O governo federal anunciou um “corte” de R$ 15 bilhões nos investimentos planejados para este segundo semestre, principalmente em saúde e educação. O mesmo governo expediu uma medida provisória, “dispensando” a cobrança de imposto sobre os prêmios em dinheiro que nossos medalhistas ganharam em Paris. O que os dois fatos, tão díspares, têm em comum?
Resposta simples e direta: um governo rendido ao cripto reacionarismo, com as antenas ligadas na demagogia mais rasteira. Não é necessário fazermos, aqui, juízos de valor sobre o acerto ou desacerto desta ou daquela medida. A reflexão que se impõe é outra - e bem mais profunda.
Anos atrás, ao ser alertado por políticos sobre o risco que corria por implementar certas mudanças no estado de Minnesota, o governador Tim Walz, agora escolhido como candidato a vice-presidente na chapa de Kamala Harris, respondeu: “a gente não ganha eleição para poupar capital político. A gente ganha eleição para queimar capital político e melhorar vidas”.
Esta frase, digna de ser incorporada a qualquer antologia de boa e sadia política, se encaixa como uma “antiluva” em tudo o que Lula e o PT vêm praticando há anos no Brasil.
Especialmente a partir de seu primeiro mandato, quando a oportunidade generosa dada a ele, pelo povo brasileiro, contra todo tipo de interdição ideológica e carga de preconceito era quase uma página em branco para se reescrever a história secular do conservadorismo à brasileira, e Lula, infelizmente, optou por uma conciliação traiçoeira e covarde.
Ele, como continua fazendo igualzinho agora, entregou ao baronato o coração da economia. Entregou às oligarquias políticas e à corrupção, naturalizada como linguagem, o resto do orçamento público que sobrava da pesada conta do rentismo.
Entregou ao esquerdismo infantil os espaços meramente simbólicos da agenda identitária, tal como importada dos Estados Unidos; e cuidou de anestesiar qualquer possibilidade de revolta popular com uma massiva política social compensatória.
E nisso em nome de quê? Simplesmente de preservar e tentar aumentar seu capital político pessoal - e de seu grupo - fazendo justamente o contrário da lição do governador Walz. O mero poder pelo poder. A qualquer preço, o mais vil que seja. Neste QUINTO mandato, por si ou por seus prepostos, Lula parece estar próximo de encontrar os limites cruéis desta tática ególatra.
Os limites da conciliação traiçoeira contra o povo brasileiro estão, um a um, se apresentando e se agudizando. Não há muita dúvida de que o preço será amargo. Infelizmente mais para o Brasil, se bem que Lula parece já estar enxergando o peso e o risco de suas contradições.
Um exemplo: prestes a terminar o mandato do bolsonarista Campos Neto, no Banco Central, ele, e os quatro diretores indicados por Lula - inclusive Galípolo, “celebrado” pelo mercado como novo dirigente - votaram juntos pela manutenção da exorbitante taxa de juros brasileira. Todos, obviamente, rendidos ao modelo que sacrifica e condena a vida dos brasileiros.
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