«Evola caracterizou o Islã, no livro Revolta Contra o Mundo Moderno, como “uma tradição de nível superior tanto ao judaísmo quanto às crenças religiosas que conquistaram o Ocidente.”
Apesar do Islão ser uma mensagem baseada no Alcorão e na
sunna, ou caminho do Profeta Muhammad (que a paz esteja com ele), sendo um fenômeno relativamente recente, Evola o inclui claramente como uma manifestação da Tradição (Primordial).
O Islã como expressão do "din al-fitra" primordial, ou forma natural de disposição, é uma realidade expressa em todo o Alcorão, que reconhece os fundamentos espirituais da humanidade como um,
sendo as diversas tradições do mundo expressões locais de uma origem primordial comum. "Humanidade! Nós criamos vocês a partir de um homem e uma mulher, e os transformamos em povos e tribos para que que vocês possam se conhecer" (Alcorão).
O Profeta Muhammad (que a paz esteja com ele) é considerado pelos muçulmanos como o último de uma linhagem de
124.000 profetas, cada um enviado a uma nação e tribo distinta. “Cada nação tem um Mensageiro e quando o Mensageiro chega, tudo é decidido entre eles com justiça. Eles não são injustiçados” (Alcorão).
Embora as suas mensagens diferiam de acordo com o tempo e o lugar, a mensagem central continuou a ser a adoração do Deus Único como base dos esforços humanos. Muhammad (que a paz esteja com ele) não foi apenas o último profeta, mas também aquele cujo alcance era universal, de modo que o Alcorão identifica-o como sendo enviado “como uma misericórdia para todos os mundos”.
Há uma série de aspectos que Evola identifica como parte dos vínculos primordiais do Islão com a Tradição. “Embora (segundo Evola) o Islão se considere a ‘religião de Abraão’, ao ponto de atribuir-lhe a fundação da Kaaba (na qual encontramos novamente o tema da ‘pedra’, ou o símbolo do “centro” [do absoluto]), é, no entanto, também verdade que [o Islão] reivindicou independência de ambos Judaísmo e Cristianismo; a Kaaba, com o seu simbolismo do centro, é uma construção pré-islâmica, que tem origens ainda mais antigas que não podem ser datadas com precisão.
Na verdade, uma tradição popular identifica que os fundamentos da Caaba foram construídos por Adão, o primeiro homem e profeta. Há também evidências interessantes a se considerar acerca da descrição Bíblica da cidade sagrada de Meca*, ligando assim a revelação final àquelas dos primeiros profetas bíblicos. Quanto ao que Evola chama de “simbolismo do centro”, é interessante comparar isso com a lenda do Graal como o mestre sufi escocês, Shaykh Abdalqadir as-Sufi (Ian Dallas) escreve:
“… à medida que o mundo ocidental, insatisfeito espiritualmente, estendeu sua mão para além de Roma e do Papa para encontrar a sua fonte de cura no túmulo do redentor em Jerusalém, pois, insatisfeito mesmo ali, lançou seu olhar ansioso, meio espiritual, meio físico, ainda mais em direção ao Oriente para encontrar o santuário primordial da humanidade, então se dizia que o Graal foi retirado do nosso cínico Ocidente para o puro e casto berço inatingível de todas as nações. Então, o Graal nada mais era do que a Pedra Negra da Caaba, o santuário central da maior religião do mundo, do judaísmo purificado, o Islã. Makkah é nomeada, no Alcorão, como a Mãe das Cidades e, portanto, o ‘berço de todas as nações’ e a Caaba é chamada de ‘santuário primordial de toda a humanidade’. Incrustada num canto da Caaba está a Pedra Negra a que todo muçulmano eleva seus lábios e a beija quando chega empoeirado e exausto como um peregrino, beija como se estivesse saciando sua sede."
* descrição Bíblica da cidade sagrada de Meca: Makka é identificada na Bíblia como estando no “deserto de Parã” (Gênesis 21), e como o lugar onde Abraão construiu uma “Casa de Deus” (Gênesis 35:15 e 28: 7-18). O Profeta Davi fala de “Bakka” (Salmo 84:6) "Que, passando pelo vale de Baca, faz dele uma fonte; a chuva também enche os tanques.", um paralelo observado no Alcorão (Sura Al-Muddaththir, 74:1-3).