De fato, todo estudo é fenomenológico em alguma medida, porque passa pela nossa consciência. O Bavinck, em Filosofia da Revelação, explica essa tensão, e diz que: "O único caminho que nos capacita a alcançar a realidade é o caminho da autoconsciência. Eis aí a verdade do idealismo, isto é, que a mente humana (ou, em outras palavras, a sensação e a representação) é a base e princípio de todo conhecimento. Se há uma realidade objetiva, um mundo de matéria e força existindo nas formas do espaço e tempo, segue-se, pois, a partir da natureza da questão, que o conhecimento dessa realidade pode chegar até mim somente mediante minha consciência." E segue para o problema: "Todavia, o idealismo erra quando, a partir desse fato incontroverso - isto é, de que a realidade pode ser apreendida apenas mediante o medium da consciência -, chega à conclusão de que a percepção é um ato puramente imanente, e que consequentemente, o objeto percebido deve ser, ele mesmo, imanente à mente."
Sua definição não está errada. Fenomenologia "é o estudo do que aparece à consciência". A pergunta, contudo, pode ser encarada em como isso se dá, ou ainda, em que medida isso resolve as nossas ambições de conhecimento? A questão é que ela, a Fenomenologia, é reducionista, nega o real, contenta-se com meras abstrações e elucubrações da mente. Mais uma vez o Bavinck: Uma filosofia que, negligenciando o mundo real, toma a razão como ponto de partida, há de necessariamente violentar a realidade da vida e explicar a natureza e a história em uma rede esquemática de abstrações. Na prática, o que sobra, é a razão humana como árbitro da realidade. Cientificismo, pragmatismo, são todos eles respostas apegadas a esse mito de que a mente humana, a consciência, é a única capaz de arbitrar a realidade. O resultado, solipsismo, niilismo e ceticismo. Espero ter ajudado. Bons estudos!
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Resposta por João Uliana, tutor do InC