Foi a primeira escritora brasileira negra que conseguiu projetar-se nacionalmente desde o lançamento do seu primeiro livro, o romance Água Funda, em 1946.
Passou parte da infância (dos 4 aos 9 anos) em uma fazenda que seu pai administrava no Sul de Minas Gerais. “Foi lá que, ainda criança – aos 5 anos já lia jornais –, recolheu histórias dos peões, caipiras, iletrados e toda gente simples que conheceu, mas de excepcional domínio da sabedoria popular, que marcaria sua obra”, nas palavras do jornalista e escritor Joaquim Maria Botelho, filho de Ruth Guimarães.
Com dez anos de idade, publicou os seus primeiros poemas nos jornais "A Região" e "A Notícia", de sua terra natal. Com 17 anos, após o falecimento da mãe, mudou-se sozinha para a cidade de São Paulo, onde alugou uma casa em Vila Formosa (bairro da Zona Leste) e levou os irmãos. Em São Paulo, cursou magistério na Escola Normal Caetano de Campos e ingressou no Instituto de Previdência e Assistência aos Servidores do Estado - IPASE como funcionária concursada.
Já com 19 anos consegue publicar "Caboclo", seu primeiro poema impresso em jornal da capital. Alguns anos depois, formou-se em Letras Clássicas, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da USP, cujo acesso se deu pela publicação e projeção nacional decorrente do romance Água Funda. Também frequentou a Escola de Arte Dramática da USP, fundada por Alfredo Mesquita, onde estudou Dramaturgia e Crítica.
Ruth, levando suas histórias apreendidas da tradição oral de índios e negros, contadas pela avó, pelas famílias de peões e colonos com quem conviveu na infância em Minas Gerais, resolveu recontá-las. Procurou Mário de Andrade, que a orientou nas técnicas de pesquisa folclórica, entre 1942 e 1944, mas não viveu a tempo de ver a obra “Os Filhos do Medo”foi publicada em 1950. Com ampla pesquisa folclórica sobre o diabo e as manifestações demoníacas no imaginário do homem do Vale do Paraíba, a “publicação lhe valeu um verbete na Enciclópédie Française de la Pléiade, publicada pela Editora Gallimard, fazendo de Ruth Guimarães a única escritora latino-americana a receber esta distinção” .
Profissionalizou-se como jornalista e colaborou assiduamente na imprensa paulista e carioca, além da seção permanente que manteve durante vários anos na Revista do Globo, de Porto Alegre. Tinha uma coluna semanal de crônicas no jornal Valeparaibano, de São José dos Campos.
Escreveu para diversos periódicos como Correio Paulistano; A Gazeta; Diário de São Paulo; Folha da Manhã; Revista Lusitana; Globo. Publicou contos no suplemento literário de O Estado de S. Paulo além de crônicas semanais para a Folha de São Paulo.