunstâncias em que ocorreu, e um claro projeto alternativo de ordenação social, lucidamente formulado, que seja apoiado e adotado como seu pelas grandes maiorias”, Darcy Ribeiro em “O Povo Brasileiro”.

Rondó da Liberdade

12 Oct, 11:01


“Meu pai tinha um hábito ruim, o de juntar as faltas que os filhos cometiam, para surrá-los todos de uma vez. Chegara esse dia fatídico. Desancou um marmelo de cima para baixo, em meus irmãos mais velhos. Eu assistia apavorado. Antes de chegar minha vez, corri, subi num banco encostado na janela e fugi para esconder-me nos matos. Meu pai, depois que acabou a pancadaria, ordenou aos meus irmãos, que ainda choravam, que fossem procurar-me, mas eu estava bem escondido, não era fácil achar-me, mesmo porque eles não estavam muito satisfeitos e alegres com o velho, pois estavam com as costas, a bunda e as pernas ardendo do marmelo. O fato é que passaram a tarde toda e não me acharam. Tinham a ilusão de que à noite eu chegaria em casa, mas foi em vão. À noite, saí dos matos e fui para a vargem.

Dormi debaixo de uma moita de maracujá, quase fui devorado pelos mosquitos. Ao amanhecer, comi umas batatas-doces cruas e meti-me novamente dentro dos matos. Todos me procuravam. Fizeram promessas, andaram pelas casas dos vizinhos mais próximos e nada de o Grilo aparecer.

Na noite do segundo dia, dormi em um rancho que tínhamos no centro do grande roçado, onde ficávamos quando chovia. No dia seguinte, morto de fome e de frio e todo picado pelos mosquitos, fui à casa de minha tia e madrinha, apadrinhar-me com ela, que não vacilou em dar-me boa acolhida. Deu-me um banho, comida e deitou-me em sua cama. Deixou-me dormindo e foi à casa de meus pais, avisá-los do meu aparecimento. Minha mãe veio correndo ao meu encontro. Eu dormia e ela não quis acordar-me, mas começou a beijar-me. Despertei e vi minha querida mãe, a joia mais preciosa da minha vida. Chorando, abracei-me a ela, que me acariciou com toda a ternura e o carinho, beijando-me e alisando meus cabelos. Penteou-os. Ainda emocionado, disse-lhe que não lhe daria mais trabalho; ainda que meu pai me matasse de uma surra, eu não fugiria.

— Qui tu fale pela boca de um anjo!

Minha madrinha disse:

- Ele ainda é um anjinho, muié, é tão novinho! As veiz, inté penso qui esse menino não se cria. Deus leva ele antes do tempo. A nossa mãe é quem sabe o que ele fazia lá nos mocó. Inté água adescobriu lá e, quando secô, ele foi com o fio de cumpadre Mané Bispo vê água no rio Ingá. A mais de sete légua. E agora faz uma dessa, pá mode num apanhá, ficando no mato três dia cumo um bicho babo! Num se cria, não. Deus leva ele pá ele. Inté é bom, pá o pobizinho num sofê mais. Eu sei qui vô chorá munto, mai, só di ele adiscansá, eu fico consolada.

O diálogo continuaria se meus irmãos não tivessem invadido a casa para me ver. Meu pai apareceu também. Prometeu não me bater na hora, mas jurou-me uma surra” Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

11 Oct, 11:00


“A igualdade jurídica não era suficiente para eliminar as enormes distâncias sociais e os preconceitos que mais de trezentos anos de cativeiro haviam criado. A Lei Áurea abolia a escravidão mas não o seu legado. Trezentos anos de opressão não se eliminam com uma penada. A Abolição foi apenas o primeiro passo na direção da emancipação do negro. Nem por isso deixou de ser uma conquista, se bem que de efeito limitado”, Emília Viotti da Costa em “Abolição”.

Rondó da Liberdade

10 Oct, 11:01


“Eu queria avançar no terreno teórico para desempenhar melhor as minhas tarefas de massa e ajudar melhor os militantes do partido e a sua direção”, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

09 Oct, 19:26


Viva a Che e a revolução Cubana! Que seu exemplo esteja vivo nas nossas gerações.

