A ILUSÃO DO EU E A EXPANSÃO DIVINA
"Caminhante, não há caminho; o caminho se faz ao andar..." A profundidade dessa frase ressoa com uma verdade fundamental sobre a nossa jornada espiritual. Não há um caminho fixo, predeterminado, que nos leve de volta à nossa origem divina. Em vez disso, o caminho surge à medida que avançamos, e é no ato de caminhar que o Criador continua se expandindo por meio de nós, criando novas possibilidades e experiências. Enquanto houver um "eu" caminhando, um "eu" que se percebe separado do Todo, o universo espaço-temporal continuará se desdobrando, como um espelho da nossa própria busca.
Esse "eu" que explora seu retorno a Deus é, paradoxalmente, o que mantém a separação que prolonga o caminho. Ao nos identificarmos como seres individuais em busca de algo fora de nós mesmos – seja o Pai, a Mãe, ou a própria Vida – alimentamos a percepção de que estamos longe da Fonte. Assim, o caminho se expande, o universo se desenrola diante de nossos pés, e o Criador em ação se manifesta em cada passo. No entanto, essa busca também é o que nos impede de ver que nunca estivemos separados. A expansão divina não é um destino distante, mas um processo contínuo que acontece aqui e agora, enquanto acreditamos estar em busca de algo além de nós.
A Ilusão do Eu e o Holograma do Caminho
O que impede a realização plena de que "EU e o PAI somos UM" é a crença em um "eu" individualizado. Essa individualização cria a sensação de que há um caminho a ser percorrido, uma meta a ser alcançada. No entanto, a verdade é que esse caminho nunca poderá ser completado no universo espaço-temporal. Por quê? Porque, enquanto houver um "eu" buscando algo fora de si mesmo, o espaço-tempo continuará se projetando como um holograma, uma representação ilusória de um mundo externo.
A experiência de um "eu" separado do Todo é o que gera a sensação de que há algo a ser buscado, de que há um caminho à nossa frente. Mas esse caminho é apenas uma extensão da nossa percepção fragmentada. O mundo que vemos, com suas paisagens e obstáculos, é o reflexo da nossa própria mente, que projeta a ilusão de separação entre o "eu" e o Todo. Enquanto acreditarmos que estamos caminhando em direção ao Pai – como se Ele estivesse em algum lugar além de nós – o caminho continuará se expandindo indefinidamente.
O Paradoxo da Busca Espiritual
O paradoxo da busca espiritual é que ela é simultaneamente necessária e ilusória. É necessária porque, sem essa sensação de separação, não haveria caminho a ser percorrido. É o "eu" que busca que cria a experiência da jornada e permite a expansão da própria consciência. No entanto, é ilusória porque, no fundo, nunca houve separação. O Pai, a Mãe, a Vida – tudo isso está presente em nós o tempo todo. A busca é uma ferramenta da consciência para se redescobrir, mas o destino já está dentro de nós.
É como se estivéssemos constantemente criando o caminho enquanto caminhamos, expandindo o próprio universo em nossa busca. A cada passo, a percepção de "eu" projeta novas paisagens, novos desafios, novas perguntas. E assim, o caminho continua, sempre em expansão, sempre se desdobrando diante de nós. Mas, na verdade, o que estamos buscando é o que já somos. O Pai, que pensamos estar fora, está dentro. A Fonte, que acreditamos ser inalcançável, é a própria consciência que caminha.
A Dissolução do Eu: O Perdão e a União com o Todo
Neste processo, o perdão desempenha um papel fundamental. Não o perdão no sentido convencional de absolver erros ou pecados, mas o perdão como uma correção da percepção. Quando perdoamos – a nós mesmos ou aos outros – o que realmente estamos fazendo é dissolver a ilusão de separação que gera a dor. A culpa, o ressentimento, a mágoa – tudo isso surge da crença em um "eu" separado que pode ser ferido ou prejudicado. Quando percebemos que esse "eu" é uma construção ilusória, o perdão se torna natural, não como uma necessidade, mas como uma consequência de perceber a unidade subjacente a tudo.