Deus escuta o homem e responde às suas perguntas
Neste diálogo com Deus, compreendemos a nós mesmos e encontramos
resposta para as perguntas mais profundas que habitam no nosso coração. De fato, a
Palavra de Deus não se contrapõe ao homem, nem mortifica os seus anseios
verdadeiros; pelo contrário, ilumina-os, purifica-os e realiza-os. Como é importante,
para o nosso tempo, descobrir que só Deus responde à sede que está no coração de
cada homem! Infelizmente na nossa época, sobretudo no Ocidente, difundiu-se a ideia
de que Deus é alheio à vida e aos problemas do homem; pior ainda, de que a sua
presença pode até ser uma ameaça à autonomia humana. Na realidade, toda a
economia da salvação mostra-nos que Deus fala e intervém na história a favor do
homem e da sua salvação integral. Por conseguinte é decisivo, do ponto de vista
pastoral, apresentar a Palavra de Deus na sua capacidade de dialogar com os
problemas que o homem deve enfrentar na vida diária. Jesus apresenta-Se-nos
precisamente como Aquele que veio para que pudéssemos ter a vida em abundância
(cf. Jo 10, 10). Por isso, devemos fazer todo o esforço para mostrar a Palavra de Deus
precisamente como abertura aos próprios problemas, como resposta às próprias
perguntas, uma dilatação dos próprios valores e, conjuntamente, uma satisfação das
próprias aspirações. A pastoral da Igreja deve ilustrar claramente como Deus ouve a
necessidade do homem e o seu apelo. São Boaventura afirma no Breviloquium: «O
fruto da Sagrada Escritura não é um fruto qualquer, mas a plenitude da felicidade
eterna. De facto, a Sagrada Escritura é precisamente o livro no qual estão escritas
palavras de vida eterna, porque não só acreditamos mas também possuímos a vida
eterna, em que veremos, amaremos e serão realizados todos os nossos desejos.