A verdadeira e única finalidade da educação, dizia Hugo de São Vitor, é a santidade. A ideia de uma separação entre a ascese da vida religiosa e o ensino do conhecimento, mais ainda do ensino de uma profissão, é uma característica moderna, cujo resultado final se vê na educação contemporânea, da qual professores católicos, alunos e suas famílias, buscam fugir a todo o custo a fim de proteger seus filhos da influência terrível dos maus costumes proporcionados por essa separação. Preparado para a santidade, seja na vida religiosa ou secular, qualquer criança ou adolescente estará pronto para exercer o seu dever de estado e ofício em qualquer sociedade, não importando onde e quando esteja, época ou conjuntura social. De que adiantaria um bom conhecimento técnico se não houver a bondade e a virtude como suporte da sua execução? Se a realidade espiritual estiver acima e coordenando todo o ensino, o aluno será apto a qualquer trabalho. Com a vantagem de que também será apto à santidade. A preocupação moderna com a profissão, com o trabalho ou a mera aquisição de alta cultura, é apenas um meio, que quando desviado da sua finalidade, torna-se facilmente obstáculo àquela finalidade que é a santificação da alma. Por que, então, não focar com entusiasmo naquele dever gravíssimo depositado sobre os pais e professores, o de não escandalizar a inocência, de não omitir-se a ensinar a amar a Deus e a conhecer a Sua Lei tão cedo quanto possa construir nas almas um hábito vital, uma segunda natureza? Não há nada tão importante aos pais e professores do que aquela paz de saber que deram tudo de si para que seu filho ou aluno goze da eterna sabedoria e felicidade. E estes professores e pais talvez não imaginem, mas este foco no âmbito espiritual, quase exclusivo, representa um anseio tão ávido da alma humana, que verão seus filhos facilmente se animarem como nunca antes pelo estudo, a disciplina e até mesmo a oração.
Ao contrário, os que põem sua atenção unicamente nas coisas do mundo, na preparação para uma vida terrena, não poderão justificar-se perante Deus, mas apenas perante os homens e ao mundo. Dizem por aí que "fazemos filhos para o mundo, não para nós". O correto é dizer que os filhos são dados por Deus e, por isso, feitos para Ele. Os que se preocupam com o mundo e suas míseras riquezas terão neste mundo alguma migalha, mas talvez nenhuma depois dele. Que preço pagaremos se tivermos essa preocupação acima daquela que é matéria de grave obrigação a pais e professores. O mal que se faz aos pequenos será cobrado.
Para isso, precisamos compreender a gravidade e a profundidade dos males que o mundo contemporâneo tem lançado a infância, a adolescência e, com isso, a vida adulta das futuras gerações. Podemos ter como parâmetro a nossa vida e dificuldades que tivemos para assimilar novamente uma relação com Deus. Queremos isso para nossos filhos? Se pudéssemos dar a nós mesmos uma educação dentro da cosmovisão cristã, estritamente! O que poucos se dão conta é que a inocência, causa da pureza da alma, dá às almas uma capacidade muito maior para o conhecimento do que a malícia do mundo, na qual muitos pais e professores preferem entregar seus filhos para que "não sejam enganados pelo mundo". Ao protegerem contra os enganos do mundo, os deixam livres para serem enganados pelos vícios capitais, instrumentos do demônio para a condenação eterna.