Esta foi uma experiência interessante por diversos motivos. Primeiramente, foi uma turma Beta, ou seja, o curso está ainda em processo de validação e desenvolvimento. Nunca havia participado de uma, e os sentimentos foram mistos: animado, pois reconheço o valor de estar entre os early adopters e poder contribuir com feedbacks, mas também um pouco frustrado ao perceber que talvez o curso ainda não estivesse em sua forma ideal.
O curso, com um dia de duração, começa de maneira promissora. Quando falamos de Scrum, normalmente associamos à entrega (Delivery), e não à descoberta (Discovery). Essa parte do processo costuma ser deixada de lado, especialmente para quem está em seu primeiro contato com o framework, o que gera questionamentos sobre como o produto começa a ser planejado e, principalmente, a famosa questão: "de onde nasce o Backlog do Produto?". O curso busca justamente esclarecer essa dúvida.
Como nunca houve uma posição formal da Scrum.org sobre o trabalho de Discovery, quais métodos e técnicas são recomendados, cada profissional adaptou sua abordagem. Por muito tempo, trabalhei com o Sprint do Google, depois combinando métodos de Edward de Bono (muito além dos 6 chapéus) e Problem x Solution Fit, até que conheci a abordagem de Alexander Osterwalder, Value Proposition Design + Jobs to be Done, que melhor encaixaram no que eu entendia sobre esta fase. Qual não foi minha surpresa ao ver que são exatamente essas as abordagens que a Scrum.org agora utiliza, inclusive aproveitando os artefatos criados por Osterwalder!
A estrutura do curso é envolvente e parte de um estudo de caso, integrando teorias, conceitos e discussões ao longo do caminho. Gostei da metodologia e achei-a promissora, mas, como mencionei no início, por ser uma turma Beta, não conseguimos explorar todo o conteúdo. Saí com a sensação de que o melhor ainda está por vir... Paciência, faz parte do processo!
Ao final do curso, recebi em 24 horas o código para fazer a prova, que contém apenas 20 questões, o que torna o impacto de cada erro ainda maior. As questões são simples e alinhadas aos conceitos básicos do treinamento, embora algumas delas não estivessem muito claras. Imagino que, assim como o curso, a prova passará por revisões iterativas até atingir o nível de refinamento desejado pela Scrum.org.
Avaliação final: se você tem tolerância para MVP, propositalmente incompletos, e deseja ser um dos primeiros a conhecer este conteúdo promissor, vale a pena fazer o treinamento. Porém, esteja ciente de que ainda há muito a melhorar e cuide para que seu feedback incentive os trainers, que também estão se adaptando ao novo produto. Se sua tolerância é menor, recomendo aguardar um pouco mais. A certificação está vinculada ao curso, e é provável que mudanças sejam refletidas também na prova.
Cumprimento a Scrum.org pela iniciativa e, sinceramente, acredito que o tema merece, no mínimo, um guia dedicado, como tivemos para o PAL-EBM. É um assunto denso, e há muito a explorar!