Rondó da Liberdade

08 Oct, 18:53


Muito importante ver e divulgar. Inclusive para que ninguém alegue desconhecimento.

https://www.youtube.com/watch?v=i4t_-0NImVM&rco=1

Rondó da Liberdade

07 Oct, 11:00


“A tempestade não é nem jamais será eterna”, Gregório Bezerra.

Rondó da Liberdade

06 Oct, 11:01


“Não é viável o desenvolvimento integral numa sociedade de classes. Nesse sentido, desenvolvimento significa libertação, por um lado da sociedade dependente, como um todo, frente ao imperialismo, por outro, das classes sociais oprimidas em relação às classes sociais opressoras”, Paulo Freire, em “Os Cristãos e a Libertação do Oprimido”.

Rondó da Liberdade

04 Oct, 11:01


“A campanha O Petróleo é Nosso era apresentada pela reação como sinônimo de comunismo e dava muita cadeia e espancamento”, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

03 Oct, 11:01


03 de outubro de 1930, tem início no Brasil a Revolução de 1930.

“Com a revolução da Aliança Liberal, chefiada por Getúlio Vargas em 1930, o curso de educação física foi interrompido. Os alunos foram incorporados a diversas unidades e subunidades do Exército. Fui incorporado ao 3° Regimento de Infantaria, onde, depois de preparar uma companhia de metralhadoras pesadas, segui com um destacamento militar para Juiz de Fora, Minas Gerais, a fim de reforçar o 1° Batalhão de Caçadores, sob o comando do coronel João de Siqueira Queiroz Saião, meu ex-comandante no 21° BC em Recife.

De Juiz de Fora seguimos para Mariano Procópio. A minha companhia de metralhadoras era comandada pelo tenente Laurentino Lopes Bonorino, meu instrutor de educação física na Escola. Deu-me amplos poderes. Devo declarar que tinha as minhas simpatias pela revolução da Aliança Liberal, mas, como o Partido Comunista se omitiu, limitei-me apenas a cumprir meus deveres de soldado. Se o PCB tivesse apoiado a revolução liberal, eu teria sido um revolucionário ardoroso em 1930, porque o governo de Washington Luiz Pereira de Souza era um governo arbitrário, truculento e reacionário. Pelo menos no Estado de Pernambuco, o governo de Estácio Coimbra era tipicamente policial; o povo e a classe operária viviam sob um terrorismo nunca visto até então.

Lembro-me de que, de uma feita, a caravana da Aliança Liberal chegada do sul do país realizou um ato público no Teatro de Santa Isabel, atraindo uma grande multidão. Antes de terminar a solenidade, as polícias civil e militar cercaram todas as entradas e saídas da praça Santa Isabel e, quando o público deixou o teatro, a polícia o espancou violentamente. Foi o espancamento coletivo mais bárbaro a que assisti em toda a minha vida. A polícia fez carga sobre o povo, desde o teatro até as ruas da Florentina, do Imperador, Nova, do Sol e as pontes de Santa Isabel, Buarque de Macedo e Boa Vista e em toda a praça Santa Isabel, diante do Palácio do Governo do estado. A tudo assistiu o próprio governador, que se encontrava na sacada do palácio. Era um governo de ódio, sangue e torturas. O pau cantou na multidão, indiscriminadamente. Homens, mulheres, moças e rapazes, jovens e velhos nunca passaram ali momentos de tão extrema selvageria. O povo, apavorado, atirava-se do cais e das pontes ao rio. Eu assistira àquele banditismo cheio de ódio e revolta. Desgraçadamente, o partido não soube tirar proveito de semelhante fato, o que me deu a impressão de que, em Pernambuco, o PCB não estava à altura da situação política existente no estado.

Quando arrebentou o movimento revolucionário em 1930, o partido nao tomou parte, apesar da participação das massas populares. Eu me achava em Mariano Procópio, numa posição de combate, quando o governo de Washington Luiz Pereira de Souza capitulou. No meu setor de combates, não houve mortes e o único ferido foi um soldado de minha seção de metralhadoras, cujo mosquetão, por casualidade ou não, disparou e feriu-lhe a mão”, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

01 Oct, 11:00


Se livre da reação que reside na sua cabeça

“Em Nazário, reuni-me com quatro camaradas, que me colocaram a par da situação local.

