Ainda não estou completamente recuperado do espanto diante do surto de bunda molice nossa no caso Guto x Porchat. Não apenas pela falta completa de noção estratégica de como se reagir diante de um cancelamento ( que ocorre em meio a outras tentativas), mas também pela leitura infantilizada, quase noventista, de como é o jogo político envolvendo artistas, jornalistas e outras figuras do tipo.
Percebi isso pois muita gente embarcou naquela pataquada de “cidadão comum”, “um artista”, “uma pessoa nomal” quando Porchat e toda a turma a que joga seu jogo não é nada disso — e geral já sabe desse fato faz bastante tempo. A crença quase patética numa espécie de “neutralidade” daqueles que ocupam posições na imprensa/mídia/artes parece retornar quase que ciclicamente em elementos da centro-direita, por uma razão ainda incompreensível, talvez pq tomados de um sentimento de busca de normalidade e representação num mundo que se baseia, quase que totalmente, na traição das elites para com as classes médias.
Imaginar que retornaremos a um tempo em que “artistas eram artistas” e “jornalistas noticiavam imparcialmente os fatos”, além de idealização do passado, é de uma estupidez tremenda: mais do que nunca, são estes agentes a concentrar recursos e fazer a disputa político-cultural das esquerdas, sem nenhum escrúpulo, cancelando concorrentes, criando curriolas como a máfia do dendê, fazendo cobertura como a de Daniela Lima e impondo, top down, o novo conjuntos de valores vergonhosos que devemos docemente obedecer.
Porchat é isso — um sujeito covarde, escorregadio, que fica na GNT questionando seu machismo e seu racismo igual um resto de homem, propondo questionamentos de ordem ético-exibicionistas do tipo “será que já revi meus privilégios como deveria?”, enquanto mantém financiadores (públicos e privados ) para suas iniciativas comerciais que permitem a ele se chamar de artista junto a seus amigos da zona sul do rio.
Nunca se esqueçam que este sujeito, ano passado, ousou opinar em defesa da comédia, para logo depois tomar um enquadro e jogar Léo Lins na fogueira (“antes ele do que eu”, não?) — este sim um humorista que põe o dele na reta em nome da obra que produz. Porchat, sem vergonha alguma, mudou de posição e se colocou ao lado dos canceladores, endossando, ao fim, a destruição de um colega de profissão, que pode (ainda) ser preso pelo crime de fazer piada.
Isso ajuda a garantir os contratos, o trânsito na seara correta e a permanência junto à mesma turma que está em Brasília fazendo lobby pelo PL2630, o PL da censura. É a mesma galera a mamar indiscriminadamente as leis de incentivo desta bosta de governo, que canta “sem anistia” nos shows das múmias da MPB, que fez da Petrobrás uma máquina financiadora de lixo woke. Porchat é um merda em todos os sentido, e não um “artista” que “participa da cultura comum” e te representa em seu trabalho. Ele está ali para te educar, dado que você não passa de um verme machista, racista, um animal inculto que precisa aprender a viver de acordo com as novas regras e pagar bovinamente os impostos que sustentam o mundinho dele e de seus amigos.
Porchat, assim como Daniela Lima e os milhares de participantes da grande mídia/entretenimento, JÁ TE ENXERGA COMO ADVERSÁRIO. É você quem precisa decidir se ficará passivo diante deles, acreditando que são apenas “artistas”, “jornalistas” ou “pessoas comuns”, ou se vai entender que essa desgraça de guerra cultural (que eles começaram) vai dominar sua vida por bastante tempo, gostemos ou não. Eu acho uma merda, mas fazer o quê? Vou fingir que não existe? Não tenho vocação pra ovelha e não espero que você tenha.
Ou deveria esperar?