SPX/Rogério Xavier: Tem parafiscal de R$ 100 bi, por isso economia cresce mais do que esperado
Por Bruna Camargo
São Paulo, 14/10/2024 - O sócio-fundador da SPX, Rogério Xavier, afirma que há contas do governo que não estão passando pelo resultado primário, o que tem afetado os dados brasileiros positivamente. Ele estima que há cerca de R$ 100 bilhões em medidas parafiscais rodando no mercado e, por isso, a economia do País tem crescido mais do que o esperado.
“É estranho pensarmos que, com a taxa [de juros] no nível em que está, estarmos conseguindo crescer acima do potencial e com o mínimo de desemprego. A resposta mais óbvia é buscar o lado fiscal como o vilão”, disse Xavier, durante participação no evento Itaú BBA Macro Vision, nesta tarde, em São Paulo. Para ele, até agora, o mercado viu apenas declarações do governo sobre o tema, não ações efetivas, ao mesmo tempo em que há “contas pesadas” sendo anunciadas, como o vale-gás e a faixa de isenção do imposto de renda. O gestor calcula que o parafiscal que circula no mercado atualmente é de R$ 100 bilhões.
Na avaliação de Xavier, essas várias contas não estão passando pelo resultado primário, “afetando o desempenho da economia positivamente”. “Vários fundos estão sendo criados e usados pelo governo para burlar o resultado fiscal. Um deles é o programa Pé de Meia. Em torno de R$ 12 bilhões estão sendo feitos através de um fundo da Caixa Econômica Federal porque entra como despesa financeira, não gasto. É como se o governo estivesse alocando dinheiro para comprar cotas de um fundo, mas não tem retorno. É um gasto, um dispêndio que deveria aparecer no resultado primário”, afirma o gestor. “Não vejo nenhuma vontade política de se atacar o gasto”.
Bruno Serra, gestor da família de fundos Janeiro da Itaú Asset e ex-diretor do Banco Central, diz que é preciso cobrar “o governo da vez em andar para frente”, mas que “é sempre difícil”. Ele considera que o próximo presidente do BC, Gabriel Galípolo, tem um discurso “alinhado e correto”, então é uma “primeira parte endereçada”. O outro ponto é o impulso fiscal que foi colocado na economia e começa a perder força. Assim, Serra espera que o governo deve “arrumar a casa” nos próximos seis a nove meses, e “o fiscal deve desacelerar na margem”.
Com uma visão mais construtiva para o Brasil no curto prazo, Serra vê uma janela para que os ativos domésticos tenham performance melhor que os pares nos próximos dois ou três trimestres. Já Xavier, da SPX, se diz cético e preocupado com os gastos públicos na reta final do atual governo. “Às vezes o pior acontece e temos que estar preparados para isso”, diz.
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