#Desperte - Como Superar o Medo da Morte?
A resposta mais direta seria: o que morre não é você, mas o veículo que você utiliza. Você é o motorista, e a jornada é contínua. Porém, vamos além dessa explicação e adentrar um terreno mais profundo.
*O Ser que Somos e a Ilusão da Morte.
O medo da morte é, em sua essência, um mal-entendido sobre o que realmente somos. A ilusão de que podemos experimentar a nossa própria ausência é, paradoxalmente, impossível. O próprio ato de estar consciente é a garantia de que a consciência persiste. Não é possível observar o próprio desaparecimento, pois quem observa continua existindo.
Somos como o oceano que se concentra numa única onda, acreditando que, quando essa onda se dissipar, o oceano também desaparecerá. Isso, claro, é um erro de percepção.
A individualidade que experimentamos em cada vida não passa de um foco temporário dentro do Ser infinito e atemporal que somos. A vida física é um vislumbre, uma manifestação momentânea, mas a consciência permanece além do corpo físico e do tempo linear. A morte, quando vista dessa forma, perde seu caráter final.
*O Medo como Ilusão.
O medo da morte nasce da identificação com o corpo e com o ego, com a narrativa que construímos sobre nós mesmos. Porém, a percepção de que somos meros observadores dessas narrativas, e não as próprias histórias, nos liberta. O medo de "não ser" é uma ilusão porque "não ser" não pode ser percebido. Se há percepção, há existência. E se há existência, a consciência segue intacta.
Quando você fecha os olhos e observa seus pensamentos, percebe que os pensamentos vêm e vão, mas há algo que permanece — a própria consciência que os observa. Esse "algo" que observa, essa presença silenciosa, é o que verdadeiramente somos. A ausência de pensamentos não implica a ausência do observador. Da mesma forma, a ausência do corpo não significa o fim da consciência.
*O Corpo como Ferramenta.
Experimente tentar localizar o "eu" dentro do seu corpo.
Onde você se percebe? Na cabeça?
No coração?
A verdade é que não há um local exato, pois a consciência que você é não está confinada ao corpo. O corpo é um instrumento, uma interface através da qual você experimenta esta realidade tridimensional. Mas é só isso: uma ferramenta temporária. Como uma roupa que vestimos para uma ocasião específica, ele é deixado para trás ao final de sua utilidade, mas nós, o observador, continuamos.
*Isso fica claro quando pensamos em sonhos.
Quando você sonha, vive uma experiência com um corpo onírico, mas ao acordar, percebe que o sonho estava "em você", e não você "no sonho". Da mesma forma, a vida que você vive agora está ocorrendo dentro do vasto campo da sua consciência. O mundo que você percebe é uma projeção do seu Ser, assim como o corpo que utiliza para interagir com ele.
*Expandindo a Consciência.
Expandir a consciência é, essencialmente, ampliar sua percepção de si mesmo além das limitações do corpo e do ego. Não se trata de adicionar algo novo, mas de remover as barreiras que bloqueiam a compreensão de que somos mais do que a individualidade que habitamos temporariamente. Ao se desidentificar com o "eu pequeno", você começa a perceber o jogo maior: o Ser infinito, sem divisões, que está sempre presente, independentemente das formas passageiras que assume.
Quando você se dá conta de que o "eu" que teme a morte é apenas um reflexo de uma identidade temporária, a própria ideia de morte se dissolve. A consciência não nasce e não morre — ela simplesmente "é".
O corpo, o ego, as histórias que contamos a nós mesmos são como ondas na superfície de um oceano imenso. Elas surgem, se erguem e eventualmente se desfazem, mas o oceano permanece, silencioso e eterno.
*O Despertar e a Esperança.
Superar o medo da morte é, portanto, um despertar para a verdade de que somos mais do que as formas que habitamos. O desafio é lembrar dessa verdade enquanto estamos imersos na experiência da vida. A morte, quando compreendida a partir dessa perspectiva, é apenas uma mudança de forma, uma transição.