Ouvi com atenção o que me diziam e, no final, perguntei-lhes:

- Quais são as possibilidades de organizarmos aqui um bom partido, com raízes no campo?

Abanaram a cabeça, pessimistas:

- Ah, companheiro... Aqui é difícil.
- Por quê?
- A reação aqui é muito dura!

Indaguei:
- O delegado de polícia é muito reaça?
- Não, isso não. Ele é até simpatizante. Contribui para o partido.
- E o promotor?
- Ah, esse é até membro do partido! Só não veio à reunião de hoje porque viajou para Goiânia.
- E o juiz de direito?
- E um democrata. Leu o programa do partido e disse que está de acordo com o essencial do que está ali.
- E o prefeito?
- O prefeito foi eleito com o nosso apoio. Também é um democrata. E tem uma posição anti-imperialista.

Passei a mão pela cabeça e falei:

- Companheiros, diante do que acabo de ouvir, só posso chegar à conclusão de que a reação, aqui, só existe mesmo é na cabeça de vocês!“, Gregório Bezerra em “Memórias”.

Rondó da Liberdade

30 Sep, 11:00


“O fato real é que quando Yeltsin desintegrou a URSS, os Estados Unidos avançaram as fronteiras da OTAN e suas bases de ataque nuclear para o coração da Rússia, desde a Europa e a Ásia. Essas novas instalações militares ameaçavam, também, a República Popular da China e outros países asiáticos”, Fidel Castro em “A OTAN, Gendarme Mundial”.

Rondó da Liberdade

29 Sep, 18:30


“Faz 55 anos, no dia 29 de setembro de 1969, nas primeiras horas da manhã, a repressão política da ditadura militar, a Operação Bandeirantes, prendeu meu pai, Aton Fon, minha irmã Celeste Fon e meu irmão Antônio Carlos Fon, no apartamento em que nossa família morava, na esquina da avenida Duque de Caxias com a avenida São João, em São Paulo. Meu pai e minha irmã foram soltos no dia seguinte. Meu irmão ficou preso três meses.

Algum tempo depois, no mesmo dia, foi presa a companheira Maria Aparecida Santos e, em seguida, o companheiro Virgílio Gomes da Silva, que comandava o GTA da Ação Libertadora Nacional. Virgílio foi assassinado no mesmo dia, nas salas de torturas da Operação Bandeirantes.

Minha família sempre lembrará esse dia. Cidinha e sua família sempre lembrarão esse dia. A família de Virgílio sempre lembrará esse dia. O povo brasileiro nunca esquecerá nem perdoará os crimes da ditadura militar.

Ou ficar a Pátria Livre ou morrer pelo Brasil!”, Aton Fon Filho.

Rondó da Liberdade

29 Sep, 11:00


“A Teologia da Libertação não pode ser a da conciliação entre os inconciliáveis”, Paulo Freire em “Os Cristãos e a Libertação do Oprimido”.

Rondó da Liberdade

27 Sep, 11:00


“Uma educação liberadora terá, entre outras coisas, de respeitar e estimular profundamente a espontaneidade dos educandos, sem ser espontaneísta. Quer dizer: negando a manipulação, essa educação rejeita o espontaneísmo, isto é, rejeita o "deixa-como-está-para-ver-como-fica".

Evidentemente, ela aceita a programação, aceita o planejamento. Numa perspectiva democrática, a educação se sabe necessariamente necessitada de planejamento. Mas o que ela sabe, o que essa prática pedagógica exige, é que dessa planificação o educando se sinta também responsável.

Aí seria propor ao jovem estudante, ao educando, que ele fosse, na verdade, sujeito da sua educação também, e não puro paciente dos esquemas educativos, por mais generoso e "amoroso" — com aspas já agora — que seja o educador, com os seus esquemas e as fôrmas que esses esquemas implicam, dentro das quais teríamos que pôr os educandos”, Paulo Freire em “Partir da Infância”.