Há bem estabelecida a falsa crença de que substâncias químicas por si só são responsáveis pela dependência química/vício, no entanto, na realidade as coisas são um pouco diferentes: o ambiente em que você vive influencia muito mais nos seus vícios, do que a substância em si.
Mecanismo de coping/enfrentamento e "válvula de escape"
O estudo A conduzido com ratos, foi feito da seguinte forma: colocados individualmente em suas jaulas, tiveram a sua disposição duas fontes de água, a água normal, e a água com alguma droga para gerar vício. Em praticamente todos os casos, os ratos escolheram a água com droga, e eventualmente morreram por overdose. Por outro lado, o estudo B, também conduzido com ratos demonstrou um resultado diferente: eles foram colocados juntos em um grande "parque de diversões" para ratos: um ambiente com estimulação social e múltiplos brinquedos, e também com disposição aos dois tipos de água (a água normal, e a água com drogas). O resultado é que no estudo B, os ratos escolhiam praticamente só a água normal, e mesmo os que escolhiam a água com drogas, o fazia apenas ocasionalmente, sem alcançar a overdose.
Vícios e péssimos hábitos não são sobre dependência química, são sobre o péssimo ambiente que você está inserido, ou que você se inseriu. Você já se perguntou quais diversões tem o seu "parque de diversões"? A ideia é que você preencha a sua vida com hobbies e lazeres que você gosta e que te fazem bem e elimine coisas ruins, dessa forma, o seu foco estará longe dos vícios e hábitos ruins.
Mecanismo de coping, ou mecanismo de enfrentamento é o nome dado as estratégias comportamentais e psicológicas que acontecem sem que as pessoas percebam como uma forma de "válvula de escape" do estresse do dia a dia. Esse mecanismo é inerente ao ser humano, e todos temos nossos próprios mecanismos. O problema se dá quando esses mecanismos são maléficos para nós, que é a maioria das vezes.
Para exemplificar, com uma situação real: imagine que um homem tem um trabalho que não gosta, mas no momento ele não tem escolha, todos os dias ele chega em casa estressado do trabalho, e então para enfrentar todo esse estresse e relaxar, ele toma cerveja. Dessa forma, ele consegue lidar com mais facilidade. O problema é que isso está destruindo ainda mais a saúde dele, então o ponto central que quero trazer aqui é: reconheça seus mecanismos de cope, e troque-os por coisas boas, ou no mínimo, por coisas menos piores. Por exemplo: ao invés de comer uma pizza no final de semana, aprenda receitas cetogênicas na internet e faça e com isso você já vai estar alimentando um novo hobbie (culinária).
Melhorando, na prática
Na prática melhorar o seu ambiente pode significar muitas coisas, então para facilitar a escolha de caminhos do leitor, uma lista de coisas: desfazer ou fazer amizades (seus amigos devem ter os mesmo valores e qualidades que você); aprender coisas artísticas (instrumentos musicas, esculpir, pinturas, desenhos, dançar, poesia, artes cênicas, mestrar rpg, origami); aprender a filtrar qualquer tipo de mídia, e consumir apenas as boas (isso inclui desde séries, internet e jogos, até livros, pornografia e palestras); descobrir habilidades para aprender (e isso pode ser realmente qualquer coisa que te interesse, não tem regras: handstand, estilingue, cardtrick, beatbox, etc..); melhorar a alimentação; fazer atividades físicas (atletismo, luta, academia, etc..); pescaria, caça, acampar, fazer trilha, montar cavalo; observação ativa do ambiente (animais na natureza, pessoas na cidade, pessoas em algum lugar, utilizar binóculo, telescópio, etc..); atividades em grupo, com organização e liderança/competição; frequentar a igreja e ter práticas que te aproximem do transcendental.
É interessante pesquisar sobre os mais variados tipos de hobbies para abrir sua mente sobre os diferentes tipos de diversão que existem, e que você está perdendo. Ademais, não é preciso fazer tantas coisas, mas se não fizer muitas, faça pelo menos alguma que te foque muito e que você se torne muito bom.