A figura da "grande meretriz", conforme descrita no Apocalipse (17), oferece uma poderosa metáfora para entender a relação entre o Império Romano e o cristianismo. Muitos estudiosos interpretam essa figura como uma referência direta ao Império Romano, simbolizando sua opressão, idolatria e, mais importantemente, sua união com a religião para garantir sua perpetuação.
A mulher sentada sobre a besta, descrita no livro, não só representa a corrupção do poder imperial, mas também sua astúcia ao cooptar a fé cristã para seus próprios fins. Ao estabelecer uma aliança com a Igreja, Roma não apenas absorveu o cristianismo, mas transformou-o em um instrumento para continuar sua dominação, escondendo-se sob a capa de uma moralidade divina.
A imagem da "grande meretriz" não apenas reforça a crítica à opressão política, mas também à hipocrisia religiosa de um poder que se disfarça de virtuoso, enquanto perpetua a mesma lógica de controle, coerção e manipulação.
Todos os Caminhos Levam a Roma
Essa frase ganha um significado ainda mais profundo quando percebemos que, ideologicamente, Roma nunca morreu. O controle estatal, a manipulação religiosa e a perpetuação de um sistema de opressão continuam vivos sob outras formas. A Igreja Católica herdou a estrutura administrativa de Roma, enquanto o sistema jurídico romano influenciou fortemente as bases do direito ocidental.
O Estado moderno é, em muitos aspectos, a continuação do Império Romano: uma entidade que usa a força e a manipulação para se perpetuar, justificando seus atos através de dogmas que poucos ousam questionar. A religião institucionalizada, por sua vez, tornou-se uma aliada do poder, não sua adversária.
A Relação com a Nova Administração dos EUA
Nos dias atuais, a analogia com Roma não é apenas histórica, mas também política. Com a eleição de Donald Trump novamente como presidente dos EUA e o alinhamento de praticamente metade do parlamento americano com ele, bem como a parceria das grandes bigtechs nesse processo, observamos um cenário que remete ao que vimos no Império Romano. O poder político, agora mais do que nunca, está interligado com os grandes centros de controle econômico e midiático, criando uma rede de manipulação onde o discurso da "liberdade" é oferecido, mas a real autonomia é constantemente corroída. As bigtechs, com sua enorme influência na formação de opinião pública, possuem um papel fundamental no controle das narrativas, de forma similar ao papel que Roma desempenhou ao se apropriar da religião e moldá-la conforme suas conveniências.
Assim como Roma utilizou o cristianismo para justificar e perpetuar seu domínio, o cenário atual nos EUA reflete um tipo de "domesticação" de ideais populares, onde o discurso de liberdade é distorcido para servir a interesses corporativos e políticos que minam, na prática, a real autonomia e liberdade dos cidadãos.
O que Aprendemos
O que o libertário purista deveria enxergar nesse cenário é a confirmação de que o Estado, seja ele secular ou "sagrado", é a verdadeira besta a ser combatida. Não importa a máscara que vista — pagã, cristã ou qualquer outra —, sua essência permanece: controle, coerção e manipulação.
A mensagem de liberdade espiritual, tão central ao cristianismo primitivo, foi distorcida e usada contra aqueles que a seguiam. Constantino pode ser lembrado por muitos como o "salvador do cristianismo", mas, para quem compreende a dinâmica do poder, ele foi apenas mais uma pena na asa do dragão, garantindo que Roma continuasse voando sob novas bandeiras.
Que essa análise sirva de alerta: a astúcia do mal está sempre à espreita, e sua maior arma é convencer-nos de que somos livres quando, na verdade, apenas mudamos de algemas.
Portanto, reforço a importância de vigilância e discernimento. Afinal, como já dizia um velho ditado: "O maior truque do diabo foi convencer o mundo de que ele não existe." O mal prospera onde as pessoas deixam de questionar as intenções por trás do que parece justo e confiável.
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